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26/01/2001 - 04h40

Brasileiras brilham nas telas de Sundance

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SÉRGIO DÁVILA, da Folha de S.Paulo

Duas das premières menos "independentes" do Festival de Cinema de Sundance, nos EUA, ao menos pelo número de celebridades envolvidas, têm outro aspecto a uni-las: a presença de atrizes brasileiras. Uma delas é 100% da terra, a outra é panamenha apenas por acidente.

O festival acontece até o final desta semana em Park City, no Estado de Utah (oeste dos EUA). Na noite de anteontem, exibiu "Invisible Circus", com Jordana Brewster, e "Perfume", com Sônia Braga.

Jordana é filha da ex-modelo brasileira Maria João e de um empresário americano. Tem 20 anos, estuda na Universidade de Yale, de onde seu avô foi reitor, e "Invisible" é seu segundo filme em longa-metragem. Ainda neste ano, deve estar no inédito "The Fast and the Furious", do diretor Rob Cohen.

De certa maneira, Jordana está na outra ponta da carreira de Sônia Braga, ainda a atriz brasileira mais conhecida no exterior.

No apenas correto "Invisible Circus" (circo invisível), interpreta uma garota de San Francisco, Califórnia, nos anos 70 que viaja para a Europa refazendo o percurso da irmã (Cameron Diaz, não no seu melhor dia), que se suicidou ao pular de um rochedo em Portugal.

No caminho, vai descobrindo aos poucos que ela se envolveu com o grupo terrorista de esquerda Exército Vermelho e que a história que seu ex-namorado (o ótimo Christopher Eccleston, o vilão inglês de "60 Segundos") contou não é toda a verdade.

Estréia do diretor Adam Brooks, que até que não fez feio como roteirista ("Practical Magic", "Beloved"), o filme não poderia ser mais careta. A promessa de um thriller com toques históricos vira apenas mais uma lição de moral.

Faria bonito no Festival de Cinema da Associação Cristã de Moços, mas envergonha a seleção de Sundance. Não é o caso absolutamente de "Perfume", em que La Braga tem uma ponta.

O ousado quinto longa do diretor Michael Rymer mistura "Short Cuts" com "Unzipped" ao contar cinco histórias independentes que se entrecruzam no mundo da moda nova-iorquina.

Rymer juntou cerca de 80 atores em 20 dias de filmagem com diálogos totalmente improvisados. O diretor deu a linha de cada um dos cinco núcleos e seus personagens, e cada intérprete pôde criar livremente a sua própria personalidade.

Deu certo. Paul Sorvino está ótimo como o costureiro gay de origem italiana que descobre estar padecendo de câncer. Peter Gallagher dificilmente terá melhor performance do que a do namorado Guido.

Até mesmo o sempre maneirista Jeff Goldblum (que também é o produtor
de "Perfume") se contém no papel de descobridor de talentos. Completa o quadro uma trilha sonora econômica, quase ausente, que aparece apenas nos auges de cada um dos núcleos.

Sônia Braga interpreta a ex-mulher de Sorvino, Irene, um papel pequeno, mas bem-feito por ela, que se dá ao direito até de uma "inside joke". Ao comentar com seu marido o gênio de Gabrielle, a filha dos dois, solta em português: "Sempre Gabriela!".

Em seus melhores momentos, "Perfume" lembra os diálogos de Woody Allen. Nos piores, uma noite de ensaio na escola de teatro da esquina.
Mas o seu problema central é outro: quem ainda aguenta mais duas horas sobre o bobo mundo da moda?
 

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