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16/01/2001 - 03h46

Crítica: Axl Rose (quem irá detê-lo?) e o maior espetáculo da Terra

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LÚCIO RIBEIRO, da Folha de S.Paulo

Quem conseguirá deter Axl Rose? O histórico "evento" que o músico proporcionou na aguardada grande volta do Guns N' Roses, na madrugada de ontem, foi muito além da impressionante catarse coletiva provocada nas 200 mil pessoas que compareceram à Cidade do Rock.

Evento porque aquilo não foi um simples show de rock, e sim um espetáculo circense: músicos de perfis bizarros, labaredas alegóricas, evocação de Tim Maia (!) na guitarra, intérprete no palco, gozação do Oasis, pedido de paz entre brasileiros e argentinos do futebol, um sonoro "fuck" para os ex-integrantes, escola de samba, choro ao vivo e a cores, apresentação da "mãe" brasileira.

Axl foi além da catarse no Rock in Rio porque, com o show de ontem, sai do país consagrado como a principal estrela do rock do novo milênio.
Respeitável público. Senhoras e senhores. Aplausos para o mágico Axl Rose, que se transformou em uma espécie de Michael Jackson desta época.

O roqueiro chegou ao Rio escondido, ficou trancado no hotel, tomava banho de piscina à noite, ia à praia às 5h da manhã, ameaçou fotógrafos que ousassem registrar seu rosto mais envelhecido e sua transparente obesidade, proibiu assessores brasileiros de chegar perto.

O ermitão do rock desapareceu do showbiz por sete anos. E reaparecia no palco do Rock in Rio para desmentir o que havia propagado Michael Stipe, do REM, na apresentação do dia anterior, que disse: "Este é o fim do mundo como o conhecemos, e eu me sinto bem".

Fim do mundo aconteceria no dia seguinte. Axl entrou no palco, começou o eterno hit "Welcome to the Jungle" e parecia que o mundo ia acabar. Não acabou, mas chegou perto com "Live or Let Die". E, se a performance da maravilhosa "Sweet Child O" Mine" não destruiu a Cidade do Rock, nada vai fazê-lo.

Marqueteiro, Axl trocava de roupa a toda hora e apelava à emoção em conversas com o público: ao mesmo tempo, era como se baixasse no seu corpo não só Jackson, mas também John Lennon e, principalmente, Elvis Presley. E Tim Maia.

Da sua atual superbanda, que tocava fielmente os estrondosos sucessos da virada dos 80 para os 90, surgiu aos holofotes a figura esquiso-moderna de Robin Finch, ex-Nine Inch Nails. Enquanto Axl recuperava seu fôlego prejudicado pelo tempo, Finch tirou na guitarra, e cantando em português, a indefectível "Sossego".

Ficou estranho. Mas tudo estava estranho. Algumas canções novas, que aparecerão no álbum "Chinese Democracy", a ser lançado este ano como parte da dominação mundial do Guns N" Roses, ganharam aprovação dos fãs da banda. "Madagascar" e a faixa-título do novo CD fizeram o público apontar o polegar para o céu.

Já transcorria mais de duas horas de show e aconteceu o primeiro erro de cálculo de Axl: promover a entrada em cena de uma bateria (mais mulatas) da escola de samba Unidos do Viradouro. Boa parte do público, exausto e imaginando o fim do espetáculo do Guns, pegou o caminho da saída. Outra boa parte ficou para jogar na escola de samba o que tinha à mão.

Mas ainda havia o toque final de Axl. Escola de samba fora, o Guns N" Roses volta ao palco para o cataclisma com "Paradise City", o choro de Axl, a apresentação da "mãe" e intérprete Elizabeth Lebes e o anúncio que o grupo volta ao Brasil no próximo verão (nosso ou deles?) com turnê do novo disco.

De ex-ídolo dos 80 para maior candidato na corrida para a idolatria pop do século 21. Ninguém irá deter Axl Rose.

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