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26/03/2007 - 23h34

Egito encerra plebiscito sobre emendas após baixa participação

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da Efe, no Cairo

O controverso plebiscito realizado nesta segunda-feira no Egito para votar as emendas constitucionais propostas pelo presidente, Hosni Mubarak, foi concluído com uma baixíssima participação --entre 23% e 27% da população-- segundo o governo. Grupos independentes estimam uma participação muitas vezes menor: de não mais de 3%, segundo os Irmãos Muçulmanos, um movimento fundamentalista islâmico.

A maior dúvida no plebiscito não era se a nova Constituição seria aprovada, mas quanta gente iria votar: nenhum grupo fazia campanha "não", mas a oposição tinha pedido que o plebiscito fosse boicotado.

Seja por apatia política ou por seguir os pedidos da oposição, era flagrante a pouca participação nos colégios eleitorais do Cairo, tanto nos bairros populares como nos mais privilegiados.

Comparecimento

Logo após o fechamento dos colégios, às 19h (14h de Brasília), o ministro da Informação egípcio, Anas al Fiqi, divulgou os primeiros resultados provisórios: uma baixa participação geral, que no Cairo oscilava entre 20% e 21%.

No entanto, Mohammed Habib, o "número dois" dos Irmãos Muçulmanos, o principal grupo opositor e a força com maior poder de convocação do país, afirmou que o grupo contabilizou uma participação que "nem sequer alcançou 3%".

O grupo islâmico, que está sofrendo uma crescente repressão do governo nos últimos meses, não pôde posicionar observadores dentro dos colégios, mas Habib afirmou que foi realizada uma intensa "observação de longe".

O grupo teria desvantagens com a nova Constituição, que proíbe definitivamente a união entre religião e política, e fecha, assim, a porta para as chamadas "candidaturas independentes", nas quais até agora os islâmicos se amparavam.

Lei antiterrorismo

Uma das emendas que mais desagradou a oposição, tanto islâmica como laica, foi a introdução de uma lei antiterrorismo que consagra o desrespeito a inúmeros direitos, a obrigatoriedade da supervisão judicial das eleições e o fim dos limites para os mandatos presidenciais.

Cartazes pelo "sim" no plebiscito estavam colados na entrada dos colégios eleitorais junto a fotografias do presidente Mubarak.

Era um "sim à modernização do Egito" e um "sim à luta contra o terrorismo", como diziam os cartazes pregados nas praças públicas nos últimos dias.

O plebiscito foi convocado com apenas seis dias de adiantamento e quase não houve tempo de explicar com detalhe os 34 artigos emendados.

Reação internacional

As emendas causaram "inquietação" e "preocupação" nos Estados Unidos. A declaração foi feita pela secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, ao próprio Hosni Mubarak neste final de semana.

"Só o povo egípcio tem o direito de expor sua visão sobre o plebiscito... Se não é egípcio, obrigado, mas se trata de nosso desenvolvimento e de nosso país", respondeu a Rice o ministro de Assuntos Exteriores, Ahmed Aboul Gheit, em um tom áspero pouco utilizado.

No entanto, os egípcios que quiseram "expor sua opinião" também não o puderam fazer facilmente --ao menos no caso da oposição. Hoje, o centro do Cairo amanheceu tomado pela polícia porque o movimento de oposição Kifaya tinha anunciado uma manifestação contra o plebiscito.

A presença policial foi tão ostensiva que, no final, apenas cerca de 30 pessoas se atreveram a desafiar os cordões de segurança e se manifestar contra o pleito.

"Vamos deixar que se manifestem, mas sob controle policial, para que não perturbem a paz cidadã", disse o ministro da Informação para justificar a aparência de Estado de sítio do centro da capital.

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