31/01/2001 - 18h11

Modelos trabalham por R$ 300 e querem ser "novas" Giseles

da Reuters
em São Paulo

Na décima edição do Morumbi Fashion, que começa nesta quarta-feira rebatizado de São Paulo Fashion Week, novos nomes estarão em destaque nas passarelas da Bienal, no parque do Ibirapuera -alguns já famosos no exterior, outros, promessas de um futuro de cachês milionários.

"A imprensa brasileira não consegue prestigiar mais do que uma modelo por vez. Só porque ela (Gisele Bündchen) namora o Leonardo DiCaprio, não significa que ainda seja a melhor do mundo. Ela é uma celebridade, mas existem outras brasileiras que no exterior não perdem para nenhuma Gisele", alfinetou Anderson Baumgartmer, booker da agência Marylin.

A Marylin traz para as passarelas deste ano dois destaques: Caroline Ribeiro, de 20 anos, de Belém (PA), e Fernanda Tavares, também de 20 anos, de Natal (RN). Embora já tenham participado de outras edições da semana de moda paulista, as modelos -que quebram a quase hegemonia das sulistas- apresentam-se como nomes de peso dos desfiles.

Fernanda, cuja carreira ganhou fôlego em 1998, foi capa da Vogue francesa e, segundo Baumgartmer, é considerada pelo fotógrafo Mário Testino como uma das "três mulheres que ele mais gostou de fotografar", atrás apenas da princesa Diana e de Madonna.

Caroline, que foi capa da Vogue italiana, virou top por aqui graças ao sucesso internacional. "Agora todo mundo quer fotografá-la. Pergunto 'por que não quiseram fotografá-la antes' e a resposta é que antes ela não tinha experiência. Então, aqui ninguém sabe ensinar, é?", desabafou o booker sobre o mercado brasileiro.

De acordo com a Marylin, que não quis divulgar números, as duas modelos ganharão cachês diferenciados e serão umas das mais bem pagas da Fashion Week.

Quem segue com as alfinetadas de Baumgartmer é Eli Hadid, dono da agência Mega. "A Gisele Bündchen já não é mais a modelo do momento lá fora. A Ana Cláudia Michels já passou a Gisele", afirmou.

Ana Cláudia, capa da edição de dezembro último da revista Vogue inglesa, fará cerca de 20 aparições, estrelando para todas as grifes que participarão da semana de moda. Ainda que no exterior ela já seja "mais" do que Bündchen, a catarinense é o que se pode considerar o "novo grande destaque" no Brasil.

"Agora é que ela está tomando a liderança. O mundo fashion é cíclico. Agora é a vez da Ana Cláudia", disse o empresário.

Segundo a Mega, Ana Cláudia, de 19 anos, receberá o cachê "simbólico" de R$ 1.200 por desfile. "Ela gosta muito daqui e sempre foi querida. Não tem por que aumentar o cachê, afinal, não é o Morumbi Fashion que vai fazê-la ganhar dinheiro."

A paulista Talytha Pugliesi, de 18 anos, é também uma das modelos que serão as próximas "giseles". Ela acaba de fechar um contrato exclusivo com a M. Officer e estará na campanha publicitária da marca durante o ano todo. Entre seus principais trabalhos estão desfiles para Chanel, Dior, além das campanhas publicitárias da Armani e da Victoria Secret.

"Para ser modelo, é preciso gostar muito. Não é fácil", diz Baumgartmer. E isso significa sacrifício e cachês que passam longe dos montantes que movimentam os desfiles -com a promessa de conquistar as passarelas milionárias.

Eli Hadid, da Mega, apontou Beatriz Locks, paranaense de 13 anos, como o principal investimento da agência para o futuro. "Ela vai ganhar R$ 300 por desfile", disse o empresário. "Trouxeram ela para mim e a achei linda. Então resolvi apostar minhas fichas", contou, acrescentando que a "teen" entrou para o rol de modelos da Mega há apenas um mês e desfilará para a G.

A Next também destaca Daniela Lopes, gaúcha de 17 anos, como a "grande esperança da agência", segundo o booker Bruno Soares. A modelo, que atualmente mora em Paris, já estrelou na campanha mundial da Diesel e foi capa da revista Biba, e fará a próxima campanha da Ellus e estará nos principais desfiles do Fashion Week.

Baumgartmer preferiu ser mais político e lembrar que "há muitas meninas com grande potencial para se sobressair". Mas ressaltou Isabel Zachow, paranaense de 18 anos, como um dos nomes que devem causar burburinhos nos corredores da Bienal.

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