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02/05/2001 - 04h43

Serviços desbloqueiam internet proibida

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JENNIFER LEE, do "The New York Times"

Se você vive na Arábia Saudita, não pode ter acesso à pornografia na World Wide Web. Tampouco pode ter acesso a sites que o governo vê como difamatórios do islamismo ou da família real saudita, nem pode usar as salas de bate-papo do Yahoo! ou os serviços de telefone via internet. E, mesmo que seja estudante de medicina, você talvez não possa ver sites sobre a anatomia humana.

"Eles têm o direito de proteger a população contra pornografia e assuntos políticos", diz um engenheiro de Dhahran, Arábia Saudita, "mas outras coisas não deveriam ser bloqueadas".

No ano passado, porém, alguns sauditas encontraram uma nova rachadura na barreira erguida pelo governo. Ao mascarar o destino on-line do internauta, uma pequena empresa de Oakland, Califórnia, chamada SafeWeb, permitiu que pessoas na Arábia Saudita ou em qualquer outro país que impõe restrições visitassem qualquer site que quisessem.

Poucas semanas depois de os sauditas descobrirem essa "porta dos fundos", o número de hits de internautas sauditas pelo site da SafeWeb já subira para dezenas de milhares por dia.

Então, em meados de novembro, o governo saudita cortou o acesso de micros do país ao SafeWeb, e o número de acessos caiu de 70 mil por dia para zero. O que a SafeWeb fez? Usando e-mail, ela indicou para os usuários sauditas uma nova tecnologia que lhes permitiria desviar-se das barreiras. O número de usuários sauditas voltou a subir.

A Arábia Saudita, que apenas em 1999 começou a permitir o acesso público à rede, não é a única a restringir os sites e as informações que seus habitantes podem ver. O grupo de defesa dos direitos de jornalistas Repórteres Sem Fronteiras, sediado na França, estima que pelo menos 20 países restrinjam significativamente o acesso à internet (não se sabe até que ponto eles monitoram o tráfego de e-mails na rede). Muitos desses países estão envolvidos em brigas a respeito do acesso à rede semelhantes às que são vistas na Arábia Saudita.

"Existe uma briga no nível da arquitetura", afirma o professor de direito Lawrence Lessig, da Universidade Stanford. "É o código do ciberespaço que confere privacidade e a tira".

Bloqueio a dissidentes
De um lado estão os governos que restringiram o acesso à internet. Em alguns países, como Cingapura, a maioria dos sites proibidos traz pornografia. Muitos governos também bloqueiam o acesso a sites de dissidentes políticos, mas a censura pode ser muito mais ampla do que isso.

No Oriente Médio, por exemplo, sites antiislâmicos e gays muitas vezes são proibidos. Na China, a interdição inclui os sites de publicações ocidentais, organizações de direitos humanos e do movimento espiritual proscrito Falun Gong. E a Arábia Saudita também bloqueia sites por razões financeiras: sua proibição à telefonia na internet favorece seu próprio monopólio telefônico estatal.

Combatem essas restrições governamentais os serviços, alguns deles gratuitos, fornecidos por empresas como SafeWeb (www.safeweb.com), Anonymizer (www.anonymizer.com), SilentSurf.com (www.silentsurf.com) e The Cloak (www.the-cloak.com). Durante o conflito de Kosovo, em 1999, a Anonymizer criou serviços gratuitos para que os kosovares pudessem comunicar-se sem temor.
 

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