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Viúva de Litvinenko se emociona com documentário em Cannes
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da Efe, em Cannes
Marina Litvinenko, viúva do ex-espião russo Alexander Litvinenko, mostrou-se emocionada neste sábado no 60º Festival de Cannes, com a exibição do documentário sobre o assassinato de seu marido.
"A Rebelião: o Caso Litvinenko" foi dirigido pelo russo Andrei Nekrasov. O ex-espião foi morto por envenenamento com a substância radiativa polônio 210, em Londres, em novembro do ano passado.
"Estou orgulhosa de estar aqui. Não tinha visto o filme e não tinha certeza se seria capaz de vê-lo. Foi muito difícil", declarou na entrevista coletiva após a exibição do filme. "Sempre mostravam Sacha [apelido de Alexander] na Rússia como um traidor e um criminoso, coisas que nunca foi", acrescentou a viúva.
"É muito importante saber o que aconteceu em Londres em novembro", continuou Marina. "[Embora Cannes se concentre nas superestrelas e nos negócios, às vezes também é necessário ver um documentário, mesmo que seja um filme triste", defendeu.
A exibição do longa em Cannes foi anunciada somente há três dias, depois que o caso voltou a ser destaque nesta semana. A promotoria britânica pediu a Moscou que extraditasse um suspeito do assassinato, o agente russo Andrei Lugovoi.
Antes de morrer, Litvinenko acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de assassiná-lo. O governante é a figura mais entrevistada no documentário de Nekrasov, que assina a obra com Olga Konskaya.
O diretor enfatizou que o objetivo de sua obra não é apontar culpados pelo assassinato, mas "contribuir para a solução do caso, explicando o contexto e a situação".
Entre os entrevistados, além do ex-espião, estão o advogado Mikhail Trepashkin, preso na Rússia, e antigos colegas de trabalho de Litvinenko, suspeitos de envolvimento em sua morte.
Perguntado se, depois do caso de Litvinenko, teme por sua vida, Nekrasov reconheceu que "o medo é um sentimento muito humano".
"Entretanto, entre o medo e o prazer de ser você mesmo, contando a verdade, escolho a segunda opção, embora não seja um herói. Esse é o fundamento da moralidade", disse o cineasta. Ele acredita que "se Dostoievski ainda fosse vivo, seria um dissidente e estaria na prisão".
Os autores do documentário ainda não sabem se o filme poderá ser difundido na Rússia, mas Olga Konskaya destacou que receberam "centenas de e-mails" mostrando interesse nesse sentido. Por isso, pensaram na possibilidade de o colocar de graça na internet, ainda que apenas 4% dos russos tenham acesso à rede.
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