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02/01/2003 - 08h54

Novo celular GSM permite uso de aparelho roubado

LÁSZLÓ VARGA
da Folha de S.Paulo

A estréia das novas operadoras Oi e TIM em 2002 inaugurou o sistema GSM de telefonia celular no Brasil, apresentado como a mais moderna tecnologia para esse tipo de serviço.

O GSM trabalha com um chip destacável (SIM card) nos celulares, que permite aos clientes trocar de aparelho sem mudar o número de telefone.

Essa facilidade tem, no entanto, seu outro lado da moeda: o sistema contra roubo dos aparelhos é bastante frágil.

Operadoras como a BCP e Telesp Celular, por exemplo, trabalham com as tecnologias TDMA e CDMA e podem bloquear os aparelhos roubados logo após serem avisadas pelos clientes. Isso porque trabalham com o código de identificação do celular, que é registrado no momento da habilitação da linha.

A TIM e a Oi, no entanto, apresentam brechas na segurança. Seu sistema GSM trabalha com dois códigos de segurança: o do chip e do aparelho.
Esse último não tem sido registrado no banco de dados das operadoras, o que dificulta ou até impede o bloqueio de celulares roubados.

"A portabilidade dos celulares GSM é muito boa, pois permite que o usuário mantenha o mesmo número [de telefone] na troca de aparelhos. Basta retirar o chip. Mas essa facilidade representa também uma vulnerabilidade do sistema", afirma à reportagem Michel Yacoub, especialista em comunicação sem fio da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

A TIM, que tem autorização para operar em todo o Brasil, só consegue bloquear o chip dos celulares de seus clientes. Portanto o aparelho pode ser usado por tempo indefinido pelo ladrão, desde que ele coloque outro chip (vendido pela TIM por R$ 35 e R$ 45).

A Oi, que tem autorização para operar em 16 Estados, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, trabalha com um sistema de segurança um pouco melhor.
O usuário consegue inabilitar o chip do celular com uma chamada para a operadora, mas precisa ter em mãos o código de identificação do aparelho para também bloqueá-lo.

Poucos usuários sabem o número desse código. Para obtê-lo, é preciso checar os documentos do celular.

Essas brechas na segurança contra roubo no sistema GSM usado no Brasil não são nada desprezíveis. Os preços de um aparelho GSM variam de R$ 199 a R$ 5.000. A Oi e a TIM têm divulgado estimativas de que 2002 deve fechar com cerca de 1,6 milhão de celulares GSM habilitados pelas duas operadoras.

Tentando solução
A TIM, que tem o sistema mais vulnerável contra roubo, afirma à reportagem que está trabalhando para tentar resolver o problema.

"Estamos fechando um consórcio para desenvolvimento de tecnologia de segurança com a Oi. Poderemos bloquear os celulares roubados a partir de fevereiro", diz Mauro Reyes, gerente contra fraudes da operadora.

Esse tipo de problema poderia ser minimizado se as operadoras cobrissem o prejuízo causado por um roubo de celular. A Oi, assim como a Telesp Celular e a BCP, oferece seguros antifurto para os aparelhos que vende. Variam de R$ 4,99 a R$ 12,99 por mês.

O problema é que o seguro muita vez é coberto somente com a apresentação de um boletim de ocorrência. O cliente que tenha esquecido o celular em algum lugar, por exemplo, não costuma ter direito ao ressarcimento. Uma franquia de R$ 100 pode também ser cobrada. A TIM não oferece seguro antifurto de celulares.

Para Severino Camilo, gerente sênior de desenvolvimento de negócios da Qualcomm (fabricante de equipamento para rede de CDMA e GSM), as falhas de segurança contra roubos de celulares GSM podem ser eliminadas. "Basta que o chip do celular tenha também o código do aparelho."

Sem clonagem
Por outro lado, tanto a TIM quanto a Telemar, que opera a Oi, afirmam que o GSM é totalmente seguro no que diz respeito à clonagem de números de celulares. Um problema que afeta usuários de outros tipos de sistema de telefonia móvel, como o CDMA.

A clonagem de linhas de celular é mais comumente realizada em locais com grande movimento de pessoas, como aeroportos ou rodoviárias. Por isso, as operadoras das bandas A e B, que não usam a tecnologia GSM, têm orientado seus clientes a desligar seus aparelhos quando estão nesses locais.

Os casos de telefones móveis de autoridades clonados se tornaram comuns. No ano passado, os celulares do então ministro da Justiça, Aloysio Nunes, da então secretária nacional de Justiça, Elizabeth Sussekind, e do assessor de imprensa do ministério na época chegaram a ser clonados na mesma semana em que a pasta discutia como evitar o uso de telefones móveis em crimes.
 

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