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04/11/2003
-
14h17
da Folha Online
As grandes gravadoras e estúdios parecem ter aderido ao lema "se não pode com o inimigo, junte-se a ele". É que mesmo que continuem na justiça contra as redes de compartilhamento de arquivos pela internet e seus usuários, algumas empresas estão, discretamente, testando formas de tirar vantagem do uso das redes P2P (peer-to-peer).
Em tradução livre do inglês, P2P significa "pessoa a pessoa" e é o nome dado às redes de compartilhamento de arquivos --principalmente músicas-- pela internet. O sistema ganhou esse nome porque não usa servidores para armazenar os arquivos. Ao invés disso, o usuário baixa o arquivo em seu PC diretamente do computador do colega conectado à mesma rede.
De acordo com a "Reuters", a BigChampagne, especializada em rastrear dados de downloads de arquivos na web, está fazendo uma pesquisa a pedido da rádio Clear Channel.
Além dela, o Jun Group --grupo que usa as redes de troca de arquivos como canal de divulgação de produtos-- passou a disponibilizar deliberadamente músicas protegidas por direitos autorais para os usuários de serviços de compartilhamento. O motivo? Chamar a atenção para as canções.
A BigChampagne estaria, a pedido das gravadoras, rastreando o que se passa em redes de troca de música como o Kazaa e o Morpheus. Os resultados são então usados pelas gravadoras para "vender" suas músicas às estações de rádio, por exemplo.
O rastreamento da atividade de download muitas vezes é capaz de prever que uma música será sucesso antes mesmo de ela ser tocada nas rádios com frequência.
"Trabalhamos com a maioria dos selos", disse o executivo-chefe da BigChampagne, Eric Garland, à "Reuters". "Este é um setor que depende de informações imediatas quanto à reação dos consumidores".
Recentemente, o Jun Group fechou acordos com um compositor, uma empresa de refrigerantes e uma rede de TV --que normalmente teriam muito cuidado com seus produtos-- para soltar seu conteúdo nas redes ditas de pirataria.
Mitchell Teichgut, ex-publicitário e presidente do Jun Group, diz que o serviço representa para as gravadoras uma nova maneira de vender música gravadoras, já que elas utilizam o mesmo modelo há décadas, segundo ele.
Para Teichgut, as gravadoras têm a opção de tentar "combater a tendência e continuar perdendo dinheiro, ou podem modificar o modelo de negócios existente há 100 anos e conseguir resultados imediatos para os artistas, consumidores e patrocinadores".
Às escuras
Como defende na Justiça a idéia de que as redes de compartilhamento de arquivos servem exclusivamente para facilitar a infração de direitos autorais, a indústria fonográfica hesita em assumir que está em contato com empresas como a BigChampagne ou o Jun Group.
O simples fato de as gravadoras admitirem o uso desses serviços para fins de pesquisa de mercado ou promoção de produtos enfraqueceria o argumento usado contra eles.
Com Reuters
Gravadoras rendem-se ao inimigo e começam a testar redes P2P
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As grandes gravadoras e estúdios parecem ter aderido ao lema "se não pode com o inimigo, junte-se a ele". É que mesmo que continuem na justiça contra as redes de compartilhamento de arquivos pela internet e seus usuários, algumas empresas estão, discretamente, testando formas de tirar vantagem do uso das redes P2P (peer-to-peer).
Em tradução livre do inglês, P2P significa "pessoa a pessoa" e é o nome dado às redes de compartilhamento de arquivos --principalmente músicas-- pela internet. O sistema ganhou esse nome porque não usa servidores para armazenar os arquivos. Ao invés disso, o usuário baixa o arquivo em seu PC diretamente do computador do colega conectado à mesma rede.
De acordo com a "Reuters", a BigChampagne, especializada em rastrear dados de downloads de arquivos na web, está fazendo uma pesquisa a pedido da rádio Clear Channel.
Além dela, o Jun Group --grupo que usa as redes de troca de arquivos como canal de divulgação de produtos-- passou a disponibilizar deliberadamente músicas protegidas por direitos autorais para os usuários de serviços de compartilhamento. O motivo? Chamar a atenção para as canções.
A BigChampagne estaria, a pedido das gravadoras, rastreando o que se passa em redes de troca de música como o Kazaa e o Morpheus. Os resultados são então usados pelas gravadoras para "vender" suas músicas às estações de rádio, por exemplo.
O rastreamento da atividade de download muitas vezes é capaz de prever que uma música será sucesso antes mesmo de ela ser tocada nas rádios com frequência.
"Trabalhamos com a maioria dos selos", disse o executivo-chefe da BigChampagne, Eric Garland, à "Reuters". "Este é um setor que depende de informações imediatas quanto à reação dos consumidores".
Recentemente, o Jun Group fechou acordos com um compositor, uma empresa de refrigerantes e uma rede de TV --que normalmente teriam muito cuidado com seus produtos-- para soltar seu conteúdo nas redes ditas de pirataria.
Mitchell Teichgut, ex-publicitário e presidente do Jun Group, diz que o serviço representa para as gravadoras uma nova maneira de vender música gravadoras, já que elas utilizam o mesmo modelo há décadas, segundo ele.
Para Teichgut, as gravadoras têm a opção de tentar "combater a tendência e continuar perdendo dinheiro, ou podem modificar o modelo de negócios existente há 100 anos e conseguir resultados imediatos para os artistas, consumidores e patrocinadores".
Às escuras
Como defende na Justiça a idéia de que as redes de compartilhamento de arquivos servem exclusivamente para facilitar a infração de direitos autorais, a indústria fonográfica hesita em assumir que está em contato com empresas como a BigChampagne ou o Jun Group.
O simples fato de as gravadoras admitirem o uso desses serviços para fins de pesquisa de mercado ou promoção de produtos enfraqueceria o argumento usado contra eles.
Com Reuters
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