Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/10/2006 - 20h51

Dois dias depois, Equador ainda não tem resultado das eleições

Publicidade

da Efe, em Quito

Dois dias depois das eleições, os equatorianos continuam sem conhecer os resultados finais do pleito, o que aprofunda sua desconfiança em instituições extremamente desprestigiadas.

Com a entrega de dados oficiais parciais, o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) tenta aplacar a crescente incerteza gerada pela empresa brasileira E-Vote, que descumpriu o compromisso de entregar os resultados extra-oficiais da eleição presidencial e legislativa horas depois da conclusão do pleito.

Hoje, a apuração oficial do TSE chegou a marca de mais de 59% dos votos. Nela, o milionário Álvaro Noboa mantém uma ligeira vantagem sobre o esquerdista Rafael Correa, como nos resultados parciais da E-Vote, na qual a diferença entre ambos era de mais de quatro pontos percentuais.

De acordo com o TSE, contabilizadas 59,9% das cédulas, Noboa, do Partido Renovador Institucional Ação Nacional (Prian), concentra 25,13% (811.780) do apoio do eleitorado e Correa, do movimento Aliança País, tem 24,58% (788.201) dos votos.

Segundo a apuração da E-Vote, estagnada em 72,25% dos votos, Noboa recebeu até agora o apoio de 26,67% dos eleitores e Correa, de 22,49%.

Patrício Torres, presidente da comissão jurídica do TSE, disse que poderão ser divulgados amanhã os resultados oficiais totais da eleição presidencial. Na quinta-feira (19), deverão ser apresentados os dados finais referentes à eleição dos parlamentares andinos e dos deputados equatorianos.

A falha da E-Vote, que prometeu entregar nesta terça-feira seus resultados definitivos e que atribuiu seu atraso a problemas no sistema informático, recaiu totalmente sobre o TSE, que, antes de assinar o contrato com a empresa, já havia recebido advertências sobre possíveis problemas.

Mesmo assim, o Tribunal assinou um contrato de US$ 5,2 milhões com a companhia brasileira, dentro do qual pagou US$ 2,6 milhões antecipadamente, soma que agora tenta recuperar.

O ex-presidente Lucio Gutiérrez também tinha chamado a atenção para possíveis problemas nas eleições, mas devido à conformação irregular do TSE, pois seu partido, o Sociedade Patriótica, não conta com um representante nessa corte, apesar ter direito a isso.

O TSE diz agora que, passada a eleição, tem dez dias para entregar os resultados oficiais.

A decisão do órgão de rescindir o contrato com a E-Vote não diminuiu as dúvidas que recaem sobre a apuração dos votos e que abriram caminho para suspeitas de fraude por parte dos seguidores do esquerdista Rafael Correa.

O chefe dos observadores da OEA (Organização dos Estados Americanos), Rafael Bielsa, disse hoje que a comissão não recebeu denúncias nem detectou motivos para falar em fraude.

Também disse que, com base em testes da E-Vote antes do pleito, os observadores da OEA alertaram sobre deficiências no trabalho da empresa.

As denúncias de fraude (sem provas) lançadas pela Aliança País, os desmentidos do TSE e a postura exagerada de vencedor adotada pelo Prian deram lugar hoje às análises de possíveis alianças políticas para o segundo turno eleitoral, previsto para 26 de novembro.

O Prian foi criado há oito anos e tenta pela segunda vez chegar à Presidência. Já o Aliança País foi fundado recentemente. Isso afasta as duas legendas dos partidos tradicionais, criticados por seus candidatos.

Mas essas críticas, que Correa faz com mais intensidade e que levaram para sua candidatura o apoio de muitos equatorianos cansados dos políticos tradicionais, são agora um grande peso.

O Prian e o Aliança País dependem de alianças para chegar à Presidência, e seus líderes tratam agora de moderar suas declarações e asseguram que não dialogarão com os dirigentes dos partidos que tanto rejeitam, mas com as bases.

Os partidos tradicionais também estudam sua posição futura e, embora nenhum deles tenha se pronunciado oficialmente, alguns militantes expressaram ou deixaram transparecer a quem apoiarão.

É o caso do ex-candidato à vice-Presidência pela aliança entre a Rede Ética Democracia e a Esquerda Democrática, Ramiro González, que disse que não apóia a direita populista, em alusão a Noboa, ou o de Alfonso Harb, do Partido Social Cristão, que prefere o candidato do Prian.

Especial
  • Leia o que foi publicado sobre a eleição no Equador

  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página