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21/07/2000 - 04h55

Monte sua jukebox dos sonhos com MP3

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ÁLVARO PEREIRA JUNIOR, da Folha de S.Paulo

Uma "jukebox celestial'' paira em algum ponto do espaço. É sua seleção de músicas preferidas, centenas delas, a que você pode ter acesso em qualquer ponto do planeta _andando na rua, ao volante do carro, tomando sol entre coqueiros e turistas de topless no sul da Índia.

"Agora quero ouvir 'Dirty Boots', do Sonic Youth'', você pede. Passa-se uma fração de segundo e o baixo de Kim Gordon entra pelos fones de ouvido. Pronto. Era a música que você queria, na hora.

Acredite, os parágrafos acima não descrevem um delírio psicodélico. São, na verdade, a descrição do futuro da música, nas palavras de um dos nomes mais importantes da era digital: ninguém menos do que Michael Robertson, o principal executivo da empresa MP3.com, justamente quem começou a revolução musical na Internet (o formato MP3 permite a compressão e o tráfego rápido de músicas na rede).

Essa jukebox etérea tem um nome técnico _provedor de serviço musical_ e, na opinião de Robertson, é para onde caminha a indústria do entretenimento. Vídeos, canções, o que seja: tudo acessível a partir de aparelhos portáteis e sem fio. "Para que o provedor de serviço musical tenha valor, o consumidor não pode estar preso a seu computador pessoal'', sentenciou o executivo, no fim de junho, durante a Terceira Conferência de Cúpula de MP3, em San Diego, sul da Califórnia.

A MP3.com opera na ensolarada San Diego, mas é uma exceção na geografia da música pela Internet. As principais empresas do ramo, desde as mais inovadoras até as mais estabelecidas, ficam mais ao norte, em volta de San Francisco, vizinhas do chamado vale do Silício (região que abriga as principais companhias de computação do mundo).

Um bairro de San Francisco já ganhou até o apelido de "Audio Alley'' (ou Vila do Áudio, numa tradução livre), tantas são as empresas do universo da música "ponto com'' que reúne. Ali estão localizadas, por exemplo, a Radio.SonicNet (um supermercado musical), o Winamp (programa mais popular para tocar MP3) e, principalmente, o Listen, guia extensivo de música "baixável'' pela Internet.

É também no vale do Silício que fica a filha rebelde dessa história, a Napster, fundada por um estudante de 19 anos.

A empresa criou e distribui o programa que permite a livre troca de arquivos musicais, de computador para computador. Tudo de graça, sem precisar entrar diretamente num site. É o pior pesadelo da indústria do entretenimento: música (e, no futuro, vídeo) de graça.

É um horizonte de absoluta fragmentação, que já levou artistas como Metallica e Dr. Dre, além da associação das gravadoras, à Justiça contra a Napster.

Enquanto "novos'' e "velhos'' trocam farpas, alguns executivos imaginam um futuro em que tecnologias do tipo Napster serão dominantes, mas com espaço para as gravadoras ganharem dinheiro.
"A música não será gratuita, nem os grandes selos vão se afundar. Vamos encontrar novos modelos econômicos'', disse à revista "Rolling Stone'' Don Rose, presidente da gravadora Rykodisc.

No outro extremo, um professor de direito da Universidade Harvard é incisivo. "Quero destruir a indústria da música para criar uma outra, que una diretamente músico e público.''

O acadêmico se chama John Perry Barlow, foi letrista da banda hippie Grateful Dead, e acha que "copiar é a melhor coisa para distribuir o valor econômico da informação''.

Na visão de Barlow, o trânsito de informação musical torna obsoletas as gravadoras, porque o artista pode montar seu próprio site, onde o fã encontra músicas "baixáveis'', ingressos para shows e outras mercadorias lucrativas. O site iuma.com, por exemplo, abriga milhares de artistas independentes, que de outra maneira não teriam como ser conhecidos.

Eis aí o desafio para a indústria. Às gravadoras e músicos, buscar uma convivência pacífica sob essa nova realidade. Aos fabricantes de equipamentos, desenvolver tecnologia que torne a música cada vez mais acessível _numa jukebox celestial.

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