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29/11/2000
-
04h28
ANA MARIA GUARIGLIA, da Folha de S.Paulo
O fotógrafo e artista plástico Mario Cravo Neto lança hoje em São Paulo, na Fnac, "Laróyè", livro tido pelo autor como um dos mais importantes de sua carreira, iniciada nos anos 70. Também terá lançamento na Yancey Richardson Gallery, em Nova York, no dia 11 de janeiro próximo.
A palavra, grafada em português como laroiê, pertence ao vocabulário africano iorubá e é usada para saudar Exu, mensageiro dos orixás, descrito como gênio vaidoso, fálico e irascível.
Dito desse modo, pode parecer que o livro contém imagens em cores dos rituais que se desenvolvem nos terreiros de candomblé.
Na verdade, elas foram obtidas nas ruas, nas praças e nas praias da
Bahia, que se transformaram em um imenso terreiro, onde Cravo se embrenhou para saudar o povo baiano como um emissário de exu, uma ponte entre o homem comum e a entidade.
"No momento de cada foto, me considero em estado de transe de possessão, em que renascem os indivíduos supra-humanos", diz.
Cravo construiu o trabalho pontuando suas impressões sobre o cotidiano baiano. É difícil desvincular as imagens daquelas produzidas em preto-e-branco por Cravo, nos anos 90. Sobretudo as que apresentam os negros de dorso nu, carregados das simbologias afro-brasileiras.
Por outro lado, há nelas uma forte presença do etnólogo Pierre Verger (1902-1996), que fotografou os negros da África e da Bahia e estudou suas correlações étnicas. Foi também emissário entre dois mundos, tornando-se babalaô. Mas Cravo foi mais ousado que o mestre Verger. Suas imagens articulam configurações terrificantes, com a finalidade de tornar visível a entidade invisível que está sendo saudada.
Livro: Laróyè
Lançamento: hoje, às 18h
Onde: Fnac (av. Pedroso de Morais, 858, tel. 0/xx/11/3097-0022) Editora: Áries (R$ 220, 160 págs.)
Patrocinadores: Fnac, galeria Métier e Fujifilm
Mario Cravo Neto saúda Exu no cotidiano baiano
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O fotógrafo e artista plástico Mario Cravo Neto lança hoje em São Paulo, na Fnac, "Laróyè", livro tido pelo autor como um dos mais importantes de sua carreira, iniciada nos anos 70. Também terá lançamento na Yancey Richardson Gallery, em Nova York, no dia 11 de janeiro próximo.
A palavra, grafada em português como laroiê, pertence ao vocabulário africano iorubá e é usada para saudar Exu, mensageiro dos orixás, descrito como gênio vaidoso, fálico e irascível.
Dito desse modo, pode parecer que o livro contém imagens em cores dos rituais que se desenvolvem nos terreiros de candomblé.
Na verdade, elas foram obtidas nas ruas, nas praças e nas praias da
Bahia, que se transformaram em um imenso terreiro, onde Cravo se embrenhou para saudar o povo baiano como um emissário de exu, uma ponte entre o homem comum e a entidade.
"No momento de cada foto, me considero em estado de transe de possessão, em que renascem os indivíduos supra-humanos", diz.
Cravo construiu o trabalho pontuando suas impressões sobre o cotidiano baiano. É difícil desvincular as imagens daquelas produzidas em preto-e-branco por Cravo, nos anos 90. Sobretudo as que apresentam os negros de dorso nu, carregados das simbologias afro-brasileiras.
Por outro lado, há nelas uma forte presença do etnólogo Pierre Verger (1902-1996), que fotografou os negros da África e da Bahia e estudou suas correlações étnicas. Foi também emissário entre dois mundos, tornando-se babalaô. Mas Cravo foi mais ousado que o mestre Verger. Suas imagens articulam configurações terrificantes, com a finalidade de tornar visível a entidade invisível que está sendo saudada.
Livro: Laróyè
Lançamento: hoje, às 18h
Onde: Fnac (av. Pedroso de Morais, 858, tel. 0/xx/11/3097-0022) Editora: Áries (R$ 220, 160 págs.)
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