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17/01/2001 - 04h35

"Sexo, drogas e rock por um mundo melhor"

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LÚCIO RIBEIRO, da Folha de S.Paulo

Agora que o furacão Guns N" Roses já foi embora e descontando que no caminho há o dia teen (sem preconceito aqui), as atenções roqueiras vão estar voltadas para a sexta, quando atrações do rock pesado se revezam no Palco Mundo do Rock in Rio 3.

Iron Maiden: tudo bem. Show do Rob Halford: vai ser engraçado ver. Sepultura: banda brasileira digna de respeito, que vai tocar músicas do disco novo.

Mas as ditas "atenções roqueiras" se referem mesmo (ou pelo menos deveriam) à apresentação da banda Queens of the Stone Age, mezzo californiana, mezzo de Seattle, o mais incensado grupo do rock atual, na voz da cena indie americana, britânica, japonesa e francesa.

Com dois álbuns e elogios rasgados de todo lado, seja publicações musicais ou artistas, o fenômeno indie QOTSA é guiado pelo guitarrista e vocalista Joshua Homme, nome conhecidíssimo no circuito americano do rock desde que tocava na cultuada Kyuss, na década passada.

Homme, em recente entrevista à Folha por telefone, direto de Los Angeles, não soube explicar como é que a banda caiu na lista de convidados do Rock in Rio. Mas soube explicar, isso sim, porque acha que sua banda é a que mais combina com a ambição maior do festival: construir um mundo melhor. Leia a seguir.

Folha - Vocês são mesmo o melhor grupo de rock a surgir nos últimos anos?
Joshua Homme -
(Risos.) Isso não é para eu decidir. A única coisa que sei é que tocamos rock'n'roll. E o que nós tocamos é o que somos. Nossa música é real. Eu não tento ser a melhor banda de rock, apenas o tipo de música que gosto.


Folha - O QOTSA é o novo Nirvana, assim como o disco "Rated R" é o novo "Nevermind", e "Feel Good Hit of the Summer" é a atual "Smells Like Teen Spirit". É isso?
Homme -
Isso é um grande erro. É bem óbvio que não somos o Nirvana. Não me sinto como se fosse um "novo Nirvana". Acho que a imprensa, a inglesa em particular, há tempos escolhe "novos Nirvanas" pela cor. Em uma semana anunciam: "Este é o novo Nirvana". Depois diz: "Não. Este aqui é que é o novo Nirvana". Isso enche.

Folha - Como uma banda novíssima e desconhecida como a sua foi parar na lista de atrações deste Rock in Rio? É verdade que foi uma sugestão do Foo Fighters?
Homme -
Não tenho a mínima idéia. Um dia alguém da minha gravadora me ligou e disse: "Vocês vão tocar em um festival no Brasil. Tudo bem?". Amei a idéia. Aceitamos na hora. Não sei por que, mas sou um grande fã da América Latina. Adoro o México, tenho amigos chilenos e muita curiosidade pelo Brasil.

Provavelmente vou estar mais empolgado com o fato de estar tocando aí do que as pessoas estarão em me ver. De qualquer modo, tenho uma expectativa de encontrar muita energia na hora do show.
Acho que podemos surpreender bastante gente aí.

Folha - O Rock in Rio é vendido pelos organizadores como um festival realizado para ajudar na construção de um mundo social melhor. Essa posição de paz e amor e minutos de silêncio contrasta com a linha do Queens of the Stone Age, cujas letras falam de drogas e álcool. E aí?
Homme -
Na minha opinião, então, somos a banda que melhor se encaixa no perfil do festival. Rock'n'roll, drogas e sexo fazem um mundo melhor.
Embora concorde que o QOTSA não é exatamente uma banda politicamente correta, em uma primeira análise, a música é livre. A gente está sempre à procura de "escapes", e o escape é a mais valiosa coisa do mundo moderno.

Muita gente não gosta nem se identifica com seu trabalho. O que vale para essas pessoas são os momentos de escape. Não tenho nada com o que você faça das 9h às 17h, só acho que é preciso tentar não se arrepender de viver o que está vivendo. E aí entra uma busca de liberdade, qualquer que ela seja. É preciso em algum momento fazer o que gosta.
Não espere. Faça agora.

Folha - Vocês tocam na mesma noite de Sepultura, Rob Halford e Iron Maiden. O Queens of the Stone Age se sente bem em tal companhia?
Homme -
Acho essas bandas mais pesadas que a nossa, em um estilo heavy metal. Tocamos sujo, pesado, mas mais rock'n'roll. Mas gosto de tocar com o Sepultura, que já fez discos muito bons. E Rob Halford é um sujeito muito legal ("kick ass guy").
Mas não interessa muito com quem vamos tocar. Só quero me divertir e conhecer pessoas no Brasil e em Buenos Aires.

Folha - O que você vê de diferente dos tempos em que tocava com o Kyuss, na revolução grunge, e agora, com a época do QOTSA?
Homme -
Eu não sei. Toco as músicas exatamente do mesmo jeito que tocava naquela época. Os caras são diferentes, o vocal é diferente, as canções são mais variadas, mas a idéia é a mesma.

Folha - Qual a sua opinião sobre a atual boa safra de bandas americanas, que inclui a sua, o At the Drive In, o Trail of Dead...?
Homme -
Adoro essas bandas e não vejo nenhum problema do pessoal da imprensa conectar esses grupos e o meu e amarrá-los em uma cena. Há um mesmo conceito que está por trás dessas bandas que é tocar e se sentir bem em fazer isso. Divertir-se, não sentir culpa de alguma coisa.

Folha - É verdade que o nome Queens of the Stone Age (Rainhas da Idade da Pedra) vem de um grande número de fãs gays de certa idade que seguia sua ex-banda Kyuss por todo lugar?
Homme -
(Gargalhada.) Não, não é verdade. É uma lenda que nosso produtor Chris Goss espalhou para encher nosso saco. Até existia mesmo um fã-clube gay do Kyuss, mas não é o caso.

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