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29/06/2002 - 12h16

A quem ajudará o sistema de segurança do próximo Windows?

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FRANCISCO MADUREIRA
Editor de Informática da Folha Online

O sistema de segurança que deve integrar a próxima versão do Windows não provê segurança para o usuário, mas sim para as empresas de computadores, de software e para a indústria cultural.

A opinião é de Ross Anderson, especialista do laboratório de computação da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Para ele, o chamado "Palladium" não adicionará valor algum para o usuário final do PC.

"Ao contrário, ele destruirá esse valor ao limitar o que você pode fazer com seu computador, para que as empresas de software e serviços possam tirar mais dinheiro de você."

Anderson publicou em seu site algumas dúvidas que rondam a cabeça dos usuários sobre os planos da indústria da informática para os próximos anos.

No início da semana, a Microsoft divulgou mais informações sobre o sistema. Mas o ensaio do especialista britânico vai além e traz alguns detalhes sobre o funcionamento do sistema.

Segundo ele, o "Palladium" faz parte da tal de TCPA (Trusted Computing Platform Alliance, ou "Aliança para Plataformas de Computação Seguras), e o Windows XP e o próprio Xbox, videogame da Microsoft, já têm princípios dessa estratégia.

Para a primeira fase do projeto, Anderson prevê a inclusão de um chip na placa-mãe do computador. Num segundo momento, essa função seria incorporada ao processador da máquina —o que a tornará mais difícil de burlar.

Um dos principais motes da TCPA seria o gerenciamento de direitos autorais para a indústria cultural (leia-se indústria da música, do cinema e do software). Para o cientista britânico, quanto mais equipamentos forem compatíveis com o sistema, mais proteção haverá para as empresas estabelecidas, e mais difícil será para que novas e pequenas iniciativas apareçam nesses setores.

Mas voltemos ao chip acoplado à placa-mãe. Enquanto o computador inicializa, ele checaria a Bios e as partes fundamentais do sistema operacional. Manteria, a partir daí, uma relação de componentes de seu computador —placa de som, modem, drivers e aplicativos. Caso haja mudanças significativas, a máquina simplesmente travaria e precisaria ser reativada pelo revendedor, mais ou menos como hoje funciona o sistema de ativação do Windows.

Em miúdios: o PC só poderia ser ligado com hardware e software previamente reconhecidos pelo chip. A partir daí, o controle é repassado para o sistema operacional —aí entra o "Palladium" da Microsoft.

Depois disso, Anderson comenta a relação que o computador teria com sites de conteúdo na internet. "Uma vez que a máquina é iniciada, o chip então passaria a se comunicar com terceiros: por exemplo, ele conseguiria autenticação com a Disney para provar que a máquina está autorizada a receber o filme 'Branca de neve'. Os servidores da Disney enviariam dados criptografados e uma chave para que o chip possa ler os dados."

Ao restringir ou alterar essa chave de leitura da criptografia, a Disney poderia então controlar ou restringir o material que envia para o computador do internauta. Esse é apenas um exemplo do poder concedido à indústria cultural para combater a pirataria digital.
Mas isso também implica fatores mais perigosos do ponto de vista da privacidade —afinal, o que você pode ou não ver na tela do computador seria administrado por servidores das empresas, máquinas remotas. Nada impede que você seja impedido de ler, ouvir ou ver materiais digitais por outras razões, como censura ou mercado, por exemplo. Afinal, seus direitos estarão nas mãos de empresas privadas. O que pode significar lucro, não liberdade de expressão.

Por essas e outras, há quem esteja chamando o próximo Windows de "Windows 1984", em referência à obra de George Orwell que, tão profunda, acabou degringolando em reles programas de televisão nos últimos tempos. O "Grande Irmão", nesse caso traduzido para o bom português, seriam as empresas privadas, controlando, para benefício próprio, o que você pode ou não pode fazer com seu computador.

Embora o poder dos usuários seja limitado face ao soberbo setor de tecnologia, compensa manter olhos e ouvidos antenados nessas resoluções. Isso porque os próximos anos podem assistir a uma contra-revolução no campo da informática. Ou então promover uma migração ainda maior para o software livre, para sistemas operacionais como o Linux, que, ao menos num primeiro momento, funcionarão livre das garras da indústria.

Destaques da semana:

  • Imagens exclusivas do próximo Windows!

  • Gates dá detalhes sobre o novo sistema

  • Pacote de correções para o Media Player

  • Novidades na seção Música Digital


  • Escreva para o autor da coluna usuário.com
     

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