29/01/2001 - 17h50

Internet é arma do racismo e da intolerância, diz ONU

da France Presse, em Estocolmo

A utilização da Internet e a crescente globalização são fatores cada vez mais importantes na difusão do racismo e da intolerância no mundo, declarou hoje a Alta Comissionada das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Mary Robinson, na abertura do Fórum Internacional contra a intolerância, o anti-semitismo e a xenofobia, em Estocolmo.

A Internet 'se transforma, nas mãos de alguns, em uma arma para o racismo', que difunde 'mensagens de ódio e preconceitos', declarou Robinson a 450 delegados de 40 países, reunidos durante dois dias por iniciativa do premier sueco Goeran Persson.

'Devemos vigiar o efeito contagioso dessas mensagens e buscar os meios para fazer com que as companhias de alta tecnologia e a mídia se dediquem mais mais à luta contra o racismo', assinalou.

'Como em outros aspectos de nossa existência, a globalização tem também consequências' no racismo, acrescentou, frisando que a criminalidade entre fronteiras, como o tráfico de seres humanos, estavam aumentando e que os movimentos de populações levavam em geral a um aumento da xenofobia.

Por isso, a Europa 'pode e deve fazer algo mais' para combater o racismo, explicou Robinson.

Destacando a crescente popularidade dos partidos de extrema-direita, a alta comissionada denunciou o aumento geral da intolerância face aos estrangeiros e o aparecimento de atitudes racistas 'em sociedades prósperas, onde os meios de subsistência estão garantidos'.

Criticou também os dirigentes europeus que dão as costas aos imigrantes enquanto os níveis de natalidade caem e o continente precisa de mais habitantes, ainda que somente por sua 'vitalidade econômica'.

'O fracasso dos governos em erradicar o desemprego em massa, em fazer compartilhar a prosperidade e o crescimento, em reduzir a pobreza e as diferenças sociais, e em erradicar a corrupção e o crime organizado levaram os indivíduos a desconfiar da democracia', afirmou.