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26/03/2007
-
04h00
ALFREDO FEIERABEND
da Folha de S.Paulo
A banda de hardcore norte-americana Pennywise se apresenta em São Paulo na próxima sexta-feira, com abertura da banda Inocentes. Antes, faz dois shows em Porto Alegre (amanhã) e Curitiba (quinta-feira). Eles seguem para o Rio de Janeiro, onde fazem show no sábado.
Leia entrevista exclusiva para o Folhateen, concedida por telefone pelo vocalista do Pennywise, Jim Lindberg.
Folhateen - Como estão os preparativos para a banda vir para o Brasil?
Jim Lindberg - Só quero surfar. Então, estou feliz. Gosto de surfar sempre que posso. É sempre bom ir para a água e relaxar um pouco.
Folhateen - Você já sabe onde vai surfar aqui?
Lindberg - Tenho uns amigos em São Paulo que vão me levar para umas praias secretas. É sempre legal surfar enquanto estamos em turnê, por isso tento escolher lugares que são próximos ao mar.
Folhateen - Vocês já sabem quais músicas devem tocar nos shows no Brasil? Planejam as coisas antes de uma turnê?
Lindberg - Nós nunca sabemos ao certo o que tocamos. Geralmente tocamos duas ou três músicas de cada álbum nosso. Chegamos a um acordo na banda: não importa qual álbum você goste mais, você vai ouvir alguma coisa dele. Mas nossos shows são realmente sem compromisso. Subimos no palco, tomamos algumas cervejas e esperamos nos divertir.
Folhateen - No site oficial de vocês está escrito que farão shows em "lovely Brazil". O que acham do país?
Lindberg - Acho um país muito bonito. Nós já estivemos aí para alguns shows e será ótimo voltar e conhecer mais lugares. Sei que desta vez vamos a mais lugares. Fizemos bons amigos da última vez e estamos ansiosos para voltar.
Folhateen - Quando vocês começaram a tocar, em que bandas se espelhavam? E hoje em dia, o que vocês têm ouvido?
Lindberg - Eu cresci ouvindo Black Flag, Circle Jerks e Descendents. Basicamente bandas punk do sul da Califórnia. Depois passei a ouvir muito 7 Seconds e Minor Threat, ainda Bad Religion com sua abordagem mais social e política. Tentamos juntar nossas influências e transformar isso que acabou virando o que hoje é o Pennywise. Hoje gosto muito de Rise Against e uma banda que chama Strike Anywhere que gosto muito. Tem uma outra banda chamada Alkaline Trio. Tem muitos grupos hoje em dia e é difícil dizer qual ouço mais.
Folhateen - E essas bandas do chamado emocore, como Simple Plan e Jimmy Eat World?
Lindberg - Humm. Eu entendo que este tipo de música veio na esteira do skate-punk. É um pouco mais pop. É bom para os garotos ouvirem este tipo de música, mas eu prefiro mais o hardcore. Mas entendo que os adolescentes gostem.
Folhateen - E você tem filhos, Jim?
Lindberg - Tenho três. Eu era muito contra essas músicas, mas hoje eu entendo o porquê de alguns garotos gostarem. São músicas que dão diversão para eles. Entendo hoje que as pessoas às vezes não querem músicas com mensagens, elas só querem ser entretidas.
Folhateen - Vocês participaram de álbuns de tributo ao Sublime e ao Misfits, por exemplo. O que significa participar desses tributos?
Lindberg - É um tributo, realmente. Esses dois grupos eu gosto muito. E esses dois grupos eu ouvia e ouvia. O Sublime quando apareceu num verão acabou sendo daqueles grupos que todo mundo deixou o CD o ano todo tocando. É uma grande banda. O mesmo com o Misfits. Se você não souber o que ouvir, ponha um desses dois grupos e você estará preparado para o que vier. São dois exemplos de bandas que nunca ficam velhas e mantêm um estilo. Quando convidaram a gente não houve hesitação de nossa parte.
Folhateen - Como é a relação entre as bandas de hardcore?
Lindberg - Penso que na cena punk em geral as pessoas não têm uma atitude de rockstars, olhando as pessoas dos pés à cabeça. Em alguns tipos de rock, todos competem uns contra os outros para ver quem vende mais discos ou quem tem o show maior. Isso não é importante para nós, que é se divertir, tocar e fazer bons shows. Na cena punk você tem um real senso de amizade entre as bandas. E as que agem como se estivessem acima disso ou se acham melhor que os outros não duram na cena. Algumas bandas chegaram e agiam como se fossem ser estrelas de rock um dia. Essas bandas nem estão mais tocando.
Folhateen - Vocês estão preparando um novo álbum? Como será? Vocês vão tocar alguma música desse álbum nos shows por aqui?
Lindberg - Não queria. Temos que ficar mais juntos e praticar antes. Estamos todos empenhados neste disco. Do que tenho ouvido, acho que vamos dar uns passos atrás nesta gravação e tentar chegar a um som parecido com o álbum "Full Circle". Fletcher e eu estamos escrevendo coisas assim, que é mais rápido e mais cru. Acho que experimentamos talvez demais nos últimos álbuns e queremos voltar um pouco atrás. Tenho quase certeza de que os fãs do Pennywise querem ouvir o som que eles cresceram ouvindo.
Folhateen - Vocês doam parte da renda do Pennywise para organizações sem fins lucrativos, como a Surfrider Foundation. Para quais outras organizações vocês fazem doações??
Lindberg - Nossa principal doação é para a Surfrider Foundation. Eu cresci surfando. Eles agora me colocaram como diretor de um evento de surfe em Huntington Beach. Estou muito orgulhoso e acho que com isso posso dar de volta alguma coisa para um esporte que me deu tanto durante toda a minha vida. E as coisas estão realmente mudando aqui na baía de Santa Monica, em Los Angeles. A água está mais clara do que jamais esteve. Dá para ver golfinhos lá. Teve uma época no final dos anos 80 e começo dos anos 90 que a água estava realmente muito suja.
Folhateen - Algumas letras de vocês são politizadas e fala dos problemas sociais. Li em uma entrevista com o baterista Byron que ele esteve no Iraque. Como vocês exergam a participação dos EUA na guerra contra o terror no Iraque?
Lindberg - É uma situação difícil. Obviamente sou antiguerra. Ao mesmo tempo entendo que depois dos ataques de 11 de setembro parte do governo dos Estados Unidos se concentraram em achar quem foi o responsável. Achar os terroristas e trazer eles para a Justiça. Mas se ir até o Iraque foi a coisa certa, não tenho tanta certeza. Sempre acho que pode haver uma solução diplomática e outras vezes acho que tudo se resume ao petróleo que existe lá.
Folhateen - Li numa entrevista que você lê filosofia, até existencialistas franceses. Como isso ajuda você a compor?
Lindberg - Tentamos escrever músicas sobre as experiências humanas. Ler diferentes tipos de literatura ajuda a entender do que se trata a vida e como aceitar as coisas que vemos hoje em dia, o que no final das contas é do que tratamos nas nossas músicas. Como nós ou você, como pessoa, lê as notícias nos jornais ou olha pela janela e vê os mais diferentes tipos de injustiça que acontece todos os dias!
Folhateen - A banda em 1996 perdeu o baixista Jason Thirsk, que morreu. Hoje em dia, como vocês enxergam as drogas e a juventude que quer um dia experimentar drogas?
Lindberg - Só posso dizer, por experiência, que vi muito de meus amigos morrerem por abusar de drogas, perderem seus futuros por problemas com drogas. É difícil porque nós da banda gostamos de tomar umas cervejas, mas o problema é que grande percentual da população tem problemas com o vício. É uma coisa perigosa, principalmente para os jovens, então a única coisa que posso dizer é: se divirtam, mas também tem que ter responsabilidade, que é o que nós procuramos fazer.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre o Pennywise
Pennywise vem ao Brasil para surfar e fazer protesto; leia entrevista
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da Folha de S.Paulo
A banda de hardcore norte-americana Pennywise se apresenta em São Paulo na próxima sexta-feira, com abertura da banda Inocentes. Antes, faz dois shows em Porto Alegre (amanhã) e Curitiba (quinta-feira). Eles seguem para o Rio de Janeiro, onde fazem show no sábado.
Leia entrevista exclusiva para o Folhateen, concedida por telefone pelo vocalista do Pennywise, Jim Lindberg.
Folhateen - Como estão os preparativos para a banda vir para o Brasil?
Jim Lindberg - Só quero surfar. Então, estou feliz. Gosto de surfar sempre que posso. É sempre bom ir para a água e relaxar um pouco.
Folhateen - Você já sabe onde vai surfar aqui?
Divulgação |
Integrantes da banda Pennywise, que vêm ao Brasil nesta semana |
Folhateen - Vocês já sabem quais músicas devem tocar nos shows no Brasil? Planejam as coisas antes de uma turnê?
Lindberg - Nós nunca sabemos ao certo o que tocamos. Geralmente tocamos duas ou três músicas de cada álbum nosso. Chegamos a um acordo na banda: não importa qual álbum você goste mais, você vai ouvir alguma coisa dele. Mas nossos shows são realmente sem compromisso. Subimos no palco, tomamos algumas cervejas e esperamos nos divertir.
Folhateen - No site oficial de vocês está escrito que farão shows em "lovely Brazil". O que acham do país?
Lindberg - Acho um país muito bonito. Nós já estivemos aí para alguns shows e será ótimo voltar e conhecer mais lugares. Sei que desta vez vamos a mais lugares. Fizemos bons amigos da última vez e estamos ansiosos para voltar.
Folhateen - Quando vocês começaram a tocar, em que bandas se espelhavam? E hoje em dia, o que vocês têm ouvido?
Lindberg - Eu cresci ouvindo Black Flag, Circle Jerks e Descendents. Basicamente bandas punk do sul da Califórnia. Depois passei a ouvir muito 7 Seconds e Minor Threat, ainda Bad Religion com sua abordagem mais social e política. Tentamos juntar nossas influências e transformar isso que acabou virando o que hoje é o Pennywise. Hoje gosto muito de Rise Against e uma banda que chama Strike Anywhere que gosto muito. Tem uma outra banda chamada Alkaline Trio. Tem muitos grupos hoje em dia e é difícil dizer qual ouço mais.
Folhateen - E essas bandas do chamado emocore, como Simple Plan e Jimmy Eat World?
Lindberg - Humm. Eu entendo que este tipo de música veio na esteira do skate-punk. É um pouco mais pop. É bom para os garotos ouvirem este tipo de música, mas eu prefiro mais o hardcore. Mas entendo que os adolescentes gostem.
Folhateen - E você tem filhos, Jim?
Lindberg - Tenho três. Eu era muito contra essas músicas, mas hoje eu entendo o porquê de alguns garotos gostarem. São músicas que dão diversão para eles. Entendo hoje que as pessoas às vezes não querem músicas com mensagens, elas só querem ser entretidas.
Folhateen - Vocês participaram de álbuns de tributo ao Sublime e ao Misfits, por exemplo. O que significa participar desses tributos?
Lindberg - É um tributo, realmente. Esses dois grupos eu gosto muito. E esses dois grupos eu ouvia e ouvia. O Sublime quando apareceu num verão acabou sendo daqueles grupos que todo mundo deixou o CD o ano todo tocando. É uma grande banda. O mesmo com o Misfits. Se você não souber o que ouvir, ponha um desses dois grupos e você estará preparado para o que vier. São dois exemplos de bandas que nunca ficam velhas e mantêm um estilo. Quando convidaram a gente não houve hesitação de nossa parte.
Folhateen - Como é a relação entre as bandas de hardcore?
Lindberg - Penso que na cena punk em geral as pessoas não têm uma atitude de rockstars, olhando as pessoas dos pés à cabeça. Em alguns tipos de rock, todos competem uns contra os outros para ver quem vende mais discos ou quem tem o show maior. Isso não é importante para nós, que é se divertir, tocar e fazer bons shows. Na cena punk você tem um real senso de amizade entre as bandas. E as que agem como se estivessem acima disso ou se acham melhor que os outros não duram na cena. Algumas bandas chegaram e agiam como se fossem ser estrelas de rock um dia. Essas bandas nem estão mais tocando.
Folhateen - Vocês estão preparando um novo álbum? Como será? Vocês vão tocar alguma música desse álbum nos shows por aqui?
Lindberg - Não queria. Temos que ficar mais juntos e praticar antes. Estamos todos empenhados neste disco. Do que tenho ouvido, acho que vamos dar uns passos atrás nesta gravação e tentar chegar a um som parecido com o álbum "Full Circle". Fletcher e eu estamos escrevendo coisas assim, que é mais rápido e mais cru. Acho que experimentamos talvez demais nos últimos álbuns e queremos voltar um pouco atrás. Tenho quase certeza de que os fãs do Pennywise querem ouvir o som que eles cresceram ouvindo.
Folhateen - Vocês doam parte da renda do Pennywise para organizações sem fins lucrativos, como a Surfrider Foundation. Para quais outras organizações vocês fazem doações??
Lindberg - Nossa principal doação é para a Surfrider Foundation. Eu cresci surfando. Eles agora me colocaram como diretor de um evento de surfe em Huntington Beach. Estou muito orgulhoso e acho que com isso posso dar de volta alguma coisa para um esporte que me deu tanto durante toda a minha vida. E as coisas estão realmente mudando aqui na baía de Santa Monica, em Los Angeles. A água está mais clara do que jamais esteve. Dá para ver golfinhos lá. Teve uma época no final dos anos 80 e começo dos anos 90 que a água estava realmente muito suja.
Folhateen - Algumas letras de vocês são politizadas e fala dos problemas sociais. Li em uma entrevista com o baterista Byron que ele esteve no Iraque. Como vocês exergam a participação dos EUA na guerra contra o terror no Iraque?
Lindberg - É uma situação difícil. Obviamente sou antiguerra. Ao mesmo tempo entendo que depois dos ataques de 11 de setembro parte do governo dos Estados Unidos se concentraram em achar quem foi o responsável. Achar os terroristas e trazer eles para a Justiça. Mas se ir até o Iraque foi a coisa certa, não tenho tanta certeza. Sempre acho que pode haver uma solução diplomática e outras vezes acho que tudo se resume ao petróleo que existe lá.
Folhateen - Li numa entrevista que você lê filosofia, até existencialistas franceses. Como isso ajuda você a compor?
Lindberg - Tentamos escrever músicas sobre as experiências humanas. Ler diferentes tipos de literatura ajuda a entender do que se trata a vida e como aceitar as coisas que vemos hoje em dia, o que no final das contas é do que tratamos nas nossas músicas. Como nós ou você, como pessoa, lê as notícias nos jornais ou olha pela janela e vê os mais diferentes tipos de injustiça que acontece todos os dias!
Folhateen - A banda em 1996 perdeu o baixista Jason Thirsk, que morreu. Hoje em dia, como vocês enxergam as drogas e a juventude que quer um dia experimentar drogas?
Lindberg - Só posso dizer, por experiência, que vi muito de meus amigos morrerem por abusar de drogas, perderem seus futuros por problemas com drogas. É difícil porque nós da banda gostamos de tomar umas cervejas, mas o problema é que grande percentual da população tem problemas com o vício. É uma coisa perigosa, principalmente para os jovens, então a única coisa que posso dizer é: se divirtam, mas também tem que ter responsabilidade, que é o que nós procuramos fazer.
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