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Brasil vai gerar mais e-lixo, diz especialista
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AMANDA DEMETRIO
da Folha de S.Paulo
BRUNO ROMANI
colaboração para a Folha de S.Paulo
Governo, fabricantes e especialistas reagiram ao estudo que coloca o Brasil na primeira colocação, entre países emergentes e em desenvolvimento, no topo da produção per capita de lixo eletrônico proveniente de computadores.
"É uma aferição econômica com a qual concordamos. O Brasil será um grande gerador de resíduos nos próximos anos", afirma Casemiro Tércio Carvalho, coordenador de planejamento ambiental da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo. Carvalho credita a posição do Brasil à ampliação da inclusão digital no país e ao aumento do poder aquisitivo das classes C, D e E.
João Carlos Redondo, gerente de sustentabilidade da Itautec, diz, "Não dá para negar que a tecnologia vem barateando e que há um aumento no acesso. Esse dado da ONU tem um pouco a ver com o nosso perfil recente de consumo".
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Já a comparação feita entre os países para a produção do relatório é questionada por Angela Cassia Rodrigues, doutoranda de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo).
"No caso do Brasil, devido a ausência de dados históricos de vendas, foi utilizada informação da base de PCs instalada, entretanto, não existe no relatório fontes de referência dessa informação." aponta.
Segundo ela, a estimativa para os outros países foi realizada com base nos dados de produtos colocados no mercado, portanto a comparação ficou "arriscada e prejudicada" porque os métodos de estimativa foram diferentes.
O representante da Itautec questiona a metodologia do estudo. "Não é adequado criticar a iniciativa da ONU em gerar esse tipo de relatório, mas a forma como ele foi feito, a metodologia utilizada. Uma boa parte disso é inferência, não é baseada em dados precisos", diz.
Sobre a falta de dados no estudo sobre o Brasil, o representante da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo diz que ainda não existe nada para mensurar a produção de e-lixo.
Estudos e legislação
"O que estamos fazendo em São Paulo é um estudo para dimensionar o quanto cada um gera de resíduos. Queremos uma tabela com o quanto daquilo é plástico, orgânico, eletroeletrônico ou lâmpada."
Carvalho adiantou que, nas próximas semans, deve ser publicada em São Paulo uma resolução determinando que centros de venda tenham pontos de retorno voluntário de resíduos. "Os eletroeletrônicos têm que entrar na logística reversa (política pela qual fabricantes e distribuidores se tornam responsáveis pelos resíduos de seus produtos). Se o cliente quiser deixar o produto, o distribuidor deve receber."
Para o professor Fernando S. Meirelles, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a questão do lixo eletrônico no Brasil não é necessariamente um problema de governo. "É um fator cultural. O mercado de reciclados ainda é muito incipiente e não há coletores suficientes."
A Folha procurou o Ministério do Meio Ambiente, o escritório da ONU para a América Latina e o escritório do Pnuma em Brasília e em Nairóbi, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
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