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29/09/2006 - 09h01

Em 1º discurso, premiê japonês ressalta a revisão da Constituição

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da France Presse, em Tóquio

O novo primeiro-ministro do Japão, o conservador Shinzo Abe, 52, prometeu nesta sexta-feira acelerar o processo de revisão da Constituição pacifista do país em seu primeiro discurso no Parlamento, ao mesmo tempo que tentou tranqüilizar China e Coréia do Sul.

"Chegou o momento de nossa nação se encaminhar para uma diplomacia mais ativa, baseada em uma nova estratégia", declarou Abe, o primeiro-ministro japonês mais jovem desde o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945.

Andy Rain/Efe
Em primeiro discurso, novo premiê japonês ressalta a revisão da Constituição do país

Na opinião de Abe, esse objetivo passa primeiro pela revisão da Constituição pacifista de 1947, considerada pela direita que govera o país um impedimento para que o Japão tenha um autêntico Exército, capaz de participar em operações de defesa coletiva, e uma barreira às ambições internacionais da nação.

"A atual Constituição foi promulgada em uma época na qual o Japão estava ocupado e desde aquele momento já se passaram mais de 60 anos", disse. "Atualmente existem debates animados sobre uma Constituição que poderia se adaptar melhor à nova geração", acrescentou Abe, que sucedeu nesta terça-feira (26) Junichiro Koizumi.

Base legal

Abe disse desejar que a legislação que permite fixar a base legal necessária para revisar a Constituição seja adotada pelo Parlamento o mais rápido possível. A primeira etapa consistiria em votar um projeto de lei organizando um referendo nacional. De fato, qualquer modificação da Carta Magna precisa enfrentar estar avaliada por uma consulta popular depois de ter sido aprovada por dois terços dos parlamentares.

A intenção de Abe é deixar como legado ao Japão uma Constituição "escrita de seu punho" e "adaptada ao século 21" para que o arquipélago seja "um país normal" --como ele próprio classifica.

O premiê se concedeu um prazo de cinco anos para estabelecer as mudanças na Constituição, promulgada durante a ocupação dos Estados Unidos (1945-1962). A maioria dos japoneses aprova o projeto, mas defende a cláusula pacifista pela qual o país "renuncia para sempre à guerra".

Vizinhos

A reforma da Constituição inquieta a China e a Coréia do Sul, que dizem temer o ressurgimento do militarismo nipônico, com o qual sofreram no século passado.

No discurso, Abe tentou tranqüilizar aos dois países ao considerar importante a retomada dos vínculos com Pequim e Seul. "China e Coréia do Sul são vizinhos importantes. É imprescindível para a região asiática e para toda a comunidade internacional que o Japão reforce suas relações de confiança com estas duas nações", disse.

As relações de Tóquio com os dois vizinhos ficaram tensas nos últimos anos em razão das visitas de Koizumi ao polêmico santuário de Yasukuni, reduto espiritual do nacionalismo japonês, onde são homenageadas tanto as vítimas de combate como alguns criminosos de guerra responsáveis pelas brutalidades cometidas pelo Exército imperial nipônico.

Esta desconfiança também sofre com as disputas territoriais, uma corrida pelos recursos energéticos e uma rivalidade pela liderança no Extremo Oriente.

Abe pode visitar a Coréia do Sul em breve para uma reunião com o presidente Roh Moo-hyun, a primeira após uma interrupção das relações de quase um ano. Ele também se declarou disposto a visitar Pequim nas próximas semanas.

O novo premiê é submetido a uma intensa pressão do empresariado para retomar os contatos políticos com a China, maior parceiro comercial do Japão, suspensos durante o mandato de Koizumi. Porém, Washington também deseja que o Japão, seu principal aliado asiático, contribua para reduzir a tensão sempre presente na região, que não se veria beneficiada em nada com um conflito chinês-japonês.

Na política interna, Abe prometeu "incutir vitalidade" na segunda maior economia mundial, apesar do preocupante declive demográfico.

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