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28/11/2006 - 14h07

Papa visita Turquia sob forte esquema de segurança

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da Folha Online

O papa Bento 16 chegou nesta terça-feira ao aeroporto de Ancara sob um forte esquema de segurança. Ele foi recebido pelo premiê da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para iniciar uma viagem de quatro dias que pode ser complicada pelas reações ao discurso do pontífice, em setembro, que relacionou o islã à violência.

O avião em que o papa viajou a partir de Roma aterrissou às 08h55 (horário de Brasília) no aeroporto da capital turca. Em Ancara, Bento 16 foi recebido por mais de 3.000 policiais e atiradores de elite que fazem parte de uma equipe de segurança maior do que a destacada para a visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, há dois anos.

AP
O papa Bento 16 ao lado do líder religioso Ali Bardakoglu, durante visita à Turquia
Ao deixar a aeronave, o papa se encontrou com premiê, em um gesto diplomático de um governante que se manteve, até o último momento, receoso em receber pessoalmente o pontífice.

"Sabemos que o caráter dessa viagem é a irmandade e o diálogo, além do comprometimento com a compreensão entre culturas e com a reconciliação", disse o papa a jornalistas durante o vôo para a Turquia.

Em seguida, o papa e Erdogan foram levados em companhia do cardeal secretário de Estado, Tarcisio Bertone, e de representantes turcos à sala VIP do aeroporto, onde ocorreu um encontro privado.

Reunião

Logo após o encontro, Ergodan disse que explicou ao papa que "o islã é uma religião de amor e tolerância". "Sempre olharemos para o futuro. Não podemos construir nosso futuro sobre o ódio e o antagonismo", completou o premiê. Ergodan disse ainda que pediu o apoio do papa para a adesão da Turquia à União Européia.

Na reunião a portas fechadas estiveram presentes, além dos cinco cardeais que acompanham o papa, o núncio (representante permanente da Igreja católica romana junto a um governo com o qual mantém relações diplomáticas) apostólico na Turquia, Antonio Lucibello, o vice-premiê turco, Beshir Atalay, e outros representantes do governo.

Com o término do encontro, Bento 16 foi para o mausoléu de Kemal Ataturk. Ali, o pontífice realizou uma oferenda floral e permaneceu em silêncio durante alguns minutos antes de se curvar ligeiramente em frente ao local onde estão guardados os restos mortais de Ataturk.

Por seu lado, Erdogan partiu para o encontro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar liderada pelos Estados Unidos) na Letônia.

Agenda

Nos quatro dias de sua visita, o papa se reunirá com o presidente da Turquia, Ahmet Necdet Sezer, e com o vice-premiê, Mehmed Ali Sahin.

Em meio a uma agenda de reuniões com políticos, o papa também se encontrou com o principal responsável pelos assuntos religiosos do país, Ali Bardakoglu.

Na sexta-feira, Bento 16 deverá realizar uma missa na catedral do Espírito Santo, em um de seus poucos atos litúrgicos no país.

Segundo dados do Vaticano, 99% da população turca é muçulmana e os católicos representam apenas 0,04%. Sua jornada se encerrará com um encontro com o corpo diplomático turco. Esta é a primeira visita do pontífice a um país de maioria muçulmana.

Viagem pastoral

Apesar da agenda, o papa Bento 16 afirmou hoje que sua viagem "não é uma viagem política, mas sim pastoral" e que tem como objetivo "o diálogo e o compromisso comum pela paz". A viagem do papa gerou inúmeros protestos entre os turcos, de maioria islâmica.

As declarações foram feitas poucos minutos antes da decolagem, no aeroporto romano de Fiumicino. Após saudar os jornalistas que o acompanham, o papa destacou a importância do diálogo entre cristãos e ortodoxos e entre a igreja e o islã.

O pontífice ressaltou no discurso os encontros que se terá, em Ancara e em Istambul, com as autoridades civis da Turquia e as religiosas do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla.

O objetivo da viagem é a reunião com a Igreja Ortodoxa, por ocasião da festa de seu padroeiro, Santo André (30 de novembro), e com a pequena comunidade católica local.

No entanto, a polêmica suscitada pelo discurso que pronunciou em Regensburg (Alemanha) em setembro, no qual fez uma citação que associa o profeta Maomé e o islã à violência, gera temores de uma escalada de protestos durante a viagem.

O discurso de setembro foi considerado ofensivo pelo mundo muçulmano.

Mensagens

Como é habitual nessas viagens, o papa enviou telegramas aos presidentes dos países que o avião sobrevoaria --Itália, Albânia e Grécia.

Na mensagem enviada ao presidente italiano, Giorgio Napolitano, Bento 16 afirmou que viaja para se reunir com representantes do povo turco "e em particular com os irmãos e irmãs na fé, para compartilhar com eles momentos de forte espiritualidade e incentivar o diálogo ecumênico".

O pontífice também ressaltou o diálogo inter-religioso (com os muçulmanos).

Na mensagem enviada ao presidente da Albânia, Alfred Moisiu, o papa pediu a Deus que abençoe o país com o "dom da paz e a prosperidade".

O mesmo desejo foi expressado ao presidente da Grécia, Karolos Papoulias, quando o avião papal sobrevoar o país. O papa João Paulo 2º visitou a Grécia em 2001, em uma viagem histórica, quando pediu perdão aos ortodoxos gregos pelos danos causados pelos católicos ao longo dos séculos.

Protestos

Cerca de 15 mil manifestantes protestaram neste domingo (26) em Istambul, na Turquia, contra a visita do papa ao país.

O protesto foi organizado pelo partido político turco pró-islâmico chamado "Felicity". Líderes do partido se disseram ofendidos pelas declarações do papa.

A multidão foi acompanhada por cerca de 4.000 policiais, que contavam com apoio de veículos blindados e caminhões de forças de choque.

Com agências internacionais

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