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04/12/2006 - 16h38

Vítimas querem que Pinochet seja condenado antes de morrer

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da Efe, em Santiago

Os familiares das vítimas de Augusto Pinochet, 91, disseram nesta segunda-feira que, caso o ex-ditador chileno, cujo estado de saúde é grave desde que sofreu um infarto do miocárdio e um edema pulmonar, não seja condenado antes de morrer, terá sido por "falta de vontade política".

"Sem dúvida, é uma situação preocupante que Pinochet morra sem nenhuma condenação nos processos por violações dos direitos humanos", disse Lorena Pizarro, presidente do Agrupamento de Familiares de Detidos Desaparecidos (AFDD).

"O que queremos é verdade, justiça e punição dos responsáveis. Se Pinochet morrer agora, será lamentável para a história que não tenha sido condenado", ressaltou.

Pizarro considerou que, caso Pinochet morra sem ser condenado "será pela falta de vontade política dos poderes Judiciário, Executivo e Legislativo para investigar os crimes da ditadura".

Ela acrescentou que as investigações começaram após 1998, quando o militar foi detido em Londres a pedido do juiz espanhol Baltasar Garzón, que o acusou dos delitos de genocídio, terrorismo e tortura.

"Se Pinochet morrer, aqueles que não fizeram nada para que fosse condenado terão que responder perante a história", ressaltou Pizarro, acrescentando que, nesse caso, os processos abertos devem continuar, já que há muitos outros acusados que não foram condenados.

"Se o poder Judiciário der o assunto por encerrado, seria impunidade. Aqui a tarefa não termina com a morte de Pinochet, mas preferíamos que tivesse sido condenado", ressaltou.

A opinião é a mesma do advogado de direitos humanos Hiram Villagra. Ele disse que o fato de que Pinochet "seja um idoso que está à beira da morte, não o livra da responsabilidade dos crimes contra a humanidade".

Lorena Pizarro, como os advogados de acusação das 300 causas que foram apresentadas aos tribunais contra Pinochet, também se diz contrária a que o ex-ditador receba honras de chefe de Estado quando falecer.

"Seria inaceitável que um genocida que nunca foi eleito por ninguém neste país" tivesse funerais de chefe de Estado, disse Pizarro.

Funeral

Segundo afirmaram as autoridades do governo, o Executivo decidirá que tipo de funeral Pinochet terá apenas depois de sua morte.

Em agosto, o porta-voz do governo, Ricardo Lagos Weber, disse que, quando Pinochet morrer, o governo "cumprirá o protocolo", enquanto o Exército afirmou que ele terá as honras que o regulamento estabelece para um ex-comandante-em-chefe.

A esse respeito, a presidente da AFDD afirmou que "seria lamentável" que honras de chefe Estado fossem rendidas "a alguém que não o merece em absoluto" e acrescentou que, pelo contrário, o Exército deveria privar Pinochet desse tipo de homenagem.

"Acho que o Exército renderá todas as honras militares a ele, mas em essência, se fosse um Exército distante dos crimes e não participante deles, o correto seria degradar Pinochet e jamais render honras a ele", ressaltou, "Pelo contrário, ele danifica a dignidade e a honra militar com a atuação que teve até agora", ressaltou.

O ex-ditador foi hospitalizado de emergência na madrugada de domingo, quando foi submetido a uma angioplastia e, segundo o último boletim médico, continua em estado grave, mas estável e respondendo bem aos tratamentos.

Com agências internacionais

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