17/07/2002 - 15h36

Mesmo on-board, placa-mãe da Biostar tem bom desempenho

ODEMIR MARTINEZ BRUNO
GUSTAVO PINHEIRO
especial para a Folha

A placa-mãe Biostar P4TDG pertence à categoria de placas on-board e opera com processadores Intel Pentium 4 (P4) ou com os novos Celeron baseados no P4 (velocidades de 1,7 e 1,8 GHz). O tipo de memória suportado é o DDR-SDRAM nos padrões PC1600 e PC2100, também conhecidos como DDR200 e DDR266.

A marca Biostar pertence à ECS (Elitegroup Computer Systems). Essa empresa fabrica placas-mãe comercializadas com diversas marcas. Uma delas é a marca PC Chips, popular no Brasil. As placas-mãe fabricadas pela ECS são voltadas, notadamente, para o mercado de PCs baratos.

A placa-mãe é um dos principais componentes do computador. É ela que conecta todos os dispositivos que integram a máquina, como o processador, a memória e controladores de armazenamento, vídeo e áudio.

A escolha da placa mãe é uma importante tarefa quando se deseja montar um computador, pois suas características, aliadas às propriedades do processador, da memória e dos controladores, irão determinar o desempenho e qualidade do computador.

Atualmente o mercado se divide em duas classes de placas-mães: as que integram controladores de rede, vídeo e/ou som na própria placa (conhecidas como on-board) e as placas que não apresentam esses controladores embutidos (off-board).

Montando computadores com placas off-board e controladores adicionais de boa qualidade, é possível obter máquinas poderosas. Micros com placas on-board têm custo menor —e, geralmente, desempenho inferior.

Chipset
A P4TDG se baseia no chipset i845G, de última geração, lançado neste ano pela Intel. As principais características do i845G são o adaptador de vídeo integrado (o Intel Extreme Graphics) e o suporte aos novos P4 B e ao padrão USB 2.0.

Os adaptadores de vídeo integrados à placa-mãe (on-board), como o da placa analisada, geralmente não possuem memória própria e compartilham a memória do sistema e o seu barramento.

Isso compromete seu desempenho, que é inferior ao das placas de vídeo não integradas, que podem possuir barramento independente e memória própria, geralmente muito mais rápida que a memória RAM convencional.

Para atenuar esses problemas, o Intel Extreme Graphics usa uma pipeline de renderização capaz de processar quatro texturas em apenas uma etapa, o que reduz o uso do barramento da memória. Em muitos casos, o desempenho do adaptador de vídeo on-board pode não ser adequado a um determinado tipo de aplicação (programas gráficos ou jogos por exemplo). Para esses casos, a P4TDG tem um slot AGP 2.0 (4x).

BÁudio, rede e USB 2.0
Os novos chipsets (i845E/G/GL) possuem um chip de áudio padrão AC'97 2.2 (20 bits e até seis canais), opcionalmente uma controladora Ethernet (na placa testada é uma Realtek 10/100Mbps) e três controladores USB 2.0 (até seis portas). A P4TDG testada veio quase completa: faltaram os adaptadores para as USBs extras. Havia apenas duas portas na parte traseira da placa.

O padrão USB 2.0 é compatível com o anterior, mas é muito mais rápido e permite a conexão de dispositivos que exigem maior taxa de comunicação, como câmeras de vídeo e discos rígidos externos. As taxas de transferência podem ser até 40 vezes maiores que as do padrão anterior, chegando a atingir 480 Mbytes/s.

A placa possui três slots PCI, um CNR e um AGP, além de dois slots Dimm para memória DDR-SDRAM. Apesar de teoricamente suportar até 2 Gbytes de memória, na prática só é possível usar 1 Gbyte, pois os módulos de memória com maior capacidade existentes são os de 512 Mbytes.

Apesar de oficialmente os tipos de memória suportados serem apenas os padrões DDR200 e DDR266, no Bios é possível ajustar a frequência para 333 MHz, o que torna possível o uso de DDR333, de mais velocidade.

A documentação que acompanha a placa não é das melhores. O manual traz pouquíssima informação e é escrito apenas em inglês e espanhol.

O pacote de softwares (todos da linha Norton) é bom e inclui um antivírus, um firewall e uma ferramenta que faz espelhamento de discos rígidos. Entretanto a assinatura dos serviços de atualização do antivírus dura apenas 90 dias.

O formato adotado, os componentes integrados (on-board), as poucas portas de expansão e os softwares agregados revelam o mercado a que esse produto se destina: o segmento corporativo e as montadoras de micros (OEM), que costumam usar componentes integrados para reduzir custos, o que geralmente implica desempenho inferior.

Instalação e desempenho
A instalação do sistema operacional Windows 2000 Professional ocorreu sem problemas, embora o sistema de áudio não tenha sido reconhecido automaticamente. Mas tudo funcionou corretamente após a instalação dos drivers que acompanham a placa.

Com o Linux (RedHat 7.3) não se teve o mesmo sucesso. A Biostar não fornece drivers para esse sistema operacional.

O processo de boot da máquina ocorreu rapidamente (cerca de três segundos). Isso se deve ao que a Intel chama de Intel Rapid Bios Boot, que é uma otimização do Post (Power On Self Test).

Os resultados obtidos no Teste USP e os relatos de sites especializados revelam que a placa apresenta um bom desempenho geral.

Entretanto, o módulo de memória PC2100 (DDR266) utilizado no teste tem qualidade duvidosa (genérico), o que prejudicou o desempenho da placa, que deve obter sua performance máxima usando memória DDR333 de boa qualidade.

Isso deixou clara a importância da memória RAM no desempenho geral do PC.

O desempenho de vídeo da Biostar é bom em 2D, mas deixa a desejar em 3D - o que não compromete a proposta da placa-mãe, uma vez que o mercado a que se destina necessita principalmente de bom desempenho 2D para aplicações de escritório —além disso, é possível adaptar uma placa de vídeo AGP.

Odemir Martinez Bruno é professor-doutor do ICMC-USP. Gustavo Pinheiro é mestrando do ICMC-USP