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28/11/2000 - 04h11

"Bicho de 7 Cabeças" é favorito em Brasília

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JOSÉ GERALDO COUTO
da Folha de S.Paulo

O 33º Festival de Cinema de Brasília termina hoje à noite, quando serão divulgados os premiados. "Bicho de 7 Cabeças", de Laís Bodanzky, é o favorito aos prêmios do público e da crítica. Quanto ao júri oficial, sua decisão é imprevisível.

A exibição de "Bicho", anteontem à noite, foi uma autêntica consagração. O público do Cine Brasília aplaudiu de pé por vários minutos ao final da projeção.

O curioso é que, quando a equipe do filme subiu ao palco, antes da sessão, esboçou-se na platéia uma vaia ao ator Rodrigo Santoro, que até abriu mão do discurso para não piorar o ambiente.

A consistente atuação de Santoro, no papel de um jovem internado num hospício pelo pai por causa de um cigarro de maconha, acabou calando os que o consideravam um mero "galãzinho da Globo". Se ganhar o Candango de ator, não será surpresa.

Não é difícil entender o impacto de "Bicho de 7 Cabeças". O filme, baseado no livro autobiográfico "Canto dos Malditos", de Austregésilo Carrano (que também subiu ao palco), é construído como um pesadelo kafkiano que parte da realidade mais banal para chegar às raias do horror.

Não há quem não se identifique com o drama do protagonista e não se revolte contra a intolerância que quase o inutilizou para a vida. Com uma poderosa trilha sonora de André Abujamra e canções de Arnaldo Antunes e Geraldo Azevedo, o filme atinge sobretudo os jovens libertários de hoje e de ontem.

Mas "Bicho de 7 Cabeças" tem concorrentes respeitáveis, cada um com seus trunfos e fraquezas.

"Tônica Dominante", de Lina Chamie, sofisticada ode à música e à arte, seria a opção mais corajosa e radical do júri. Mas este pode optar também por "Brava Gente Brasileira", por seu olhar feminino e original sobre o contato entre brancos e índios na colonização do Brasil.

O filme de Lúcia Murat tem contra si uma certa confusão do roteiro em
certas passagens, em que se perde um pouco a localização temporal e espacial.

Outro competidor de peso, entre os longas, é "Latitude Zero", de Toni Venturi.

O grande mérito do filme está na construção de um espaço dramático próprio, em que a terra desolada pelo garimpo dialoga com a devastação interior dos personagens.

Débora Duboc, protagonista de "Latitude Zero", é forte candidata ao Candango de melhor atriz por seu desempenho arriscado, que aposta num aparente "overacting" teatral para conferir uma dimensão trágica ao personagem.

Outra candidata ao prêmio é a jovem Luciana Rigueira, que se sai muito bem da difícil missão de interpretar uma índia guaicuru em "Brava Gente Brasileira".

Mas, a julgar pelo que já aconteceu em edições passadas do festival, o júri pode até optar diplomaticamente por premiar Maria Zilda, atriz e produtora de "Minha Vida em Suas Mãos", dirigido por José Antonio Garcia.

Filme voltado assumidamente para o mercado, "Minha Vida" começa como um ágil e algo cartunesco policial urbano, evolui para uma espécie de "Ata-me" carioca e, da metade para o fim, descamba para uma história de amor tão estapafúrdia que chega a parecer gozação.

Sucesso dos curtas
Entre os curtas, predominaram este ano as comédias. Algumas delas quase fizeram vir abaixo o Cine Brasília: a animação pornográfica "Alma em Chamas", de Arnaldo Galvão, a crônica surrealista "A Sintomática Narrativa de Constantino", de Carlos Dowling, e sobretudo "Sinistro", de René Sampaio.

Os curtas mais criativos, para variar, vêm do Sul: o engenhoso ensaio metalinguístico "O Sanduíche", de Jorge Furtado, e o "tour de force" "Outros", de Gustavo Spolidoro, ousado plano-sequência numa avenida central de Porto Alegre.

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