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24/12/2006 - 21h29

Russos lembram 15º aniversário do fim da ex-União Soviética

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IGNACIO ORTEGA
da Efe, em Moscou

A Rússia lembra amanhã o 15º aniversário do histórico discurso no qual Mikhail Gorbatchov anunciou sua renúncia e assinou a "certidão de óbito" da ex-União Soviética (URSS).

"Gorbatchov não deve participar de nenhum ato especial", disse neste domingo Pavel Palaschenko, porta-voz da Fundação Gorbatchov.

O Estado soviético tinha deixado de existir quatro dias antes, mas a renúncia do último dirigente soviético em um discurso televisionado, em 25 de dezembro de 1991, convenceu os últimos incrédulos de que a URSS (União de Repúblicas Socialistas Soviéticas) tinha acabado.

Os turistas que visitavam a praça Vermelha naquela noite testemunharam a bandeira soviética sendo arriada e surgir, em seu lugar, a tricolor bandeira czarista da nova Rússia, comandada por Boris Ieltsin.

"Não há nada a comemorar. Gorbatchov nunca foi um comunista. Não pôde preservar a URSS porque tinha outra tarefa em mente, seu desmoronamento", disse hoje o pensionista Gennadi Abashin.

Maria, 24, expressou opinião semelhante, ao considerar que Gorbatchov deveria "ter modernizado o país para evitar a desintegração". "Entre as repúblicas existiam fortes laços. Tínhamos coisas em comum", disse, enquanto passeava sob a neve em frente ao Kremlin.

Naquela noite, Gorbatchov, que sempre foi elogiado por suas habilidades como orador, pronunciou um discurso emocionado no qual fez um mea-culpa, mas defendeu as reformas introduzidas durante a Perestroika.

Política

O discurso não foi uma surpresa, já que havia sido antecipado pelos meios de comunicação na véspera, e foi motivado pela "nova realidade política" surgida após a criação da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) naquele 8 de dezembro.

Gorbatchov defendeu a "independência dos povos", mas também a "preservação do Estado" e a "integridade do país", e reiterou que decisões de "tamanha envergadura" como o fim da URSS deveriam ter sido aprovadas mediante a expressão da "vontade popular".

"Temos muito de tudo, terra, petróleo, gás, carvão, metais preciosos, outras riquezas naturais, e Deus também não nos ofendeu quanto à inteligência e talentos, mas vivemos muito pior que os países desenvolvidos", disse.

Em uma de suas frases mais célebres, Gorbatchov expressou seu pesar diante do fato de que as pessoas perderiam "a cidadania de um grande país" e pediu a todos para "conservar as conquistas democráticas": eleições livres, liberdade de imprensa e de consciência, pluripartidarismo, respeito aos direitos humanos, reforma agrária e propriedade privada.

Desde o princípio, Gorbatchov insistiu na viabilidade do "Estado", mas mostrou-se o tempo todo disposto a cooperar em uma transição ordenada e na consolidação da nova comunidade pós-soviética.

Perda

De fato, Gorbatchov já tinha perdido todos os símbolos do poder em 21 de dezembro, quando os líderes de 11 das antigas 15 repúblicas da URSS --menos a Geórgia e as três bálticas-- nomearam um novo comandante das Forças Armadas.

"Gorbatchov não calculou bem suas forças. A renúncia foi a melhor decisão que pôde tomar", afirma a pensionista Tania, 58.

O último dirigente soviético, de 75 anos, retornou recentemente ao "trabalho", após submeter-se em meados de novembro a uma complicada operação cardíaca em uma clínica de Munique.

Por conselho dos médicos, Gorbatchov não viajou em 17 de novembro à tradicional Cúpula de Prêmios Nobel da Paz em Roma.

Mikhail Gorbatchov, Prêmio Nobel da Paz em 1990, dirige atualmente a fundação que leva seu nome e que se dedica à pesquisa política, social e econômica.

Além disso, em junho passado, anunciou a compra de 10% das ações do independente "Novaya Gazeta", onde trabalhava a jornalista Anna Politkovskaya, vítima de um assassinato em novembro.

Aliados

Apesar da diferença de seus estilos, Gorbatchov se transformou nos últimos anos em aliado do presidente russo, Vladimir Putin, embora também tenha criticado a regressão no que se refere às liberdades civis na Rússia.

"Gorbatchov contribuiu para o desaparecimento da URSS. E mais, foi a chave do desastre. Deixou-se usar como um títere. Agora, deveria viver como um aposentado e abster-se de participar da vida política. Seu momento já passou", opinou Boris, de 28 anos.

Segundo as pesquisas de opinião, mais da metade dos russos tem saudade da URSS, porcentagem que supera os 75% nas pessoas com mais de 60 anos.

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