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31/10/2006 - 22h28

Iraque exige fim de postos de controle dos EUA em Bagdá

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da Folha Online

O premiê do Iraque, Nouri al Maliki, exigiu nesta terça-feira a retirada de todas as barreiras e postos de controle das tropas americanas em rodovias e ruas de Bagdá. Aparentemente surpreendido pela ordem, o Exército americano começou a retirada dos postos hoje e liberou grandes áreas no centro e leste da capital iraquiana.

"O comandante-em-chefe, premiê Nouri al Maliki, ordenou o fim de todas as barreiras e postos de controle em Sadr City e em outros distritos de Bagdá", informou um breve comunicado do gabinete do governo. O anúncio contraria diretamente a última estratégia das tropas americanas, que realizavam uma ação de ocupação em várias áreas para procurar um soldado desaparecido na última semana.

Nas ruas de Sadr City, a saída dos soldados estrangeiros foi comemorada pela população. O bairro, reduto do clérigo Moqtada al Sadr --um dos maiores opositores à presença americana no Iraque--, estava tomado pelas forças americanas, que suspeitam que o soldado seqüestrado possa estar sob o poder da milícia xiita da região.

Falta de coordenação

Apesar de assessores de Maliki terem afirmado que a retirada havia sido "discutida" com o embaixador americano no Iraque, Zalmay Khalilzad, e com o comandante das tropas dos EUA, o general George Casey, porta-vozes do Exército foram pegos de surpresa pelo anúncio, sugerindo uma descoordenação entre as lideranças dos dois países. A ordem colocou o limite de até as 17h desta terça-feira para a liberação das rodovias.

À noite, após a retirada de barreiras americanas e iraquianas, um oficial da embaixada dos EUA insistiu que a decisão foi "conjunta". Segundo ele, a estratégia foi elaborada na hora do almoço em um encontro entre Maliki, Khalilzad e Casey.

O mesmo oficial afirmou que o fim das barreiras tem como objetivo simplesmente a facilitação do tráfego e o equilíbrio das necessidades econômicas de Bagdá e não deve interferir com os esforços intensivos para recuperar o soldado desaparecido, informou o oficial. "A ordem foi algo que Maliki queria e que o general Casey concordou em fazer", disse o oficial.

Disputa de autoridade

Nouri al Maliki parece ter escolhido a última semana para reafirmar sua independência do Exército dos EUA no que tange a forças policiais no Iraque. A ordem dada hoje para a retirada das tropas chegou logo após uma visita de Stephen Hadley, conselheiro nacional de segurança do presidente George W. Bush, que foi a Bagdá discutir formas de reverter a aproximação de uma guerra civil total no Iraque. Ele se reuniu ontem com Maliki.

Na semana passada, Maliki rejeitou publicamente estratégias americanas que estabeleceriam um cronograma de ações para a segurança do país, e também criticou um ataque a Sadr City que matou dez pessoas, dizendo que não havia sido informado da ação.

Por outro lado, um alarmado vice-presidente do Iraque, o sunita Tareq al Hashemi, disse que a segurança em Bagdá havia "melhorado visivelmente" desde a ocupação da área pelas tropas americanas. "Estamos surpresos com esta decisão, tomada individualmente pelo premiê, de acabar com os postos de controle", afirmou Hashemi em um comunicado.

Violência

Enquanto os bloqueios eram levantados, um carro-bomba próximo de Sadr City explodiu um comboio de veículos que participavam de uma festa de casamento. A explosão matou 15 pessoas, incluindo quatro crianças, e deixou outras 19 feridas, segundo o Ministério do Interior e a polícia local.

No norte de Bagdá, homens armados construíram barreiras na principal estrada da área e seqüestraram cerca de 40 passageiros de um ônibus que saíam de vilas xiitas em meio a uma área predominantemente sunita.

O número de soldados americanos hoje fez o total de outubro chegar a 103, o mais alto índice em quase dois anos.

Com agências internacionais

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