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15/10/2006
-
10h02
FABIANO MAISONNAVE
da Folha de S.Paulo
A crise política do Equador contrasta com a aparente bonança econômica da capital, visível na jovem frota de veículos que circulam pela cidade, nos vários shoppings e no "boom" da construção civil. A dolarização, implantada há seis anos, a alta do petróleo, principal atividade econômica do país, a remessa de dinheiro dos emigrantes e a lavagem de dinheiro do narcotráfico explicam o "milagre econômico".
Implantada em 2000, em meio a uma inflação mensal média de 90%, à forte desvalorização da moeda local, o sucre, e ao bloqueio de contas bancárias, a dolarização tem forte aceitação popular e é considerada pelos que a defendem como a principal "blindagem" da economia contra a ingovernabilidade do país.
"Como os floricultores vendiam em dólar e compravam em sucre, a diferença cambial permitia ao floricultor ser medianamente eficiente", disse à Folha Ivan Salázar, gerente da exportadora Roses & Roses. "A partir da dolarização, foi necessário ser extremamente eficiente. Caso contrário, os custos iam subindo, porque já não havia a ajuda do câmbio."
Salázar afirma que a busca pela eficiência melhorou o produto, abrindo novos mercados. "Na época, a Europa comprava 3%, 4%. Hoje, compra 15%."
Segundo ele, quando ocorreu a dolarização, a empresa tinha 12 hectares plantados e 120 empregados. Seis anos depois, a Roses & Roses tem 21 hectares e 250 empregados e exporta para os EUA (50%), para a Europa (25%) e para a Rússia (25%).
Uma das atividades econômicas que mais crescem no país, a floricultura emprega diretamente entre 35 mil e 40 mil pessoas, contra cerca de 20 mil há seis anos.
Apesar de relativamente expressivo, o crescimento do setor é uma gota no oceano se comparado ao forte fluxo emigratório provocado pela crise econômica: estima-se que 3 milhões de equatorianos vivam no exterior, o equivalente a 25% da população do país.
Remessas
Atualmente, a remessa de dinheiro dos emigrantes é a segunda maior fonte de divisas do país, atrás apenas do petróleo, ajudando o país a ter um crescimento médio do PIB de 4% nos últimos anos. Somente no ano passado, os emigrados enviaram US$ 2,5 bilhões.
"Se pegarmos as exportações tradicionais do Equador, banana, café e camarão, e somá-las, não chegam a igualar as remessas", compara o economista Marco Romero, da Universidade Andina Simon Bolivar.
Crítico da dolarização, Romero diz que "os resultados da política ortodoxa das últimas duas décadas têm sido muito limitados" e cita como exemplo a taxa de desemprego, que continua alta --em torno de 9%-- apesar do fluxo migratório.
Para ele, o alto consumo --os carros vendidos, por exemplo, saltaram de 18.877, em 2000, para 80.594 no ano passado-- não se deve à dolarização, mas à alta do petróleo e ao dinheiro do imigrante, "dois fatores que não obedecem a fatores de decisão econômica do governo".
Romero relativiza também a estabilização inflacionária obtida com a dolarização (4,4% em 2005). "Outros países da América Latina conseguiram a mesma coisa sem renunciar à política monetária. E nós ainda perdemos competitividade em relação aos nossos vizinhos para atrair investimentos, por causa dos altos custos."
Analistas econômicos também vêem outro fator importante na economia equatoriana: a lavagem do dinheiro do narcotráfico, sobretudo o colombiano. Estimativas dão conta de que entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões são lavados anualmente.
Equador vive "bonança" depois de dolarização
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da Folha de S.Paulo
A crise política do Equador contrasta com a aparente bonança econômica da capital, visível na jovem frota de veículos que circulam pela cidade, nos vários shoppings e no "boom" da construção civil. A dolarização, implantada há seis anos, a alta do petróleo, principal atividade econômica do país, a remessa de dinheiro dos emigrantes e a lavagem de dinheiro do narcotráfico explicam o "milagre econômico".
Implantada em 2000, em meio a uma inflação mensal média de 90%, à forte desvalorização da moeda local, o sucre, e ao bloqueio de contas bancárias, a dolarização tem forte aceitação popular e é considerada pelos que a defendem como a principal "blindagem" da economia contra a ingovernabilidade do país.
"Como os floricultores vendiam em dólar e compravam em sucre, a diferença cambial permitia ao floricultor ser medianamente eficiente", disse à Folha Ivan Salázar, gerente da exportadora Roses & Roses. "A partir da dolarização, foi necessário ser extremamente eficiente. Caso contrário, os custos iam subindo, porque já não havia a ajuda do câmbio."
Salázar afirma que a busca pela eficiência melhorou o produto, abrindo novos mercados. "Na época, a Europa comprava 3%, 4%. Hoje, compra 15%."
Segundo ele, quando ocorreu a dolarização, a empresa tinha 12 hectares plantados e 120 empregados. Seis anos depois, a Roses & Roses tem 21 hectares e 250 empregados e exporta para os EUA (50%), para a Europa (25%) e para a Rússia (25%).
Uma das atividades econômicas que mais crescem no país, a floricultura emprega diretamente entre 35 mil e 40 mil pessoas, contra cerca de 20 mil há seis anos.
Apesar de relativamente expressivo, o crescimento do setor é uma gota no oceano se comparado ao forte fluxo emigratório provocado pela crise econômica: estima-se que 3 milhões de equatorianos vivam no exterior, o equivalente a 25% da população do país.
Remessas
Atualmente, a remessa de dinheiro dos emigrantes é a segunda maior fonte de divisas do país, atrás apenas do petróleo, ajudando o país a ter um crescimento médio do PIB de 4% nos últimos anos. Somente no ano passado, os emigrados enviaram US$ 2,5 bilhões.
"Se pegarmos as exportações tradicionais do Equador, banana, café e camarão, e somá-las, não chegam a igualar as remessas", compara o economista Marco Romero, da Universidade Andina Simon Bolivar.
Crítico da dolarização, Romero diz que "os resultados da política ortodoxa das últimas duas décadas têm sido muito limitados" e cita como exemplo a taxa de desemprego, que continua alta --em torno de 9%-- apesar do fluxo migratório.
Para ele, o alto consumo --os carros vendidos, por exemplo, saltaram de 18.877, em 2000, para 80.594 no ano passado-- não se deve à dolarização, mas à alta do petróleo e ao dinheiro do imigrante, "dois fatores que não obedecem a fatores de decisão econômica do governo".
Romero relativiza também a estabilização inflacionária obtida com a dolarização (4,4% em 2005). "Outros países da América Latina conseguiram a mesma coisa sem renunciar à política monetária. E nós ainda perdemos competitividade em relação aos nossos vizinhos para atrair investimentos, por causa dos altos custos."
Analistas econômicos também vêem outro fator importante na economia equatoriana: a lavagem do dinheiro do narcotráfico, sobretudo o colombiano. Estimativas dão conta de que entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões são lavados anualmente.
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