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15/01/2003 - 11h51

EUA terão rede nacional sem fio para PCs e palmtops

da Folha de S.Paulo

Conhecida como WiFi, a tecnologia de redes sem fio que permite o uso de computadores pessoais e micros de mão para conexão à internet em alta velocidade recebeu um selo significativo de aprovação quando a AT&T, a IBM e a Intel anunciaram a fundação de uma nova empresa, que criará uma rede nacional nos EUA.

Essa tecnologia indisciplinada, que tem sido em larga medida um parque de diversões para hackers, amadores e empresas iniciantes de alta tecnologia, já vem se espalhando em cafés, livrarias, aeroportos, hotéis, casas, empresas e até mesmo em alguns parques.

A nova empresa, que se chama Cometa Networks, estabeleceu metas ambiciosas: instalar mais de 20 mil pontos de acesso sem fio até o final de 2004, colocando um ponto a cinco minutos de caminhada dos usuários, em áreas urbanas, ou a cinco minutos de carro, em comunidades suburbanas.

O serviço tem a intenção de permitir que os usuários abram seus laptops e obtenham conexões sem fio de alta velocidade sem precisar fornecer números de cartão de crédito ou outras informações, como geralmente acontece hoje.

As conexões em geral teriam velocidade semelhante à de uma conexão doméstica de banda larga. Segundo os executivos da Cometa, a expectativa é que a rede nacional se combine à tecnologia Centrino, que colocará funções de acesso sem fio em todos os PCs portáteis com chip Intel (leia texto na pág. F4).

Conflito
Até o anúncio da Cometa, a tecnologia WiFi era vista por muitos analistas como iniciante e vinda de origens humildes, mas dotada da capacidade de perturbar outros projetos tecnológicos que exigem uso intensivo de capital, como as dispendiosas redes de telefonia móvel de próxima geração (2,5G e 3G) que estão sendo estabelecidas por empresas como AT&T Wireless, Cingular, Nextel, T-Mobile, Sprint e Verizon.

Mas os executivos da Cometa afirmam que, ao optarem por uma estratégia de atacado, na qual eles não venderão serviços de acesso à internet diretamente a consumidores ou a empresas, é mais provável que as duas tecnologias se complementem. Além disso, os usuários dos pontos de acesso sem fio em geral estariam imóveis durante suas conexões com a internet.

"O sistema WiFi têm banda muito larga [alta velocidade] e alcance curto, enquanto os serviços 2,5G e 3G têm bandas mais estreitas, com serviços projetados para dar sustentação à transferência de dados de e para usuários em movimento", diz Theodore Schell, presidente do conselho da Cometa. "Existe espaço para ambas as tecnologias."

Executivos e analistas reconhecem que, dada a situação econômica geral e o pessimismo que domina o setor de telecomunicações, criar uma rede nacional de acesso sem fio é um ato de fé. A crença dominante é que o setor se ampliou em excesso e investiu demais durante a onda da internet, na década passada.

A nova empresa não revela os preços que planeja cobrar por seus serviços. Para analistas do setor de comunicação sem fio, a instalação de um ponto de acesso WiFi num local público pode custar até US$ 4.000. Se o custo médio for de 50% desse valor, a criação de 20 mil pontos de acesso consumirá US$ 40 milhões.

"Um dos problemas é que empresas gigantescas muitas vezes não obtiveram grande sucesso na criação de empreendimentos de comunicação sem fio", diz Alan Reiter, editor do boletim especializado Wireless Internet and Mobile Computing.

Ele cita empreendimentos ambiciosos e caros, como uma iniciativa de transmissão de dados via telefones celulares chamada CPDP, nos anos 80 e começo dos 90, e o serviço de transmissão sem fio Metricom, que faliu em 2001 com dívidas de US$ 800 milhões.Militares temem interferência em sinais de radar
Alegando que a tecnologia WiFi, que proporciona acesso sem fio à internet, pode interferir com sistemas militares de radar, o Departamento de Defesa do governo dos EUA quer limitar seu uso.

Em dezembro, executivos de empresas como Microsoft e Intel se reuniram com funcionários do governo para tentar evitar essa restrição, que faz parte de uma proposta que está sendo analisada pela World Administrative Radio Conference, entidade que supervisiona frequências e padrões das comunicações via rádio.

Segundo o Departamento de Defesa, as emissões de rádio da tecnologia WiFi podem embaralhar até dez tipos de radar usados pelo Exército dos EUA. Enquanto as Forças Armadas dos EUA monitoram o espaço aéreo do país em busca de sinais de terrorismo, as empresas de tecnologia esperam que a popularidade do acesso sem fio à internet possa tirar seu setor da estagnação em que se encontra há dois anos.

"Ninguém, incluindo o Pentágono, duvida que ela [a WiFi] é importante para os consumidores e a indústria", afirma Steven Price, vice-coordenador de rádio do Departamento de Defesa. "Mas há um problema quando isso degrada nossa capacidade militar", diz. Estima-se que haja 16 milhões de aparelhos compatíveis com a tecnologia WiFi nos EUA.

Segundo a Federal Communications Comission (FCC), entidade do governo que regula as comunicações civis, até hoje não houve relatos de interferência entre aparelhos civis de acesso sem fio à internet e radares militares.

Para a indústria de informática, as aplicações militares podem coexistir com o acesso sem fio por meio da utilização de aparelhos inteligentes, que percebem a presença de sinais militares e automaticamente dão passagem a eles. Essa tecnologia, que já é usada na Europa, deve chegar em breve aos EUA.

O Pentágono quer que a FCC adie a decisão de abrir mais espaço para civis na banda de transmissão de 5 GHz, que é avidamente desejada por empresas de tecnologia e já foi liberada internacionalmente.

O Exército dos EUA deseja que as empresas do país (e de outras nações) aperfeiçoem um sistema contra interferência _algo que, segundo os fabricantes, pode levar os aparelhos civis a funcionar incorretamente.

Para executivos de informática, as exigências do Departamento de Defesa têm poucas chances de aceitação internacional, o que pode resultar em maior congestionamento das bandas de transmissão atuais.

Numa conferência realizada em novembro, a posição dos EUA foi fortemente contestada por países europeus. O debate será aprofundado e possivelmente resolvido numa reunião marcada para junho, em Genebra.
 

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