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23/03/2007 - 09h00

Jim Carrey poderia ser um ator pornô se quisesse, diz diretor de "23"

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TETÉ RIBEIRO
Colaboração para a Folha de S.Paulo, em Los Angeles

O nova-iorquino Joel Schumacher, 67, é considerado um grande descobridor de talentos. Trabalhou com Julia Roberts --antes da atriz estourar em "Uma Linda Mulher"-- em "Linha Mortal", filme em que também "descobriu" Kiefer Sutherland como um ator sério (e um ator descobriu o outro, namoraram, ficaram noivos, mas essa é outra história). Deu o primeiro papel a Brad Renfro em "O Cliente", de 1994; trouxe Colin Farrell para Hollywood em 2000, no filme "Tigerland - A Caminho da Guerra"; fez Phillip Seymour Hoffman encarnar um travesti em "Ninguém É Perfeito", de 1999.

Mas o diretor também pode botar seus atores em situações embaraçosas, como fez com George Clooney em "Batman e Robin", de 1997, em que o ator vestia uma roupa justa de couro preto com o mamilo saltado. Ficou conhecido como o "Batman gay". Seu próximo desafio é fazer Jim Carrey emplacar como ator sexy e perigoso no suspense "O Número 23", que estréia hoje no Brasil (dia 23 de março, sacou? Estreou dia 23 de fevereiro nos EUA...).

Divulgação
Jim Carrey protagoniza "Número 23"
Jim Carrey protagoniza "Número 23"
A crítica americana não foi nada simpática ao filme, mas acenou uma mão amiga ao trabalho do ator, que mergulha de cabeça nos dois personagens do filme, ambos obcecados com o número. "Eu acho tudo isso uma bobagem", disse o diretor à Folha em Los Angeles. "Mas sei que a obsessão é uma arma poderosa, e que todo mundo tem uma, nem que seja a obsessão de ser normal".

Leia os melhores trechos da entrevista exclusiva com o diretor:

Folha - O que fez você querer se envolver com esse filme?

Joel Schumacher - Li esse roteiro há sete anos e gostei muito. Foi escrito por um iniciante inglês chamado Fernley Phillips. Liguei para ele para saber que história era essa do número e ele me disse para dar um google que eu ia entender tudo. E é ridículo, tem zilhões de sites, é uma obsessão que existe há anos. Mas muda de lugar para lugar. No Japão, o número que faz as pessoas atribuírem significados é o 4, na China é 888. E nós temos vários, o 7, o 13, o 666.

Folha - Esse é o primeiro filme em que Jim Carrey faz uma cena de sexo a sério. Não ficou com medo de ser estranho para o público vê-lo como um homem sexy?

Joel Schumacher - Eu sempre o achei muito sexy. Ele é bonito, não de um jeito convencional, mas tem um corpo ótimo e eu o conheço muito bem, sei como ele pode ser sexy e sedutor. Ele ama as mulheres, vira um escravo quando está apaixonado. Não tive medo nenhum. Ele ficou nervoso, mas eu sabia que ele ia gostar de mostrar esse lado para o público, e acredito que as pessoas vão se impressionar com a entrega dele nesse filme.

Folha - Quer dizer que não foi difícil fazer a cena?

Joel Schumacher - Nem um pouco. A gente se preparou, deixou o set com o mínimo de pessoas possível, mas, assim que ele chegou, já deu para perceber que não seria um desafio. Ele estava tomado, acho que podia ser um ator pornô, se quisesse (risos). Ele tem muito sex-appeal.

Folha - Você tem o crédito de ter descoberto ou dado grandes papéis para atores como Colin Farrell, Julia Roberts, Brad Renfro, Kiefer Sutherland, Phillip Seymour Hoffman e Nicolas Cage. Qual o truque?

Joel Schumacher - Todos são grandes atores, e tive sorte de trabalhar com eles enquanto ainda eram jovens e não ganhavam uma fortuna (risos). Mas só fiz o meu trabalho, então agradeço quando dizem que os atores foram bem escolhidos e bem dirigidos, mas nenhum deles precisaria de mim para nada. Alguns papéis demandam os seus atores. Acabou de acontecer com a Helen Mirren. Ela trabalha há anos, todo mundo já a viu em algum filme, e só agora ela virou uma estrela.

Folha - E sobre você ter transformado George Clooney no Batman gay?

Joel Schumacher - (risos) Eu não sabia que o filme ia ser considerado gay, juro que não fiz de propósito. Mas as pessoas sempre disseram que o Batman e o Robin eram gays, desde os anos 50. Eles moram em uma caverna, usam roupas de couro, só podem ser gay. Disseram isso também do meu primeiro Batman, com o Val Kilmer, mas não com tanta ênfase. Obviamente não era o que eu queria para o filme, cheguei até a me desculpar com os fãs que ficaram aborrecidos, mas tanto eu quanto o George Clooney rimos muito quando nos encontramos por causa disso. Ele é muito maior do que aquele filme, e acredito que eu também.

Folha - Você é supersticioso?

Joel Schumacher - Não, nem um pouco. Mas respeito, a superstição é a maior religião que existe. Não é organizada e ninguém se beneficia com isso, o que é uma coisa boa. Mas todo o mundo tem uma coisinha ou outra. Pensando bem eu tenho, sim. É uma bobagem, mas acho que se não lavar o cabelo todos as manhãs enquanto estou fazendo um filme, alguma coisa ruim acontece. Começou em 1988, quando eu dirigi "Um Toque de Infidelidade". Um dia, não consegui lavar o cabelo e tanto a Sean Young quanto a Isabella Rossellini não puderam trabalhar porque as cenas eram externas e não parou de chover.

Folha - Você sabia que o Jim Carrey era obcecado pelo número 23?
Joel Schumacher - Não tinha idéia. Eu o conheço há muitos anos, antes de ele começar a trabalhar como ator. Ele fez teste para um filme meu em 1983 chamado "D.C. Cab". Ele era muito novo, já era genial, mas eu não tinha nenhum papel para ele. Depois eu o convidei para fazer "Batman Eternamente", e ficamos amigos de verdade. Mas aí ele ficou muito caro e eu nunca mais consegui trabalhar com ele (risos).

Folha - Como conseguiu nesse filme?

Joel Schumacher - Eu pensei nele imediatamente, mas o estúdio me fez desistir porque não queria pagar o cachê de nenhuma grande estrela. Fiz teste com outros atores, não gostei de nenhum, então deixei o filme de lado e fui dirigir "Por Um Fio", depois "Veronica Guerin - O Custo da Coragem". Aí, um dia, o Jim Carrey me ligou e disse que tinha lido o roteiro, queria fazer e faria por qualquer dinheiro. A obsessão dele serviu pelo menos para isso (risos).

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