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14/02/2007 - 15h33

Relatório acusa países europeus de cumplicidade com vôos da CIA

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da Folha Online

O Parlamento Europeu aprovou nesta quarta-feira um relatório no qual acusa o Reino Unido, a Alemanha, a Itália e outros países europeus de serem cúmplices dos vôos secretos da CIA [inteligência americana] que fariam o transporte de suspeitos de terrorismo.

No relatório, o comitê do Parlamento para as atividades da CIA na Europa afirma que mais de 1.200 vôos da agência americana utilizaram o espaço aéreo europeu entre 2001 e 2005.

O documento acusa vários países europeus de fazer "vistas grossas" para os vôos, dos quais grande parte era usada para transportar ilegalmente suspeitos de ações terroristas.

A inteligência americana também pode ter mantido prisões secretas para suspeitos de terrorismo em bases militares nos EUA e na região da Europa, de acordo com o relatório.

Vários países foram criticados pela "falta de cooperação", e o comitê acusou o Reino Unido, a Áustria, a Itália, a Polônia e Portugal de adotarem uma atitude "obstrutiva".

A resolução afirma que o Parlamento Europeu "condena com veemência as prisões ilegais como instrumento dos EUA em sua luta contra o terrorismo. O documento também condena a "aceitação e o consentimento de tal prática", em várias ocasiões, "pelos serviços secretos e pelos governos de vários países da Europa".

O Parlamento Europeu não possui poderes legais sobre o assunto, e pode fazer apenas recomendações. Membros da esquerda condenaram a "guerra suja" lançada pelos EUA com a aquiescência de países da Europa, enquanto conservadores dizem que a investigação foi motivada pelo "anti-americanismo".

"O relatório constitui uma análise rigorosa dos cinco anos de excessos e abusos tolerados em nome do combate ao terrorismo", afirmou Claudio Fava, autor do documento. "Muitos governos europeus preferiram simplesmente ignorar o problema'.

Falta de provas

No entanto, muitos membros conservadores do Parlamento acusam o documento de apresentar "poucas provas"

"O documento presume que há um grande culpado, que é os EUA", afirmou Jas Gawronski, que é do Partido Popular Europeu e faz parte do comitê de investigação. "É por isso que não o aprovamos".

O relatório indica que os vôos ilegais transportavam os suspeitos para serem submetidos a interrogatórios em países onde não possuíam nenhum direito sob a lei americana.

A Anistia Internacional (AI) e outros grupos de Direitos Humanos criticam o governo dos EUA devido a tais acusações. O governo de Bush admite as transferências secretas de supostos terroristas, mas nega que eles tenham sido submetidos a maus tratos ou torturas.

Reação européia

Vários países europeus consideram tomar medidas contra vôos ilegais em seu território.

Na Itália, um juiz deve decidir se há provas suficientes para julgar 26 americanos --em sua maioria funcionários da CIA-- e seis italianos em conexão com o seqüestro do clérigo muçulmano Hassan Mustafa Osama Nasr, conhecido com Abu Omar, ocorrido em 2003.

Ele foi libertado na semana passada no Egito e quer processar o ex-premiê italiano, Silvio Berlusconi, pelos danos sofridos, de acordo com seu advogado.

Na semana passada, uma corte de Munique expediu mandados de prisão contra 13 agentes da CIA acusados de seqüestrar Khaled el Masri, cidadão alemão de ascendência libanesa.

Masri, que passou cinco meses detido no Afeganistão, disse que foi torturado e quer processar a CIA. No ano passado, o Parlamento alemão criou um comitê especial para investigar os supostos seqüestros de Masri e de Murat Kurnaz, alemão de origem turca.

Kurnaz passou quase cinco anos detido em Guantánamo, em Cuba, onde alega ter sido torturado e sofrido abusos.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre vôos da CIA
  • Leia o que já foi publicado sobre o Parlamento Europeu
  • Leia o que já foi publicado sobre Guantánamo
  • Leia o que já foi publicado sobre a Anistia Internacional
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