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08/01/2001 - 11h32

"A Hora da Estrela", de 86, ganha 1º sucessor

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SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

"No cinema você tem três chances: quando escolhe o roteiro, quando roda e quando monta o filme", diz a diretora Suzana Amaral, 70.

Na próxima semana, Suzana começa a montagem de "Uma Vida em Segredo", lançando mão da última cartada para fazer o segundo longa-metragem de sua carreira repetir o êxito da estréia com "A Hora da Estrela", em 86.

Não era para ter sido tão extenso o intervalo entre as duas produções. "Acho que fiquei meio boba com tanta projeção para "A Hora da Estrela". Fui viajando com o filme e, quando vi, já tinham se passado cinco anos. Aí veio o fim da Embrafilme, toda aquela depressão no cinema, e eu apenas sobrevivi, fazendo trabalhos comerciais e institucionais durante esse tempo", lembra.

Para evitar novo jejum, Suzana acertou, na semana passada, a adaptação de "O Hotel Atlântico", de João Gilberto Noll, para sua terceira produção cinematográfica, que deve começar este ano.

Roteiro

Novamente, o cinema de Suzana Amaral partirá da literatura -"A Hora da Estrela" vem de Clarice Lispector e "Uma Vida em Segredo", de Autran Dourado. E outra vez ela fará questão de assinar sozinha o roteiro.

"Estou curioso e estimulado, porque há algum tempo venho me debruçando sobre questões propriamente masculinas. Quero ver como esse universo será tratado na visão de uma mulher como Suzana", diz João Gilberto Noll, que foi "batizado" na transposição de suas obras para a tela grande com "Alguma Coisa Urgentemente", de Murilo Salles.

Suzana Amaral fez parte da segunda turma de alunos da Escola de Comunicações e Arte (ECA-USP), que começou os estudos em 1968. E especializou-se em cinema nos Estados Unidos, em cursos no Actors Studio e na Universidade de Nova York. Nesta última, dividiu a classe com o norte-americano Jim Jarmusch ("Dead Man").

A formação específica ajudou-a a sedimentar um modo de ver o cinema muito particular e irredutivelmente autoral. "Não acredito em co-direção. Isso tira a autoria", diz. Ela também faz questão de ter a primeira e a última palavra na montagem de seus filmes. "Para ir no escuro, prefiro ir com a minha idéia. Se é para cair do galho, caio só eu."

A trilha sonora de "Uma Vida em Segredo" só será composta -por um profissional a ser ainda definido- depois de o filme estar completamente montado. "Sou partidária da não-trilha. Quero que ela entre no meu filme apenas para fazer o barulho do pensamento, da emoção", diz.

Mas é talvez no domínio em que o cinema mais incorpora a troca que Suzana tem sua marca distintiva. Foi sob sua direção que Marcélia Cartaxo obteve o prêmio de melhor atriz no festival de cinema de Berlim, como a Macabéa de "A Hora da Estrela".

À semelhança de Marcélia, Sabrina Greve, intérprete de Biela, a protagonista de "Uma Vida em Segredo", faz sua estréia no cinema pelas mãos de Suzana. E atingiu uma atuação não menos destacável, na avaliação da diretora.

"A forma como a Suzana conduz as filmagens me deixou muito tranquila. Ela vai deixando as coisas brotarem", afirma Sabrina. "Sei exatamente o que quero, mas dou mesmo muita autonomia. O segredo é os atores fazerem o que quero, sem achar que estão fazendo o que eu quero", diz Suzana.
 

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