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06/08/2001 - 09h22

"American Pie 2" é pirateado na web antes de entrar em cartaz

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da Reuters, em Londres (Reino Unido)

"CJ", uma garota de 14 anos de Tel Aviv, está ansiosa para assistir a "American Pie 2", nova comédia da Universal Studios, com estréia nos EUA prevista para 10 de agosto. O filme ainda levará um tempo para chegar a Israel.

Mas "CJ", seu apelido numa sala de bate-papo on-line, não terá de esperar tanto. Ela ouviu falar que pode fazer o download de uma cópia do filme no Hotline, um serviço de troca de arquivos na internet.

E não será apenas ela. Dezenas de piratas e fãs de cinema vêm copiando em ritmo alarmante "American Pie 2", fazendo dele um dos filmes mais pirateados do momento na rede de computadores.

"Na semana passada, encontrei o filme em dois lugares", disse Keir Ritchie. "Ontem, dei uma olhada e já o vi em uma dezena de lugares. Na semana que vem, estará por toda parte."

"A prevenção é a chave do negócio", explica Ritchie, que monitora a internet para a Copyright Control Services, empresa com sede na Inglaterra contratada para impedir a violação dos direitos autorais de seus clientes por meio da distribuição digital.

"Na semana passada, eu teria levado apenas algumas horas para retirar o filme dos servidores. Agora, levaria dias. Na próxima semana, esqueça", disse Ritchie.

Isso é má notícia para a Universal. "American Pie", comédia de 1999 sobre adolescentes americanos que só pensam em sexo, foi um grande sucesso de bilheteria, arrecadando mais de US$ 100 milhões apenas nos EUA. A nova versão conta com o mesmo elenco e o estúdio espera faturar novamente com o público adolescente.

A Hotline, empresa de Toronto que criou o software de troca de arquivos on-line, diz estar ciente de que uma "minoria" de seus usuários utiliza o programa para piratear material patenteado, mas observa que não tem nenhum controle sobre como as pessoas utilizam o seu produto.

E não são apenas filmes. Novos softwares, vendidos nas lojas a preços caríssimos — como um programa de áudio digital para músicos, que não sai por menos de US$ 8.000, ou versões ainda nem lançadas do sistema operacional Microsoft Windows XP —, podem ser encontrados facilmente na rede, e de graça.

HERANÇA DO NAPSTER

Uma das lições do fenômeno Napster é que a atração por conseguir algo de graça é capaz de levar milhões de internautas a um serviço on-line inicialmente desconhecido. As gravadoras podem ter se livrado do Napster — obrigado a sair do ar por permitir a pirataria de música no formato MP3 —, mas a dor de cabeça delas continua.

A revolução da troca de arquivos agora foi transferida para o subsolo. Novos e mais sofisticados serviços pessoa a pessoa surgem com frequência. Esses lugares se tornam o paraíso das trocas de conteúdo digital. Como num bazar, quanto mais negociantes presentes, mais fácil fica encontrar filmes ou software recém-lançados ou que ainda nem chegaram ao mercado.

Os novos serviços são mais difíceis de serem policiados. Diferentemente do Napster, será muito difícil tirar do ar esses novos sistemas. A Justiça dos EUA obrigou o Napster a desativar seu servidor central, desconectando os usuários uns dos outros.

Agora, programas como Hotline, Grokster, Gnutella e KaZaA funcionam como uma rede sem um servidor central. Os usuários baixam os programas de graça, instalam em suas máquinas e passam a trocar arquivos diretamente com os outros, sem intermédio ou supervisão de uma corporação.

Para fechar esses serviços seria necessário tirar do ar individualmente cada usuário. No caso do Hotline, isso significaria abrir ações judiciais contra mais de 3 milhões de pessoas para que não mais compartilhassem os seus discos rígidos com os outros, ou obrigar os provedores de acesso a internet a barrar esse tipo de atividade.

"Isso levanta questões completamente novas", disse Stephen Townley, advogado de Londres especializado em questões de direitos digitais. "Não se trata mais de um caso de adequar as leis. É uma questão pragmática. Trata-se de aplicar a lei a uma situação onde não há um só caso de violação, mas milhões."

Devido ao avanço tecnológico — como, por exemplo, o DivX, protocolo que permite comprimir os filmes da mesma forma como o MP3 comprime as músicas — foi criada na internet uma comunidade onde legítimos consumidores podem se tornar piratas da noite para o dia. Tudo o que você precisa é uma conexão rápida de banda larga à rede.
 

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