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05/12/2006
-
09h10
da Folha Online
O maior oficial de segurança nacional do Irã, Ali Larijani, propôs a países vizinhos nesta terça-feira que o Oriente Médio expulse os militares dos Estados Unidos de suas bases locais, ao mesmo tempo em que propôs que esses países se unam a Teerã em uma aliança de segurança regional.
O oficial do país persa disse a líderes de países árabes presentes em uma conferência nos Emirados Árabes Unidos que a Casa Branca é indiferente a seus interesses, e vai deixá-los de lado assim que não precisarem mais deles. "A segurança e estabilidade da região deve ser obtida e nós devemos fazer isso dentro da região, não trazendo forças estrangeiras", afirmou Larijani.
Na platéia em Dubai (Emirados Árabes Unidos) estavam não só líderes políticos e empresariais locais, mas também estrangeiros --incluindo norte-americanos.
Larijani assegurou aos líderes árabes que o ouviam que o Irã busca uma "coexistência pacífica" e que ele poderia substituir a rede de bases dos EUA presentes hoje no Oriente Médio, incluindo no Kuait, em Bahrein e no Qatar. Outros países teriam forte treinamento militar e garantias de segurança dos EUA.
"O Irã busca a estabilidade regional por meio da integração", disse. "Apoiamos todos os governos muçulmanos na região."
Ressurgimento
Apesar das garantias de cooperação, muitos líderes árabes expressaram desconfiança sobre um eventual ressurgimento de um Irã forte, incluindo por seu suposto apoio a milícias xiitas no Iraque e ao grupo extremista xiita Hizbollah no Líbano.
Também há preocupações sobre o programa nuclear do Irã, que poderia começar a produzir armas nucleares ao invés de energia.
Alguns países árabes sunitas como a Arábia Saudita são fortes rivais do Irã, que é de maioria xiita. Mas analistas em países menores como o Kuait --forte aliado dos EUA-- disseram que já é complicada a posição de tentar não ser contrário nem ao Irã nem aos americanos.
Por seu lado, os EUA se preocupam com o possível crescimento da influência iraniana na região, apesar de que muitos especialistas duvidam que países árabes cortariam seus laços militares com o país. Mesmo assim, alguns países menores do Golfo se recusaram a participar recentemente de manobras anti-proliferação na região, aparentemente por temerem contrariar o Irã.
"Não aceitamos um relacionamento entre os EUA e os países da região. Se perguntarem para líderes árabes, eles estão insatisfeitos. Eles consideram os americanos agressivos. Não querem um embaixador dos EUA dando ordens", disse Larijani.
Reação hostil
Enquanto em Dubai Larijani propõe uma aliança militar e se coloca contra os EUA, em Teerã o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, advertiu a Europa hoje de que uma resolução da ONU contra o país será considerada um "ato de hostilidade".
"Se vocês querem tomar alguma medida contra o direito da nação iraniana, seja por meio de discursos ou mediante uma organização internacional, a nação iraniana considerará isto como um ato de hostilidade", disse o presidente em um discurso na cidade de Sari (norte).
"Se persistirem nesta atitude, a nação iraniana revisará suas relações e projetos com vocês", acrescentou Ahmadinejad, dirigindo-se a "três países europeus" (Alemanha, França e Reino Unido).
Os três países se reunirão com outras três potências nucleares (Estados Unidos, China e Rússia) nesta terça-feira em Paris para tentar chegar a um acordo sobre a natureza e os alcances das sanções que pretendem impor ao Irã, por causa da recusa de Teerã em suspender seu programa de enriquecimento de urânio.
"Agora está muito claro que os ocidentais tentavam simplesmente impedir o progresso do Irã, e não esclarecer os pontos obscuros de seu programa nuclear", acrescentou o presidente iraniano.
Ahmadinejad afirmou ainda: "O Irã controla completamente a tecnologia nuclear, e com a ajuda de Deus, tomará todas as medidas para produzir combustível nuclear para todas as centrais".
Tecnologia
Os países ocidentais, que temem que o programa nuclear do Irã seja desvirtuado para fins militares, questionaram sua racionalidade econômica.
Atualmente, Teerã só dispõe de uma central nuclear, cuja construção está sendo concluída pela Rússia e que deve entrar em funcionamento em 2007 com combustível origem russa.
O programa iraniano de enriquecimento de urânio ainda está no nível de pesquisas. O Irã estabelece como meta instalar 3.000 centrífugas até março de 2007 e espera chegar a um conjunto de 50 mil centrífugas para alcançar uma capacidade industrial.
O enriquecimento de urânio permite obter o combustível necessário para o funcionamento de uma central de água leve. Porém, o procedimento também permite, levando o enriquecimento a índices mais elevados, obter a matéria-prima para uma bomba atômica.
Teerã não aceitou a resolução 1696 do Conselho de Segurança da ONU, adotada em julho, que exigia a suspensão do enriquecimento de urânio, sob pena de sanções. Um novo projeto de resolução neste sentido está em discussão desde setembro, mas sua aprovação foi questionada por Moscou e Pequim, que consideram as medidas muito severas.
Com agências internacionais
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Irã propõe aliança militar árabe e expulsão dos EUA da região
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O maior oficial de segurança nacional do Irã, Ali Larijani, propôs a países vizinhos nesta terça-feira que o Oriente Médio expulse os militares dos Estados Unidos de suas bases locais, ao mesmo tempo em que propôs que esses países se unam a Teerã em uma aliança de segurança regional.
O oficial do país persa disse a líderes de países árabes presentes em uma conferência nos Emirados Árabes Unidos que a Casa Branca é indiferente a seus interesses, e vai deixá-los de lado assim que não precisarem mais deles. "A segurança e estabilidade da região deve ser obtida e nós devemos fazer isso dentro da região, não trazendo forças estrangeiras", afirmou Larijani.
Na platéia em Dubai (Emirados Árabes Unidos) estavam não só líderes políticos e empresariais locais, mas também estrangeiros --incluindo norte-americanos.
Larijani assegurou aos líderes árabes que o ouviam que o Irã busca uma "coexistência pacífica" e que ele poderia substituir a rede de bases dos EUA presentes hoje no Oriente Médio, incluindo no Kuait, em Bahrein e no Qatar. Outros países teriam forte treinamento militar e garantias de segurança dos EUA.
"O Irã busca a estabilidade regional por meio da integração", disse. "Apoiamos todos os governos muçulmanos na região."
Ressurgimento
Apesar das garantias de cooperação, muitos líderes árabes expressaram desconfiança sobre um eventual ressurgimento de um Irã forte, incluindo por seu suposto apoio a milícias xiitas no Iraque e ao grupo extremista xiita Hizbollah no Líbano.
Também há preocupações sobre o programa nuclear do Irã, que poderia começar a produzir armas nucleares ao invés de energia.
Alguns países árabes sunitas como a Arábia Saudita são fortes rivais do Irã, que é de maioria xiita. Mas analistas em países menores como o Kuait --forte aliado dos EUA-- disseram que já é complicada a posição de tentar não ser contrário nem ao Irã nem aos americanos.
Por seu lado, os EUA se preocupam com o possível crescimento da influência iraniana na região, apesar de que muitos especialistas duvidam que países árabes cortariam seus laços militares com o país. Mesmo assim, alguns países menores do Golfo se recusaram a participar recentemente de manobras anti-proliferação na região, aparentemente por temerem contrariar o Irã.
"Não aceitamos um relacionamento entre os EUA e os países da região. Se perguntarem para líderes árabes, eles estão insatisfeitos. Eles consideram os americanos agressivos. Não querem um embaixador dos EUA dando ordens", disse Larijani.
Reação hostil
Enquanto em Dubai Larijani propõe uma aliança militar e se coloca contra os EUA, em Teerã o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, advertiu a Europa hoje de que uma resolução da ONU contra o país será considerada um "ato de hostilidade".
"Se vocês querem tomar alguma medida contra o direito da nação iraniana, seja por meio de discursos ou mediante uma organização internacional, a nação iraniana considerará isto como um ato de hostilidade", disse o presidente em um discurso na cidade de Sari (norte).
"Se persistirem nesta atitude, a nação iraniana revisará suas relações e projetos com vocês", acrescentou Ahmadinejad, dirigindo-se a "três países europeus" (Alemanha, França e Reino Unido).
Os três países se reunirão com outras três potências nucleares (Estados Unidos, China e Rússia) nesta terça-feira em Paris para tentar chegar a um acordo sobre a natureza e os alcances das sanções que pretendem impor ao Irã, por causa da recusa de Teerã em suspender seu programa de enriquecimento de urânio.
"Agora está muito claro que os ocidentais tentavam simplesmente impedir o progresso do Irã, e não esclarecer os pontos obscuros de seu programa nuclear", acrescentou o presidente iraniano.
Ahmadinejad afirmou ainda: "O Irã controla completamente a tecnologia nuclear, e com a ajuda de Deus, tomará todas as medidas para produzir combustível nuclear para todas as centrais".
Tecnologia
Os países ocidentais, que temem que o programa nuclear do Irã seja desvirtuado para fins militares, questionaram sua racionalidade econômica.
Atualmente, Teerã só dispõe de uma central nuclear, cuja construção está sendo concluída pela Rússia e que deve entrar em funcionamento em 2007 com combustível origem russa.
O programa iraniano de enriquecimento de urânio ainda está no nível de pesquisas. O Irã estabelece como meta instalar 3.000 centrífugas até março de 2007 e espera chegar a um conjunto de 50 mil centrífugas para alcançar uma capacidade industrial.
O enriquecimento de urânio permite obter o combustível necessário para o funcionamento de uma central de água leve. Porém, o procedimento também permite, levando o enriquecimento a índices mais elevados, obter a matéria-prima para uma bomba atômica.
Teerã não aceitou a resolução 1696 do Conselho de Segurança da ONU, adotada em julho, que exigia a suspensão do enriquecimento de urânio, sob pena de sanções. Um novo projeto de resolução neste sentido está em discussão desde setembro, mas sua aprovação foi questionada por Moscou e Pequim, que consideram as medidas muito severas.
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