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21/01/2001
-
04h16
ERIKA PALOMINO, da Folha de S.Paulo
Ao que tudo indica, "Um Anjo Caiu do Céu" deverá ser a primeira "novela fashion" da TV brasileira. Claro que já houve outros programas com marcada preocupação com o estilo, com o figurino, com a valorização do vestir. Claro que já houve momentos incríveis da moda na televisão, quando, tentando imitar a vida, foi o inverso que se deu, e o país saiu vestido como os personagens das novelas ("Dancin" Days" foi o exemplo usado).
Com essas duas preocupações -reproduzir a veracidade da moda (ela existiria?) e fazer história- , a direção de "Um Anjo Caiu do Céu" convocou atores, diretores e profissionais de trás das câmeras para um inusitado workshop no final de dezembro último.
Na condição de quem já cobre a moda há dez anos, fui convidada a abrir o workshop. Eu havia conhecido a figurinista da novela, Emília Duncan, quando ela assinou os bem-sucedidos e criativos trajes de "Carlota Joaquina", de Carla Camuratti.
Pois aqui, cabia a ela a tarefa de fazer o crossover de realidade e "pizza", conforme a própria definiu o modus operandi das novelas. Para convencer na pele de personagens como a dona de uma faculdade de moda, um playboy riquinho, um fotógrafo bacanudo, um estilista e as estudantes da tal universidade, os atores precisam conquistar também o público de
moda em si. Sem o aval dele, a novela não dará certo.
Foi o que eu disse diante de uma platéia de rostos conhecidos. Falei para Tarcísio Meira, Renata Sorrah, Christiane Torloni, Daniel Dantas, Luiz Salem, Marcelo Anthony, tantos. Expliquei que o povo de moda é fácil de ser estereotipado, que muitos chegam de fato a lembrar caricaturas (eu poderia citar um booker carioca que, sempre pensei, parece ter sido criado por algum roteirista, de tão absurdo). Mas disse também que moda significa muito trabalho duro e reflexo das sociedades, apesar de para muitos parecer futilidade.
Daniel Dantas pareceu o mais incrédulo da não-futilidade, enquanto Tarcísio Meira me puxou num canto para cochichar que pensava em se inspirar no saudoso David Drew Zingg, "uma pessoa muito disponível para a vida". Menos "Prêt-à-Porter", de Robert Altman, mais "Sex and The City", esses foram meus conselhos. Se eles vão chegar à TV, isso já são outros quinhentos...
Sem o aval do público de moda, a novela não dará certo
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Ao que tudo indica, "Um Anjo Caiu do Céu" deverá ser a primeira "novela fashion" da TV brasileira. Claro que já houve outros programas com marcada preocupação com o estilo, com o figurino, com a valorização do vestir. Claro que já houve momentos incríveis da moda na televisão, quando, tentando imitar a vida, foi o inverso que se deu, e o país saiu vestido como os personagens das novelas ("Dancin" Days" foi o exemplo usado).
Com essas duas preocupações -reproduzir a veracidade da moda (ela existiria?) e fazer história- , a direção de "Um Anjo Caiu do Céu" convocou atores, diretores e profissionais de trás das câmeras para um inusitado workshop no final de dezembro último.
Na condição de quem já cobre a moda há dez anos, fui convidada a abrir o workshop. Eu havia conhecido a figurinista da novela, Emília Duncan, quando ela assinou os bem-sucedidos e criativos trajes de "Carlota Joaquina", de Carla Camuratti.
Pois aqui, cabia a ela a tarefa de fazer o crossover de realidade e "pizza", conforme a própria definiu o modus operandi das novelas. Para convencer na pele de personagens como a dona de uma faculdade de moda, um playboy riquinho, um fotógrafo bacanudo, um estilista e as estudantes da tal universidade, os atores precisam conquistar também o público de
moda em si. Sem o aval dele, a novela não dará certo.
Foi o que eu disse diante de uma platéia de rostos conhecidos. Falei para Tarcísio Meira, Renata Sorrah, Christiane Torloni, Daniel Dantas, Luiz Salem, Marcelo Anthony, tantos. Expliquei que o povo de moda é fácil de ser estereotipado, que muitos chegam de fato a lembrar caricaturas (eu poderia citar um booker carioca que, sempre pensei, parece ter sido criado por algum roteirista, de tão absurdo). Mas disse também que moda significa muito trabalho duro e reflexo das sociedades, apesar de para muitos parecer futilidade.
Daniel Dantas pareceu o mais incrédulo da não-futilidade, enquanto Tarcísio Meira me puxou num canto para cochichar que pensava em se inspirar no saudoso David Drew Zingg, "uma pessoa muito disponível para a vida". Menos "Prêt-à-Porter", de Robert Altman, mais "Sex and The City", esses foram meus conselhos. Se eles vão chegar à TV, isso já são outros quinhentos...
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