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05/01/2001 - 04h26

Para diretor, personagem é gênio

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da Folha de S.Paulo

A genialidade artística, quando manifestada demoniacamente, deixa de ser genial? Para o diretor Philip Kaufman, a resposta é um sonoro não. Ele considera que Sade -um personagem real que, para muitos, foi a encarnação do diabo manifestada em formas obscuramente sexuais- não deixa de ser um gênio.

"Contos Proibidos do Marquês de Sade", que não tem a pretensão de ser uma biografia, conta os últimos dias de vida do marquês no manicômio de Charenton, na França do final do século 18. "Mas, para que o filme seja entendido, é preciso olhar suas várias camadas", disse o diretor.

"Eu pensei que o que poderia fazer de mais subversivo", explica Doug Wright, que escreveu e adaptou a obra para o cinema, "era dar para Sade um certo senso de humor, porque elevá-lo à categoria de monstro seria deixá-lo vencer".

O roteirista -que recebeu sua primeira indicação ao Globo de Ouro por essa adaptação- diz que a originalidade do roteiro vem do fato de ele ter sido escrito com a pena que o próprio Sade teria usado para contar seus últimos dias de vida: de forma extravagantemente obscura e perversa.

O filme despertou reações fortes quando estreou nos EUA e, mesmo quando era uma peça de teatro, durante uma exibição no Canadá, uma senhora, sentindo-se ofendida e insultada, saiu e ligou para a polícia. Os policiais chegaram no segundo ato e ficaram no fundo do teatro,
assistindo a tudo.

No dia seguinte, Wright foi surpreendido pelo telefonema do chefe da polícia local. "Ele queria apenas saber se poderia ganhar alguns ingressos para levar os outros policiais e suas mulheres."

Kaufman ("A Insustentável Leveza do Ser", de 1988) acha que o grande problema do cinema de hoje é que ele perdeu sua referência trágica. "Hoje em dia, é preciso haver o final feliz ou o filme não é assimilado. O cinema, ao contrário do teatro, virou uma espécie de equação matemática."

"Normalmente me perguntam se o marquês era um pornografista tóxico, um simples maluco ou um gênio mal interpretado. Minha resposta é: "Essas características devem ser excludentes?'", diz Wright.

"Sua obra é obscuramente atraente, ultrajantemente satírica e pornográfica a níveis não digeríveis. E, por tudo isso, é absurdamente encantadora."
(ML)
 

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