Livraria da Folha

 
22/08/2010 - 13h32

Dois anos depois de perder filho em acidente, Silvio Caldas foi pai aos 70

WILLIAM MAGALHÃES
Colaboração para a Livraria da Folha

Divulgação
Com 60 páginas, livro em capa dura traz tudo sobre o compositor Silvio Caldas, além de CD
Com 60 páginas, livro em capa dura traz tudo sobre o compositor Silvio Caldas, além de CD

Nascido em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, em 23 de maio de 1908, Silvio Narciso de Figueiredo Caldas, teve sua infância cercada de ritmos musicais.

Sílvio Caldas pertenceu a uma família de músicos. Sua mãe cantava, e seu pai era afinador de pianos e compositor. Sem negar os dotes da família, aos cinco anos fez sua primeira apresentação pública, cantando uma música brejeira no Teatro Fênix.

Começou a carreira profissional em 1927, ano em que levado por Máximo de Albuquerque, fez um teste na Rádio Mayrink Veiga onde começou a atuar. Dois anos mais tarde, passou a cantar na Rádio Sociedade.

O ano de 1930 reservaria muitas surpresas para Silvio Caldas. Em fevereiro gravou "Tracuá me Ferrô", em dueto com Breno Ferreira, pela gravadora Victor. Foi também nesse período que atuou na revista Brasil do amor e lançou 19 discos pela Victor, com 32 músicas. No ano seguinte, gravaria "Faceira", de Ary Barroso, seu primeiro grande sucesso.

Nessa década iria se dedicar principalmente ao samba e a gravação de marchinhas. "Maria" e "Segura esta Mulher" ficaram famosas e tornaram Sílvio Caldas conhecido como o intérprete de Ary Barroso.

Durante a década de 30, Silvio Caldas cantou em praticamente todas as emissoras de rádio do Rio. Gravou também muitas canções como "Na Aldeia", "Boneca", "O Telefone do Amor", "Por Causa dessa Cabocla" e "Inquietação".

Em 1934, tornou-se parceiro de composições de Orestes Barbosa. Três anos mais tarde lançou "Chão de Estrelas", que virou seu maior sucesso, tornando-se obrigatória nas rodas de seresteiros. No ano seguinte, com a marcha "As Pastorinhas", de Noel Rosa e João de Barro, o Braguinha, foi escolhido Cidadão Samba.

Gravou "Mulher", de Custódio Mesquita e Sadi Cabral, em 1940. Dali a dois anos faria a regravação do clássico "Aquarela do Brasil" e "Na baixa do sapateiro", ambos de Ary Barroso. Em 1943, fez a primeira gravação da gravadora Continental com "Mágoas de um trovador".

Em meados da década de 40 participou de filmes nacionais como "Tristezas não Pagam Dívidas" e "Luz dos Meus Olhos", ambos de José Carlos Burle, e "Não Adianta Chorar", de Watson Macedo.

Assinou contrato com a gravadora Colúmbia em 1954 e lançou as canções "Poema dos Olhos da Amada" e "São Francisco", de Vinicius de Moraes e Paulo Soledade, e os sambas "Você não Veio", "Perdoa Senhor" e "Vivo em Paz", de sua autoria.

Lançou seis LPs entre as décadas de 1950 e 1960. Em 1968, o disco "Isto é São Paulo" trouxe 11 composições de Lauro Miller sobre a cidade. "Ipiranga", "Freguesia do Ó" e "São Paulo Antigo" foram algumas das faixas que musicaram os bairros paulistanos e seus encantos.

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No final da década de 1960, Silvio Caldas diminuiu o ritmo de suas participações e atuações e praticamente se retirou da vida artística. No entanto, voltou tantas vezes a cantar que foi chamado de "Cantor das Despedidas".

Motivos para retorno e recomeçar em sua vida, não faltaram. Casou-se pela segunda vez aos 56 anos. Em 1974, seu filho de nove anos morreu atropelado. Para Silvio, o acidente era "vontade de Deus". Dois anos depois, com quase 70, teve outro filho.

Um de seus registros mais importantes foram os dois LPs "Silvio Caldas Ao Vivo - Histórias da MPB", gravado em 1973. Em mais de 50 músicas gravada contou a história da música popular, interpretando obras de diversos compositores, como Dorival Caymmi, Lamartine Babo, Noel Rosa e Ary Barroso.

Silvio Caldas morreu aos 89 anos, em 3 de fevereiro de 1998, na cidade de Atibaia. O compositor foi sepultado no cemitério Parque das Flores. O motivo do falecimento foi parada cardiorrespiratória em função de uma anemia profunda. Cerca de um ano antes de sua morte, Caldas já sofria de anorexia.

Clássicos

Silvio Caldas nasceu em 1908, o mesmo ano do compositor Cartola. Começou a cantar profissionalmente na década de 20 e foi contemporâneo de nomes de peso da MPB, como Noel Rosa.

Na década de 30, quando se apresentava em espetáculos de revista, fez sucesso por sua voz e ritmo, ficando marcado por imprimir sua marca às serestas. Gravou clássicos da música brasileira entre eles "Chão de Estrelas" e "Aquarela do Brasil".

 
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