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30/03/2001 - 17h20

Falha na linguagem ASP abre dados de sites

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FRANCISCO MADUREIRA
Coordenador de Informática Online

Uma falha na programação da linguagem ASP, utilizada no sistema de segurança de alguns sites de vendas pela internet, permite que um internauta mal-intencionado invada bancos de dados e consiga qualquer informação sobre seus clientes, inclusive o número de seus cartões de crédito.

A falha permite ao hacker entrar no sistema sem precisar conhecer nomes de usuários ou suas senhas. Basta digitar um código simples de programação para burlar a necessidade da senha e saber dados sobre o primeiro usuário que for encontrado nos bancos de dados do site.

Caso o banco de dados do site possua informações como número do CPF ou de cartão de crédito, o hacker poderia utilizar os dados de outra pessoa para fazer compras em qualquer site de comércio eletrônico.

Como grande parte dos internautas usa a mesma senha do provedor para se cadastrar em sites de comércio eletrônico, também é perfeitamente possível que o hacker veja sua conta de e-mail e até acesse a internet por seu provedor, sem pagar mensalidade.

Além de lojas virtuais, o hacker que descobrir o código pode entrar em sites de busca e até contas de e-mails de webmails na internet que usem a linguagem ASP.

O problema é que, sem um código de proteção, o formulário de nome de usuário e senha entende o texto digitado como um comando ASP e não como um nome próprio. Assim, em vez de procurar no banco de usuários pelo nome digitado, ele executa um comando que torna a senha desnecessária.

No caso das páginas de administração de sites, a falha é bem mais perigosa. É possível, por exemplo, ter acesso a toda a estrutura do site, inclusive os dados cadastrais dos usuários.

O programador Carlos Alberto Bueno (www.hacker-info.com.br) alertou sobre a falha que permite acessar o cadastro de usuários de alguns sites. Ele conseguiu ter acesso a dados cadastrais de mais de 62 mil clientes de uma grande loja virtual, entre eles: número do cartão de crédito, e-mail, senha no site e até o número do manequim de vários compradores.

"É um problema sério", diz a gerente de lojas paulistana Marly Aparecida de Sant Anna, usuária de um dos sites. Ela compra bastante pela internet, mas se diz amedrontada com a possibilidade de ter seus dados expostos.

"Isso é delicado porque não depende só do usuário, mas também dos programadores, que precisam desenvolver processos de navegação mais seguros", diz a internauta.

Vale lembrar que as páginas da Folha Online não utilizam a linguagem ASP.

Antigo problema
Especialistas de segurança de grandes empresas de informática revelam, no entanto, que o problema é velho conhecido. "Isso é uma falha de programação do site. Nos próprios guias de segurança da Microsoft eles recomendam cuidados com os formulários de senhas", diz um analista que preferiu não se identificar.

O cadastro de alunos de pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por exemplo, é um dos que pode ser invadido, segundo Bueno. Mas, ao que parece, o site já recebeu outros avisos: "Há oito meses já enviei um e-mail para eles comunicando o problema", disse o analista.

Ele afirma que burlar a senha é o menor problema. Um hacker poderia, por exemplo, digitar um comando e mudar tudo no banco de dados. "Até vírus ele pode colocar lá", diz.
 

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