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26/11/2000 - 20h48

Análise: Será que o chororô alheio põe fim à violência e ao sexo na TV?

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MARCELO BARTOLOMEI
Coordenador de Ilustrada da Folha Online

Ao mesmo tempo em que a maior emissora de televisão brasileira dedicava seu nobre e caro espaço neste domingo (26) à exploração da intimidade com a volta de Roberto Carlos, no "Domingão do Faustão", da Rede Globo, sua principal concorrente, o SBT, mostrava no "Domingo Legal", do apresentador Gugu Liberato, a história de uma ex-viciada em crack que perdeu uma filha com leucemia e foi presa por tráfico.

Foi chororô para todo lado: se zapeava para a Globo, lá estava Roberto Carlos ainda abalado com a morte da mulher, e se zapeava para o SBT, a moça de 26 anos borrava a maquiagem com suas lágrimas.

A volta de Roberto Carlos aos palcos depois da morte de sua mulher Maria Rita, ocorrida em dezembro do ano passado em razão de câncer, foi a principal cartada da Globo para manter no ar o programa do apresentador Fausto Silva, que vem perdendo em audiência para Gugu sucessivamente aos domingos.

Sem Roberto Carlos, Gugu apostou na mesma fórmula e, durante o período em que o cantor estava na Globo, mostrou a história de vida da ex-viciada e a levou ao palco, emocionada, para um depoimento ao vivo.

A Globo dividiu em dois momentos a apresentação de Roberto Carlos, que ali estava para divulgar seu novo CD, que será lançado no próximo dia 30. Gugu apresentou de uma vez só a história da moça, que, ao sair chorando do palco, foi levada direto para um carro da PM e de lá seguiria para o presídio feminino de Votorantim, de onde saiu para participar do quadro "Um Dia de Princesa", com o cantor Netinho, do Negritude Jr.

O "rei", que revelou no ar não estar preparado ainda para enfrentar o trabalho, chorou pra valer na hora em que Fausto Silva lhe incitou a se lembrar dos momentos que viveu com sua mulher. "Maria Rita nasceu para mim e eu para ela", disse Roberto Carlos, que, mesmo tentando se segurar, deixou rolarem lágrimas dos olhos. Ficou nítido o que a Globo quis: emocionar e ganhar, com isso, mais audiência, explorando a história de vida do cantor, que, com suas próprias palavras, repreendeu Faustão com um "Você tinha que me fazer chorar?".Mas

A busca pela maior audiência revela que vale tudo na TV: do sushi humano (apresentado no "Faustão" há alguns anos), da prova da banheira e das desconfortáveis "pegadinhas" e "videocassetadas", neste momento vemos um redirecionamento para a fé, para uma lição de vida, para uma mensagem contra as drogas e para uma história de amor.

Mas será que as emissoras não resolveram mesmo deixar de lado a baixaria dominical, ameaçadas também pela portaria 796, do Ministério da Justiça, que reclassifica por faixa de idade as atrações de acordo com sua programação? Não se deixe enganar, caro leitor. A briga é pela audiência, é para prender quem estava na sala ou no quarto, e a função primordial da TV, que é educar e informar e está anotada nos contratos de concessão do governo, continua mergulhada no profundo ostracismo.

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