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11/01/2001 - 04h14

Professora analisa impressionismo

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da Folha de S.Paulo

Por que "O Almoço na Relva", tela de Manet que se tornou símbolo do movimento impressionista, chocou o meio acadêmico e a crítica da segunda metade do século 19?

Essa e outras questões sobre o surgimento, as características, as curiosidades e a importância do impressionismo foram abordadas pela doutora em história crítica da arte Ana Gonçalves Magalhães, no dia 4 de dezembro, na penúltima conferência gratuita do ciclo sobre história da arte, promovido pela Folha em parceria com a Escola do Masp.

A resposta sobre o quadro de Manet: "Porque o grupo central retratado na tela pode ter sido tirado de duas referências clássicas da pintura -uma gravura de Marcantonio Raimondi feita a partir de pintura de Rafael e um grupo presente no "Concerto Campestre", de Giorgionne. E também pela ousadia de representar, em primeiríssimo plano, uma figura feminina completamente nua, que olha para o espectador e que não é nenhuma divindade".

Outras características do quadro, como ter por tema uma cena da vida contemporânea e apresentar "falhas" na composição, são também marcas de todo o movimento, surgido em oposição à "institucionalização da arte", corrente na época.

Os expoentes do impressionismo -Manet, Degas, Renoir, Monet, Pissarro, Cézanne- e outros artistas uniram-se numa sociedade de artistas independentes com o objetivo de buscar espaços para expor suas obras alternativos à austera Academia de Belas Artes de Paris, onde eram sistematicamente recusados.

Ana Gonçalves Magalhães, que é professora de história da arte da
Faculdade Paulista de Artes e autora de "Claude Monet: A Canoa e a Ponte" (Pontes Editores), falou sobre aspectos inaugurais do movimento, que estabelecem clara oposição à pintura acadêmica.

Entre eles, o fato de a pintura ser inteiramente executada ao ar livre; o uso da espátula, que faz com que texturas e empastamentos sejam mais aparentes; o uso da tela não preparada; a utilização de uma paleta de cores vivas e puras; a prática de misturar as tintas na tela e não na paleta.

A sociedade de artistas independentes foi criada em 1873, depois da guerra franco-prussiana. É quando o grupo passa a contribuir com dinheiro para alugar um espaço e abrir uma mostra particular, independente do salão oficial. Entre 1874 e 1886, são realizadas oito mostras nesses moldes. "Isso tem grande impacto na cultura de exposições existente na França no século 19", afirma a historiadora.

Quando as mostras foram realizadas, os artistas já rejeitavam a denominação "impressionista", que lhes havia sido atribuída pejorativamente, no Salão dos Recusados.

Avanços tecnológicos contribuíram para o surgimento e a afirmação do novo estilo. "A invenção das tintas em bisnaga e as telas menores, distintas das monumentais dimensões acadêmicas, tornaram possível que os artistas carregassem seus quadros debaixo do braço", diz Ana.

A professora ressaltou que os impressionistas "pintam uma Paris em transformação. Retratam os cafés-concerto, a ópera Garnier. São, nas palavras de Baudelaire, esses pintores da vida moderna".
 

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