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22/08/2002 - 10h51

CD comemora 20 anos de idade com sucessores à vista

da Folha Online

Há duas décadas, os discos de vinil passaram a ser substituídos pelo CD (Compact Disc). Mas quem sabe que o primeiro exemplar surgiu na Alemanha e que Beethoven teve papel importante na invenção do sucessor dos LPs?

Noventa e dois anos após o surgimento do primeiro disco de goma-laca, 31 anos depois da introdução do disco de vinil e 17 após o início do uso das fitas cassetes magnéticas, a indústria fonográfica entrava na era digital, com a promessa do som puro, sem chiados e arranhões.

A pioneira foi a PolyGram, que em 17 de agosto de 1982 produziu em Hanôver, na Alemanha, os primeiros CDs em escala industrial, com uma gravação do pianista Claudio Arrau. O lançamento histórico custou a seus compradores o equivalente a 20 euros (mais de R$ 60).

Os discos prateados apresentam muitas vantagens em relação ao antecessor imediato. Com apenas 12 centímetros de diâmetro, o CD é quase três vezes menor do que um LP.

Nele, pode-se gravar muito mais tempo de música. Sua composição de policarbonato o faz mais resistente do que o vinil, o qual sofria arranhões com facilidade. E, enquanto o LP era gravado em relevo e lido por uma agulha, o CD passava a armazenar dados digitais, identificados por raio laser, sem contato físico.

O consumidor comum, porém, só pôde adquirir CDs a partir de março de 1983, quando as lojas de discos receberam para vender os primeiros 120 títulos, que variavam de música clássica a pop.

Como sempre, o novo produto foi recebido pelos consumidores e fãs com elogios, mas também com alguma desconfiança. Muitos defendem ainda hoje que os sons mínimos, mais detalhados, eram melhor reproduzidos pela gravação em alto-relevo.

Bayer criou o CD
A idéia de a indústria fonográfica investir em CDs começou a amadurecer muito tempo antes. Já em novembro de 1974, a holandesa Philips havia decidido apostar na tecnologia digital.

Os pesquisadores estavam convencidos ser possível o laser ler sinais de áudio e os reproduzir numa qualidade até então incomparável. Cinco anos depois, Philips e Sony uniram-se num projeto.

"A Philips era na época líder na tecnologia de armazenamento ótico, enquanto a Sony estava mais avançada na área digital. A união foi o melhor para ambas", lembra Klaus Petri, da Philips.

No entanto, nem a empresa holandesa, nem a japonesa possuíam o meio adequado para a revolução musical. A solução foi encontrada pela indústria química alemã Bayer.

Já amplamente utilizado na cobertura de estádios, em tacos de golfe e lentes de óculos, seu inquebrável policarbonato Makrolon despontara como a base material que se procurava. Então subsidiária da Philips, a PolyGram —rebatizada atualmente de Universal Music— realizou a primeira impressão industrial de CDs.

Nona de Beethoven
O primeiro compact disc da Philips possuía 74 minutos em vez dos 60 originalmente planejados graças ao então vice-presidente da Sony. Amante da música clássica e maestro de formação, Norio Ohga insistiu que o lançamento da nova tecnologia fosse um álbum com a Nona Sinfonia, de Beethoven, completa. Para atender à exigência, o CD teve seu diâmetro ampliado dos programados 11,5 centímetros para 12.

Apostando no futuro da nova tecnologia, a Sony desde o início investiu também no desenvolvimento de um aparelho de reprodução portátil para a nova mídia, de tamanho similar aos walkman, utilizados para fitas K-7.

Desafio à sobrevivência
O CD conquistou rapidamente os consumidores. Na Alemanha, impulsionada pela chamada Neue Deustche Welle (Nova Onda Alemã), com a revelação de novos intérpretes, a indústria fonográfica registrou a venda de mais de 20 milhões de CDs em apenas dois anos. Um sucesso acima do esperado.

Já em 1988 o disco de vinil havia perdido a liderança do mercado. "Desde 1982, já se produziu cerca de 110 bilhões de CDs em todo o mundo", informa Frank Rothbarth, da Bayer. "Colocados um ao lado do outro, daria para dar 33 voltas em torno do planeta."

Com o tempo, a indústria fonográfica descobriu que a nova tecnologia também lhe trazia problemas, especialmente após o lançamento de gravadores domésticos de CDs e de discos virgens.

Graças à grande capacidade de armazenamento e à facilidade de se fazer cópias sem perda de qualidade, a pirataria se alastrou, incentivada principalmente pela internet.

A Philips, porém, parece não se preocupar tanto com a ameaça. "A maioria das pessoas ainda prefere exibir na mão um disco com uma bela capa do que exatamente escutar música", acredita Klaus Petri.

DVD e outros formatos
Embora o CD ainda domine com 72% o mercado entre os meios de gravação de áudio, o aniversariante está sendo desafiado por um concorrente oriundo da tecnologia de vídeo. Lançado no mercado em 1996, o DVD oferece capacidade de memória 14 vezes maior.

"O boom do DVD é, para nós, algo excepcional", afirma Hartmut Spiesecke, da Federação Alemã da Indústria Fonográfica. A possibilidade de se armazenar neste meio tanto sons quanto imagens abre vastas perspectivas para a indústria musical.

Além dele, o disco DataPlay surge como alternativa. Ele pode carregar até 500 Mbytes de dados, tem o tamanho de uma moeda e entrou no mercado norte-americano em maio com discos de Britney Spears e 'N Sync. Toshiba e Samsung já desenvolvem tocadores portáteis compatíveis com o formato.

Produto de uma parceria entre as empresas InterTrust e DataPlay, o novo disco usa um padrão de gravação semelhante ao MP3, por isso pode carregar o equivalente a 11 horas de música em seus dois lados de 250 Mbytes.

Com uma proteção de plástico ao seu redor, ele é compatível com qualquer tipo de arquivo —pode levar em si 160 fotos de alta resolução ou duas horas de vídeo MPEG 4. Um disco DataPlay virgem deve custar US$ 5. Em pacote de cinco unidades, custará US$ 12.

A moda pega?
Os discos que serão lançados agora em maio custarão US$ 16. Como o Dataplay levará mais de cinco CDs em músicas dentro dele, as gravadoras pretendem deixar músicas "escondidas" nos discos, que só são liberadas com um código fornecido pela internet para quem pagar mais US$ 8 ou US$ 13.

Letras, clipes e vídeos sobre os músicos também são recursos que estarão disponíveis no DataPlay e poderão ser explorados economicamente pela indústria fonográfica.

Muitos analistas, porém, estão se perguntando se o Dataplay vai realmente conquistar o mercado. Isso porque a InterTrust produz software contra pirataria —o que pode afastar os consumidores do novo formato.

A empresa desenvolveu para a plataforma DataPlay uma versão especial de seu programa Right PD, um "empacotador" de dados que impede a cópia do conteúdo do disco.

Segundo a InterTrust, também estão sendo criados plug-ins para ouvir música no PC, o que permitiria importar músicas do disco e também ter acesso a outros recursos, que ficam seguros dentro do DataPlay.

com Deutsche Welle
 

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