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20/05/2010 - 22h35

Brasileiros apresentam "ovni" na Quinzena de Realizadores de Cannes

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da France Presse, em Cannes

Os jovens cineastas brasileiros Felipe Bragança e Marina Meliande apresentaram nesta quinta-feira (20), em Cannes, um exuberante conto sobre a busca da juventude atual por novas referências, sem ter de recorrer aos símbolos que guiaram as gerações anteriores.

"A Alegria", um "ovni" nas palavras dos próprios selecionadores da Quinzena de Realizadores, toma a forma de uma alegoria de tom juvenil, um conto sobre a rebeldia tranquila e determinada, sobre a responsabilidade dos jovens e é, no fundo, uma reinvenção do espírito dos anos 1970 para o século 21.

Bragança e Marina, ambos de 29 anos, que dirigiram antes um musical intitulado "A Fuga da Mulher Gorila", fazem um relato estruturado em vários planos.

Dois personagens atemporais na selva, com vestimentas largas e máscaras, dão lugar a um grupo de jovens do Rio de Janeiro, e em especial Luiza, de 16 anos, farta de ouvir falar do iminente fim do mundo.

A partir daí, esse roteiro muito particular mescla a vida diária de personagens verossímeis com a de outros nem tanto.

A trama leva a jovem Luiza até o mar, atraída por uma criatura coberta de escamas e conchas, em um desenlace semelhante ao do cinema fantástico.

"Queríamos falar de uma geração que também é a nossa, da relação que podemos estabelecer com o mundo e da busca pela utopia hoje em dia por pessoas que construíram sua adolescência ou identidade depois do fim das utopias", explica Marina Meliande à AFP.

"Existe a possibilidade de construção de novas utopias, de novas formas de trabalho coletivo, de criação coletiva, de identidade urbana, que já não são nostálgicas, estão no imaginário da juventude de hoje, mas não como uma saudade, uma nostalgia do passado, e isso pode ser transformado em algo novo", comenta, por sua vez, Felipe Bragança.

"Não gostaríamos de ter vivido o passado de nossos pais, que agora estão desencantados com a possibilidade de participação política", completa Marina.

Os cineastas propõem uma ruptura global, representada em um momento do filme quando os jovens protagonistas saem às ruas com um cartaz eloquente: "Seu mundo acabou. Foda-se! Vá embora!".

"A euforia que o país está vivendo não corresponde com um momento de euforia cultural, o país é economicamente forte e culturalmente 'yuppie'", resume Bragança.

Marina vê uma falta de tomada de risco na grande produção audiovisual, que está "relacionada com a televisão e com o desejo de ser comercial, deixando pouco espaço para mostrar coisas que saiam desse grande modelo econômico e cultural".

O trabalho formal é de uma grande complexidade. "Imaginamos uma forma de narrativa muito fragmentada e toda porosa, que a todo tempo vai absorvendo referências", explica Bragança.

"Tem a ver com a identidade adolescente hoje em dia, com poder mudar de imagem continuamente, com toda a flexibilidade, e nós mesclamos a presença física e ao mesmo tempo a presença imaginária", completa Marina.

"A Alegria", concluído recentemente, faz parte da trilogia "Coração no Fogo", iniciada com seu filme musical anterior e será concluída com "Desassossego", filme coletivo experimental de dez jovens diretores brasileiros, atualmente em fase de pós-produção.

 

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