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15/12/2006 - 23h37

Condoleezza Rice quer ajuda dos EUA para fortalecer Fatah

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da Folha Online

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, afirmou nesta sexta-feira que pretende solicitar ao Congresso americano uma ajuda de dezenas de milhões de dólares para reforçar as forças de segurança ligadas ao presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.

O pedido de fundos chega em um momento em que as tensões atingiram níveis críticos nos territórios palestinos, onde confrontos entre militantes do Fatah, partido de Abbas, e do movimento islâmico Hamas deixaram um morto e mais de 30 feridos hoje.

Ammar Awad/Reuters
Partidário do Fatah se confronta com seguidor do Hamas em Gaza
Partidário do Fatah se confronta com seguidor do Hamas em Gaza
O Hamas e o Fatah, que possuem braços armados e políticos, enfrentam há meses um impasse nas negociações para a formação de um governo de unidade nacional. Durante os confrontos de hoje, o Hamas acusou Abbas de tentar iniciar uma guerra civil entre os palestinos.

Os EUA querem garantir que Abbas, cujo partido foi derrotado pelo Hamas nas eleições palestinas de janeiro último, saia vitorioso da disputa política com o grupo rival. "Vamos solicitar fundos para apoiar a reforma na segurança [das forças de Abbas] e acredito que conseguiremos apoio", disse Rice. "Encontraremos uma forma de apoiar o presidente [da ANP] Mahmoud Abbas."

A oposição à proposta foi imediata. O legislador Mushir al Masri, do Hamas, afirmou que os EUA estão tentando dividir os palestinos. "Assim, peço a Abbas que não aceite este apoio condicional e político que pretende apenas espalhar a divisão interna", disse Masri.

Forças de segurança

Rice admitiu que o fortalecimento das forças de Abbas não será conseguido rapidamente. Desde que o Hamas subiu ao poder, em março deste ano, a guarda de Abbas cresceu de 2.500 membros para 4.000.

Segundo o Hamas, suas forças de segurança possuem cerca de 5.600 homens.

Para incrementar o poder de Abbas, os EUA apoiaram uma proposta do presidente da ANP de trazer cerca de mil membros da chamada Brigada Badr da Jordânia para os territórios palestinos.

"Não dá para construir forças de segurança da noite para o dia para lidar com o tipo de 'terra sem lei' que Gaza se tornou devido à inabilidade do Hamas em governar", afirmou a secretária de Estado.

Os EUA, a União Européia e a comunidade internacional pressionam o Hamas para que o grupo renuncie a violência, aceite acordos passados entre israelenses e palestinos e reconheça o Estado de Israel para interromper o duro boicote financeiro que deixou à míngua a debilitada estrutura de governo palestina.

Boicote político

Enquanto Abbas prepara-se para um discurso para os palestinos neste sábado, o gabinete de governo liderado pelo Hamas anunciou nesta sexta-feira que pretende boicotar o evento, no qual o presidente da ANP discutirá a possibilidade de convocar eleições palestinas antecipadas.

Em um comunicado, o gabinete informou que decidiu recusar o convite para comparecer ao discurso deste sábado para protestar contra os "desastrosos e sangrentos" incidentes de violência nos últimos dias.

Para o Fatah, "declarar um boicote ao discurso do presidente representa um aumento perigoso nas tensões", declarou Saeb Erekat, importante auxiliar de Abbas e chefe de negociações da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

O Hamas denuncia a convocação de eleições antecipadas como ilegal, e afirma se tratar de uma tentativa de golpe.

Violência

Alarmado pela escalada na violência, o governo palestino liderado pelo Hamas convocou hoje uma reunião de urgência na Cidade de Gaza. Os ministros do gabinete do premiê Ismail Haniyeh se encontraram para analisar a intensificação das tensões.

A tensão nas ruas palestinas chegou a níveis críticos entre seguidores dos grupos Hamas e Fatah e levaram a seguidos confrontos nesta sexta-feira em Gaza e na Cisjordânia. Os choques já mataram ao menos uma pessoa e mais de 35 ficaram feridas.

A violência entre os grupos continua desde a tarde desta quinta-feira (14), quando simpatizantes e oponentes do premiê palestino entraram em choque após Haniyeh ter sido impedido de entrar na faixa de Gaza a partir do Egito.

A comitiva de Haniyeh também foi atacada a tiros na noite desta quinta-feira, quando finalmente conseguiu atravessar a fronteira. O Hamas acusou hoje o dirigente do Fatah, Mohamed Dahlan, de estar por trás do que qualificou como tentativa de assassinato contra o premiê.

O Fatah negou as acusações e afirmou que o Hamas pretende explorar a situação em meio à expectativa do discurso do presidente da ANP.

Os choques de hoje à tarde na Cisjordânia e na faixa de Gaza resultaram na morte de um jovem de 18 anos em Jenin (Cisjordânia). Durante todo o dia, confrontos deixaram ainda outros 35 feridos.

A maioria das vítimas faz parte do Hamas. Eles foram atacados a tiros em Ramallah por forças de segurança leais ao presidente Abbas. Na ocasião, os membros do Hamas celebravam o aniversário de 19 anos da criação do movimento islâmico.

Investigação

Abbas aprovou hoje a criação de uma comissão independente para investigar o tiroteio contra a comitiva de Haniyeh, no qual morreu um guarda-costas. Entre os cerca de 20 feridos deste ataque, está o ainda filho do líder do Hamas.

Saeb Erekat disse que Abbas orientou o ministro do Interior, Said Siam, para que forme uma comissão de investigação independente. Erekat destacou, no entanto, que as acusações do Hamas contra Dahlan são uma provocação.

No discurso de Abbas amanhã, espera-se que ele discuta também a crise política e financeira enfrentada pelo governo palestino nos últimos nove meses, desde que o Hamas assumiu o poder (após vencer eleições democráticas) e enfrentou um bloqueio financeiro da comunidade internacional.

Segundo assessores do presidente da ANP, Abbas fixará para o próximo ano um referendo sobre uma eventual convocação de eleições antecipadas. Um porta-voz do Hamas, Jalil al Haya, afirmou que o Hamas se oporá a qualquer tentativa de forçar a antecipação das eleições.

Violência

Os confrontos em Ramallah tiveram início quando membros do Fatah e do Hamas trocaram tiros nas ruas. Forças de segurança ligadas a Abbas usaram cassetetes contra seguidores do Hamas antes da troca de tiros.

Em uma demonstração de força, o Hamas havia destacado seguidores armados com rifles automáticos e granadas em pontos estratégicos da faixa de Gaza na manhã de hoje.

Os confrontos ocorreram a um quarteirão de distância do escritório de Mohammed Dahlan.

Ontem, o ataque contra Haniyeh foi realizado quando o premiê voltava de uma viagem pelo Oriente Médio que visava arrecadar verbas para a ANP, imersa em grave crise financeira após o boicote econômico imposto pelos EUA, Israel, União Européia e outros países ocidentais.

Um dos seguranças de Haniyeh morreu no ataque a tiros e cerca de 15 pessoas --entre elas, o filho de Haniyeh, Abdel Salam, 26, e seu assessor político, Ahmed Yousef-- ficaram feridos.

Dinheiro retido

Haniyeh ficou detido na passagem de Rafah, entre Egito e Gaza, por mais de sete horas ontem.

Israel fechou a passagem para impedir que ele retornasse a Gaza com US$ 35 milhões em malas, originários de doações do Irã e de outros países muçulmanos. Após horas de espera, Haniyeh pôde entrar em Gaza na noite desta quinta-feira, mas teve de deixar o dinheiro no Egito.

Em seguida, centenas de seguidores do Hamas invadiram o terminal da passagem de Rafah. Começou então um intenso tiroteio com membros da Guarda Presidencial, leal a Abbas.

A imprensa israelenses disse que Haniyeh e o Hamas destinariam o dinheiro a suas forças militares, como forma de consolidar o atual governo. O porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum, afirmou que o ataque foi uma tentativa de assassinato contra Haniyeh e apontou as forças de segurança ligadas ao Fatah como responsáveis.

"A Guarda Presidencial controla o lado palestino [da fronteira]. Não há grupos armados na região. Ela é a responsável pela segurança na fronteira", afirmou Barhoum. "Foi uma clara tentativa de assassinato".

Segundo Wael Dahab, porta-voz da Guarda Presidencial, havia muitos homens armados na área no momento do ataque e era "difícil controlar a situação". "Nossos homens não deram início aos tiros, não dispararam, mas havia muitas pessoas carregando armas", afirmou.

O presidente da ANP lamentou o incidente.

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