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14/03/2007 - 21h29

EUA afirmam que preso de Guantánamo admitiu culpa no 11/09

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da Folha Online

O Pentágono afirmou nesta quarta-feira que Khalid Sheik Mohammed, um dos detidos na prisão americana de Guantánamo, em Cuba, admitiu ter colaborado com o planejamento dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, o pior atentado já realizado nos Estados Unidos.

A informação está contida na transcrição de uma gravação divulgada pelos EUA hoje. A notícia chega em um momento em que o Exército americano se vê sob intensas críticas internacionais pela manutenção da prisão de Guantánamo.

arquivo/AP
Khalid Sheikh Mohammed continua preso em Guantánamo (Cuba)<BR>
Khalid Sheikh Mohammed continua preso em Guantánamo (Cuba)
Mohammed, acusado há anos de ser um dos principais terroristas por trás do 11 de setembro, teria feito a confissão por meio de um representante --membro do Exército americano-- em uma audiência no último sábado (10) na prisão militar em Cuba. A transcrição da audiência foi divulgada hoje pelo Pentágono.

"Fui responsável pela operação do 11/9, de A a Z", afirmou Mohammed, de acordo com a transcrição. Na audiência, ele teria dito também que foi responsável por uma tentativa de ataque em 1993 contra as torres do World Trade Center (destruídas pelo ataque em 2001), além de um atentado em uma boate em Bali (Indonésia) e uma tentativa de derrubar dois aviões americanos com bombas.

"Eu era o diretor operacional de Osama bin Laden para organizar, planejar, acompanhar e executar o 11 de Setembro", disse ele, segundo a transcrição.

O Pentágono afirma que o acusado estava presente na audiência onde seu representante admitiu culpa no atentado. A audiência foi feita para determinar se Mohammed pode ser considerado um "combatente inimigo" de acordo com as definições militares dos EUA.

Procurado

Mohammed está entre os 14 prisioneiros identificados pelas autoridades americanas como suspeitos de terrorismo de "alto valor". Antes de ir para Guantánamo, ele passou também por várias prisões secretas da CIA (inteligência americana) no exterior

Logo após os atentados de 11 de Setembro, Mohammed, considerado então um dos mais ativos operadores da rede terrorista Al Qaeda e o número três da organização, se tornou um dos homens mais procurados pelo FBI (polícia federal americana). Mais de 3.000 pessoas morreram no 11 de Setembro.

Mohammed foi capturado em uma casa no Paquistão em março de 2003. Ele nasceu no Paquistão mas viveu durante anos no Kuait e cursou uma universidade nos EUA. Após se formar, o acusado se uniu à luta contra as forças soviéticas no Afeganistão, onde acredita-se que ele tenha conhecido Bin Laden e se unido à rede Al Qaeda.

Ele também é acusado de participação em outros 29 atentados terroristas, incluindo o assassinato do jornalista americano Daniel Pearl (seqüestrado no Paquistão em 2002) e o atentado contra uma sinagoga na Tunísia que matou 21 pessoas no mesmo ano, segundo a rede de TV CNN.

Sua prisão é considerada um marco na luta dos EUA contra a Al Qaeda.

Guantánamo

A base militar americana de Guantánamo está instalada em uma área de 115 quilômetros quadrados no sudeste da ilha de Cuba. O território foi tomado pelos americanos durante a guerra EUA-Espanha (1898) e está cedido por Cuba aos EUA em regime de leasing desde 1903.

A prisão militar em Guantánamo foi estabelecida na base há cinco anos, e muitos prisioneiros estão detidos sem serem formalmente acusados por seus crimes. Em meio às críticas de abusos dos direitos humanos e do direito internacional, em janeiro o Pentágono divulgou um novo manual de procedimentos judiciais para casos de suspeitos de terrorismo que deverá ser utilizado para julgar vários presos de Guantánamo, inclusive Mohammed.

Segundo o manual, os juízes do Exército americano poderão decidir com liberdade que provas serão aceitas contra suspeitos de terrorismo que enfrentam julgamentos nos EUA, de acordo com um novo sistema de comissões em cortes militares. Poderão ser apresentados, inclusive, depoimentos obtidos por meio de "coação" ou especulação.

O guia deixa em aberto parâmetros a serem seguidos no que tange à provas baseadas em especulações, em informações ouvidas por terceiros e em dados secretos. Ao contrário: os juízes conseguiram autoridade para determinar por si mesmos o que é apropriado para os julgamentos.

Confissões feitas mediante coação serão avaliadas individualmente para que os juízes avaliem sua admissão em julgamento. Os depoimentos obtidos por meio de tortura, no entanto, foram excluídos, de acordo com uma lei americana de 2005 que impede tratamento ou punição "cruel, desumano ou degradante".

Julgamento próximo

Após a divulgação do manual, promotores militares disseram que pretendem apresentar à Justiça casos contra 60 a 80 dos 395 prisioneiros da prisão de Guantánamo.

O Pentágono afirmou que não há provas suficientes para julgar o restante dos presos, que estão detidos indefinidamente.

Oficiais americanos argumentam que os presos são uma ameaça para os EUA e poderiam voltar para campos de batalha no Afeganistão ou no Iraque se liberados.

Entre os presos a serem julgados em breve estão o próprio Mohammed e Ramzi Binalshibh, também acusado de planejar e participar dos atentados de 11 de Setembro, segundo a Defesa americana.

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