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29/08/2001
-
02h33
da Folha de S. Paulo
Lobistas a serviço da Microsoft adotaram uma tática ousada para tentar fortalecer a posição da empresa, que é acusada de concorrência desleal na Justiça dos EUA: teriam forjardo cartas em que cidadãos defendem a empresa e as enviado para promotores estaduais dos Estados Unidos.
O caso, que envolve centenas de cartas, foi revelado pelo jornal "Los Angeles Times" na semana passada. A correspondência foi redigida pelo Americans for Technology Leadership (ATL) e pelo Citizens Against Government Waste, grupos políticos financiados pela Microsoft.
Segundo o ATL, os cidadãos que assinam as cartas foram contatados por telefone e responderam a algumas perguntas sobre a Microsoft. De acordo com o grupo, quem declarasse apoiar a empresa era convidado a escrever para um promotor estadual expressando sua opinião.
Confrontado pelo "Los Angeles Times", que teve acesso às cartas e constatou que muitas traziam trechos idênticos, o ATL admitiu tê-las redigido, considerando isso uma prática "normal". Para dar uma impressão de autenticidade, cada cópia foi escrita com fontes e espaçamentos diferentes.
Pelo menos dois remetentes da correspondência pró-Microsoft "enviaram" cartas depois de morrer, o que evidencia a fraude. Além disso, uma cópia veio da cidade de Tuscon, no estado de Utah, mas essa cidade não existe.
Segundo o "Los Angeles Times", as cartas foram enviadas para promotores dos Estados de Utah, Minnesota e Iowa, que perceberam a fraude.
A assessoria do procurador estadual de Utah disse tratar-se de "uma óbvia tentativa de manipulação". Para o promotor de Minnesota, Mike Hatch, o caso é "vergonhoso". "Essa empresa não se preocupa com limites éticos", afirmou Hatch.
De acordo com os procuradores estaduais, o ATL ludibriou alguns dos cidadãos que entrevistou, pois disse que as perguntas sobre a Microsoft faziam parte de uma pesquisa do governo.
Hatch procurou cidadãos entrevistados pelos lobistas pró-Microsoft.
Vários cidadãos responderam dizendo ter sido enganados pelos telefonemas.
Em um trecho das cartas, o remetente diz ao procurador que "nós precisamos permitir que a Microsoft volte a desenvolver produtos" e lhe pede ajuda para "manter a liberdade necessária ao setor de informática".
A Microsoft admitiu ter contratado lobistas para redigir as cartas, mas disse que os grupos políticos envolvidos é que deveriam comentar o caso. O porta-voz da companhia limitou-se a dizer que "empresas como AOL, Oracle e Sun têm feito campanha política contra a Microsoft, e é natural que haja grupos se mobilizando para defendê-la".
Além de tentar convencer procuradores, a Microsoft procura estabelecer boas relações com os políticos dos EUA: entre 1999 e 2000, a empresa se tornou a quinta maior doadora de recursos para as campanhas dos partidos Democrata e Republicano.
Tudo isso faz parte da estratégia para reverter uma derrota judicial sofrida no ano passado, quando o juiz Thomas Jackson determinou que a Microsoft fosse divida em duas. Desde então, a empresa de Bill Gates conseguiu que Jackson fosse afastado do caso e o julgamento fosse encaminhado para uma corte de apelações, que anulou a divisão e está analisando o processo.
Novo Windows
A Microsoft também faz jogadas de efeito para o lançamento do Windows XP, que deve chegar ao mercado em outubro: depois de receber CDs com cópias do sistema operacional, representantes dos seis maiores fabricantes de micros dos EUA deixaram a sede da empresa em helicópteros pintados com o logotipo do novo programa. A versão mais barata do sistema custará US$ 99.
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O caso, que envolve centenas de cartas, foi revelado pelo jornal "Los Angeles Times" na semana passada. A correspondência foi redigida pelo Americans for Technology Leadership (ATL) e pelo Citizens Against Government Waste, grupos políticos financiados pela Microsoft.
Segundo o ATL, os cidadãos que assinam as cartas foram contatados por telefone e responderam a algumas perguntas sobre a Microsoft. De acordo com o grupo, quem declarasse apoiar a empresa era convidado a escrever para um promotor estadual expressando sua opinião.
Confrontado pelo "Los Angeles Times", que teve acesso às cartas e constatou que muitas traziam trechos idênticos, o ATL admitiu tê-las redigido, considerando isso uma prática "normal". Para dar uma impressão de autenticidade, cada cópia foi escrita com fontes e espaçamentos diferentes.
Pelo menos dois remetentes da correspondência pró-Microsoft "enviaram" cartas depois de morrer, o que evidencia a fraude. Além disso, uma cópia veio da cidade de Tuscon, no estado de Utah, mas essa cidade não existe.
Segundo o "Los Angeles Times", as cartas foram enviadas para promotores dos Estados de Utah, Minnesota e Iowa, que perceberam a fraude.
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De acordo com os procuradores estaduais, o ATL ludibriou alguns dos cidadãos que entrevistou, pois disse que as perguntas sobre a Microsoft faziam parte de uma pesquisa do governo.
Hatch procurou cidadãos entrevistados pelos lobistas pró-Microsoft.
Vários cidadãos responderam dizendo ter sido enganados pelos telefonemas.
Em um trecho das cartas, o remetente diz ao procurador que "nós precisamos permitir que a Microsoft volte a desenvolver produtos" e lhe pede ajuda para "manter a liberdade necessária ao setor de informática".
A Microsoft admitiu ter contratado lobistas para redigir as cartas, mas disse que os grupos políticos envolvidos é que deveriam comentar o caso. O porta-voz da companhia limitou-se a dizer que "empresas como AOL, Oracle e Sun têm feito campanha política contra a Microsoft, e é natural que haja grupos se mobilizando para defendê-la".
Além de tentar convencer procuradores, a Microsoft procura estabelecer boas relações com os políticos dos EUA: entre 1999 e 2000, a empresa se tornou a quinta maior doadora de recursos para as campanhas dos partidos Democrata e Republicano.
Tudo isso faz parte da estratégia para reverter uma derrota judicial sofrida no ano passado, quando o juiz Thomas Jackson determinou que a Microsoft fosse divida em duas. Desde então, a empresa de Bill Gates conseguiu que Jackson fosse afastado do caso e o julgamento fosse encaminhado para uma corte de apelações, que anulou a divisão e está analisando o processo.
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A Microsoft também faz jogadas de efeito para o lançamento do Windows XP, que deve chegar ao mercado em outubro: depois de receber CDs com cópias do sistema operacional, representantes dos seis maiores fabricantes de micros dos EUA deixaram a sede da empresa em helicópteros pintados com o logotipo do novo programa. A versão mais barata do sistema custará US$ 99.
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