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26/09/2006 - 17h15

Blair se despede de seu partido e diz ser difícil apoiar os EUA

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da Folha Online

Tony Blair deu seu derradeiro discurso como primeiro ministro ao Partido Trabalhista nesta terça-feira ressaltando a importância de manter laços estreitos com Washington na luta contra o terrorismo, mesmo que seja difícil de ser o aliado mais forte dos Estados Unidos. As informações são do jornal "USA Today".

O líder de 53 anos admitiu que seria difícil de deixar o escritório, mas ponderou que é o melhor a se fazer.

Em um discurso melancólico, mas direcionado para o futuro, Blair disse que o partido deve permanecer destemido para manter o poder e disse que o legado mais importante que deixou foi a vitória dos trabalhistas pelo quarto mandato consecutivo.

Correligionários, gratos pela vitória, ouviam atentamente o discurso e, por diversas vezes, interrompiam com aplausos. Muitos acenavam com cartazes com os dizeres "muito jovem para se aposentar" e "Tony, você fez o Reino Unido melhor".
Efe
Blair e sua mulher após seu último discurso como líder trabalhista.
Blair e sua mulher após seu último discurso como líder trabalhista.


Blair iniciou sua carreira política como um jovem candidato ao Parlamento em 1983, e disse que os trabalhistas mudaram os rumos dos debates na política britânica durante o tempo em que liderou o partido.

"A verdade é que você não pode continuar para sempre", disse Blair. "Por isso, esta é minha última convenção como líder."

"Claro que é difícil de abandonar o cargo. Mas também é correto deixá-lo. Pelo país e por vocês do partido", disse em discurso que durou cerca de uma hora.

Embora Blair tenha tido uma história de amor e ódio com o partido desde que assumiu a liderança da base em 1994, remodelando-o ao longo dos anos, ele disse que sempre verá os feitos dos trabalhistas com orgulho.

"Onde quer que eu esteja, o que quer que eu faça, estarei com vocês", disse.

Blair afirmou, ainda, que a luta contra o terrorismo continuará a ser um desafio para o Reino Unido nos próximos anos. E destacou como crucial a iniciativa de o país se manter alinhado aos Estado Unidos, embora tenha sofrido diversos danos políticos por conta dos estreitos laços que manteve com o presidente Bush e por seu apoio à guerra do Iraque.

"Sim, algumas vezes é difícil de ser o aliado mais forte da América", disse, acrescentando que uma aproximação profunda com a União Européia também pode se tornar difícil. "Atualmente as pessoas apenas vêem o preço dessas alianças. Mas, abandone esta política e o custo em termos de poder, peso e influência do Reino Unido será infinitamente maior."

Blair suscitou uma crise no partido ao anunciar no último 7 de setembro que se ausentaria dentro de um ano, embora não tenha especificado uma data precisa.

Ele ofereceu uma calorosa acolhida ao chefe do tesouro britânico, Gordon Brown, o homem que espera sucedê-lo, mas logo abandonou o discurso. Blair disse que os trabalhistas jamais teriam vencido três mandatos sem as contribuições de Brown, embora tenha admitido que sua relação se complicou em alguns momentos.

"Nenhum relacionamento é sempre fácil, menos ainda na política. [Brown] é um homem de destaque e um extraordinário servidor do país. Esta é a verdade."

Blair fez uma longa descrição de seus feitos no governo desde que se tornara premiê em 1997.

Disse que os trabalhistas construíram uma economia forte, reduziram a pobreza na infância e permitiram aos gays formalizar parcerias civis. Entradas gratuitas em muitos museus, proibição do fumo e a vitória de Londres como sede dos Jogos Olímpicos de 2012 também foram citados como feitos de sua gestão.

"Olhe para trás e se orgulhem, este país mudou."

"Os trabalhistas foram tão bem sucedidos ao remodelar a política britânica que o Partido Conservador, em resposta, saiu da direita e se direcionou ao centro. Nós mudamos os termos do debate político", disse Blair.

Michael Lauro, um legislador trabalhista local de Derbyshire, região central da Inglaterra, disse que também estava pensando em se retirar da política, mas que o discurso de Blair o fez mudar de idéia.

"Sou muito emotivo", disse Lauro tirando os óculos para enxugar as lágrimas. "Foi uma grande despedida, mas muito triste. Ele mudou os rumos do país. É o melhor premiê que este país já teve."

Mr. Brown

O discurso veio um dia após Gordon Brown ter fortalecido sua intenção de alcançar o cargo com um auto-confiante discurso que apontou claramente o tipo de líder que ele tenciona ser.

Brown definiu uma visão centrista ao concordar com Blair que os trabalhistas devem focalizar os eleitores moderados para permanecer no poder. No entanto, procurou manter seu apoio à ala esquerdista do partido com declarações de compromisso com os principais valores trabalhistas, como justiça social e luta contra a pobreza.

Brown negou ter estado por trás da rebelião que forçou Blair a prometer se afastar do poder dentro de um ano, mas muitos comentam que ele estava ansioso para ocupar o cargo.

"Durante esses anos, as diferenças internas foram uma distração pela qual eu lamento e sei que Tony também lamenta", disse Brown nesta segunda-feira.

Ele engrossou o coro pelo pedido de Blair para que os trabalhistas deixassem de lado suas obsessões políticas internas e se concentrassem nas políticas que interessam aos britânicos.

"A única razão por estarmos na política é como servidores do povo", disse Brown.

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