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17/05/2007 - 10h39

Comentário: "Volta" traz Björk em bola de neve de referências

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FABIO RIGOBELO
da Folha Online

Björk está de volta. E talvez ela nem saiba que "Volta", título de seu 6º disco de estúdio (excluindo duas trilhas sonoras para filmes), tem um significado pertinente em português, neste caso.

O disco foi lançado na Europa, Estados Unidos e Japão no dia 7 de maio, e deve chegar às lojas brasileiras no dia 18. Muito já se falou sobre a colaboração do "produtor do momento" norte-americano Timbaland. Boatos deram conta até de classificar o trabalho como "o disco de hip hop da Björk". Mas quem acompanha o trabalho da cantora soube, ao ler coisas do tipo, que se tratava de pura besteira.

O álbum pode ser entendido como uma bola de neve, uma junção de elementos marcantes presentes nos discos da cantora desde seu primeiro trabalho solo ("Debut", 1994).

Reprodução
Capa de "Volta", da cantora islandesa Björk
Capa de "Volta", da cantora islandesa Björk
Uma "sinfonia de navios", com seus graves apitos ressoando, pode ser ouvida no final de "Earth Intruders", a primeira faixa do disco. Logo em seguida começa "Wanderlust", cuja primeira frase diz: "I am leaving this harbour / Giving urban a farewell" (Estou deixando este porto / Dando um adeus ao urbano), em mais uma imagem que remete ao mar (Björk nasceu na "ilha" Islândia).

Somos então, com a ajuda dos metais, transportados à melancólica "Anchor Song", do álbum "Debut". A relação com a terra em que vive, os conflitos de uma vida repleta de mudanças geográficas e a necessidade de se estabelecer em algum lugar são temas sempre presentes nas letras da cantora.

Em "Homogenic" (1997), o disco começava com "Hunter", uma espécie de marcha eletrônica, com toques de suspense e letra cheia de ameaças feitas por uma Björk "caçadora". Aqui, a primeira música é "Earth Intruders", também uma marcha, mas desta vez mais nervosa e pesada, onde as ameaças somos nós mesmos, os "invasores da Terra".

Participações e ausências

Para acompanhar isso tudo, além dos "beats" de Timbaland, a percussão pungente do grupo Konono Nº 1, do Congo, feita a partir de objetos encontrados no lixo, como pedaços de carros.

Os metais dramáticos e cinematográficos já presentes na trilha sonora de "Drawing Restraint 9" (2005), "filme-arte" do marido da cantora, Matthew Barney, também reaparecem em "Volta", em faixas como "Wanderlust" (cujos "beats" secos lembram os de "Homogenic") e "Vertebrae by Vertebrae".

Björk, desta vez, dispensou o coral formado por moças-esquimós "encontradas" na Groenlândia presente em "Vespertine" (2001) e deu lugar a um naipe de metais completo, também formado por mulheres (desta vez loiras e islandesas).

Frank Franklin II/AP
Bjork retorna em seu 6º disco de estúdio
Bjork retorna em seu 6º disco de estúdio
("Drawing Restraint 9" será exibido pela primeira vez no Brasil no dia 19 de maio, durante o festival "Resfest", em São Paulo.)

E atenção às duas canções com participação do cantor Antony, da banda Antony & The Johnsons, de Nova York. "Dull Flame of Desire" e "My Juvenile" são duetos, raridades na carreira da cantora, mas aqui totalmente compreensíveis: a voz de Antony é fantástica e emocionada. E visualmente o cantor é tão ou mais "excêntrico" que Björk. Fica fácil entender o convite.

Referências

E a lista de referências continua. Instrumentos de corda típicos da China e Japão, barulhos de água e de chuva, uma guitarra irritada em "Declare Independence" (à qual logo se junta uma batida suja e rápida, lembrando a "sujeira" de "Pluto", presente em "Homogenic"). A bola de neve só aumenta. Björk sabe o que faz e não renega o passado: pelo contrário, volta a ele constantemente, renovando e reciclando, simultaneamente.

Atualmente em turnê pelos Estados Unidos, outra característica importante em sua trajetória continua: o cuidado dado à sua imagem, desde a escolha dos fotógrafos, diretores, estilistas e designers até os cenários dos shows. Seu "dedo" é aparente em tudo o que faz, ao mesmo tempo dando o toque pessoal e apontando as direções. O design da capa e do encarte ficaram, mais uma vez, a cargo dos franceses do "m/m (paris)".

O primeiro clipe, "Earth Intruders", pode ser assistido em sites como o YouTube. Nele, um exército de homens dos quais vemos apenas os vultos destroem tudo por onde passam, enquanto, no fundo, a cantora alerta: "Nós somos os invasores da Terra / Nós somos os atiradores certeiros". E não somos?

"Volta"
Artista: Björk
Gravadora: Universal
Quanto: R$ 30, em média

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