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04/11/2006 - 14h40

Pactos comerciais e imigração dependem de eleições nos EUA

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CÉSAR MUÑOZ ACEBES
da Efe, em Washington

A política comercial dos EUA na América Latina, a reforma migratória e a posição de Washington em uma possível transição política em Cuba dependem das eleições legislativas de 7 de novembro, segundo os analistas.

Um Congresso com mais voz democrata, como predizem as pesquisas, fará sentir sua influência em alguns temas concretos de interesse para a região, mas não devolverá à América Latina a proeminência da qual desfrutava em Washington antes dos atentados terroristas do 11 de setembro, de acordo com os analistas consultados pela Efe.

"Ninguém deveria esperar grandes mudanças. Ninguém está prestando muita atenção à América Latina", disse Peter Hakim, presidente do centro de estudos Diálogo Interamericano.

Ainda assim, o domínio dos democratas na Câmara Baixa, algo provável, ou no Senado, o que pode acontecer, teria um impacto direto no comércio com a América Latina, dada a aversão do grupo político aos acordos negociados nos últimos seis anos pela administração do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.

"Os democratas são menos receptivos a tratados de livre-comércio que não incluam proteções fortes ao meio ambiente e aos direitos trabalhistas", disse Cynthia Arnson, diretora do programa da América Latina do Centro Woodrow Wilson.

Para evitar os obstáculos que os democratas colocam nestes temas, a Casa Branca tentará que o Congresso atual, controlado pelos republicanos, aprove até o final do ano o pacto negociado com o Peru, segundo Riordan Roett, diretor do departamento da América Latina da Escola de Estudos Internacionais Avançados.

A nova legislatura dos EUA assume em janeiro e será mais difícil conseguir o sinal verde ao acordo com o Peru, se ele ainda estiver pendente, e o da Colômbia, que também precisa de ratificação.

Hakim acredita que os democratas poderiam forçar inclusive uma revisão dos textos.

Em todo caso, o partido da oposição freará a ânsia da Casa Branca por negociar outros acordos na América Latina com a ameaça de sua rejeição no Congresso, segundo James Ferrer, diretor do departamento da América Latina da Escola Elliott de Estudos Internacionais.

Os EUA fizeram um acordo para iniciar conversas sobre um Pacto de Comércio e Investimentos com o Uruguai e só faltam dois pontos conflituosos para fechar um TLC (Tratado de Livre-Comércio) com o Panamá, enquanto suas negociações com o Equador estão suspensas.

Se na área comercial a vitória democrata significaria congelamento, em imigração traria movimento, embora também este não é um fato para se comemorar, segundo os analistas.

O partido da oposição está mais disposto a apoiar um projeto de reforma migratória "integral" como o impulsionado inicialmente por Bush que regularize os 12 milhões de imigrantes ilegais que vivem nos EUA, de acordo com Hakim.

Mas os democratas não defendem em bloco a tolerância aos imigrantes e o presidente do Diálogo Interamericano (centro de estudos especializado na relação EUA/América Latina, com sede em Washington) lembrou que um grande número deles votou em outubro a favor da lei que autorizou a construção de um muro de aproximadamente 1.200 quilômetros de comprimento na fronteira com o México.

Por isso, os trabalhadores imigrantes ilegais não deveriam ver um triunfo democrata como um sinônimo de legalização a curto prazo. "O país ainda não enfrentou esta questão, não sabe o que quer fazer", opinou Ferrer.

Os analistas mostram menos consenso em outro assunto de interesse para a América Latina: a política dos EUA a respeito de Cuba.

Ferrer acredita que um Congresso democrata poderia relaxar o embargo contra a ilha e se Fidel Castro morresse nos próximos dois anos aceitaria que seu irmão Raúl se mantivesse no poder, desde que desse mostras de querer promover uma transição rumo à democracia.

No entanto, Arnson descarta que os políticos da oposição possam e queiram mexer com o vespeiro das relações entre Washington e Havana.

Em 2008 serão realizadas eleições presidenciais nos EUA e a tentação de conseguir o voto dos cubanos exilados na Flórida convencerá os democratas, segundo sua opinião, de não mostrar flexibilidade com Castro, a figura mais odiada na Rua 8 de Miami.

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