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25/11/2000
-
05h24
VALÉRIA DE OLIVEIRA e FERNANDA DA ESCÓSSIA, da Folha de S.Paulo
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Jayme Chemello, disse ontem esperar "que o presidente Fernando Henrique Cardoso não se deixe cooptar por um prato de comida".
Ele fez a afirmação ao responder se achava que a TV Globo queria agradar o governo e evitar mudanças na programação das novelas. Dom Jayme se referia ao almoço do qual FHC participou anteontem, em Brasília, com atores da novela "Laços de Família" e representantes da TV Globo.
Ao deixar o encontro de anteontem, o ministro da Justiça, José Gregori, criticou a decisão da Justiça de proibir a participação de menores no elenco da novela, classificando-a de "enérgica".
Dom Jayme citou a história de Esaú e Jacó. Esaú, filho mais velho de Isaac, vendeu, de acordo com a Bíblia, seu direito de sucessão na direção do clã a Jacó, por um prato de ensopado. "Um prato de comida, às vezes, atrapalha a gente", declarou dom Jayme.
Em nota à imprensa, a CNBB afirma que "a televisão não pode levar para dentro dos lares o sexo explícito, o linguajar abusivo, a degradação das formas de convivência familiar".
Para a CNBB, "explorar tais imagens não é exercício de liberdade democrática, mas manifestação de autoritarismo dos meios de comunicação e desrespeito das empresas que patrocinam esses programas".
A CNBB defende a criação do conselho de comunicação social, como previsto na Constituição. Essa, segundo a entidade, é uma forma de "avançar no processo de democratização dos meios de comunicação".
O ministro José Gregori disse ontem no Rio que o Brasil "não quer censura, mas também não quer porcariada" na televisão.
Na avaliação dele, a polêmica atual sobre as restrições da Justiça à "Laços de Família" poderia ter sido evitada com um entendimento prévio sobre a auto-regulamentação.
"Foi uma pena que os donos das televisões não tenham compreendido o meu
esforço e a minha paciência beneditina, batendo de porta em porta, para conseguir a auto-regulamentação. Ficou evidente que o Brasil não quer censura, mas também não quer porcariada na televisão."
Ele afirmou que o ministério irá defender no Superior Tribunal de Justiça a portaria 796, que estabelece a classificação indicativa para programas de TV e está sendo questionada pelas emissoras.
Contrariando comentário feito anteontem pela atriz Vera Fischer, na saída do almoço com o presidente da República, a primeira-dama Ruth Cardoso afirmou que não vê "Laços de Família". "Não tenho muito tempo".
CNBB pede que FHC não se deixe cooptar
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O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Jayme Chemello, disse ontem esperar "que o presidente Fernando Henrique Cardoso não se deixe cooptar por um prato de comida".
Ele fez a afirmação ao responder se achava que a TV Globo queria agradar o governo e evitar mudanças na programação das novelas. Dom Jayme se referia ao almoço do qual FHC participou anteontem, em Brasília, com atores da novela "Laços de Família" e representantes da TV Globo.
Ao deixar o encontro de anteontem, o ministro da Justiça, José Gregori, criticou a decisão da Justiça de proibir a participação de menores no elenco da novela, classificando-a de "enérgica".
Dom Jayme citou a história de Esaú e Jacó. Esaú, filho mais velho de Isaac, vendeu, de acordo com a Bíblia, seu direito de sucessão na direção do clã a Jacó, por um prato de ensopado. "Um prato de comida, às vezes, atrapalha a gente", declarou dom Jayme.
Em nota à imprensa, a CNBB afirma que "a televisão não pode levar para dentro dos lares o sexo explícito, o linguajar abusivo, a degradação das formas de convivência familiar".
Para a CNBB, "explorar tais imagens não é exercício de liberdade democrática, mas manifestação de autoritarismo dos meios de comunicação e desrespeito das empresas que patrocinam esses programas".
A CNBB defende a criação do conselho de comunicação social, como previsto na Constituição. Essa, segundo a entidade, é uma forma de "avançar no processo de democratização dos meios de comunicação".
O ministro José Gregori disse ontem no Rio que o Brasil "não quer censura, mas também não quer porcariada" na televisão.
Na avaliação dele, a polêmica atual sobre as restrições da Justiça à "Laços de Família" poderia ter sido evitada com um entendimento prévio sobre a auto-regulamentação.
"Foi uma pena que os donos das televisões não tenham compreendido o meu
esforço e a minha paciência beneditina, batendo de porta em porta, para conseguir a auto-regulamentação. Ficou evidente que o Brasil não quer censura, mas também não quer porcariada na televisão."
Ele afirmou que o ministério irá defender no Superior Tribunal de Justiça a portaria 796, que estabelece a classificação indicativa para programas de TV e está sendo questionada pelas emissoras.
Contrariando comentário feito anteontem pela atriz Vera Fischer, na saída do almoço com o presidente da República, a primeira-dama Ruth Cardoso afirmou que não vê "Laços de Família". "Não tenho muito tempo".
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