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27/03/2007 - 13h13

Manifestante interrompe missa em memória do fim da escravidão

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da Ansa, em Londres

Um manifestante interrompeu aos gritos uma missa na Abadia de Westminster, que comemorava os 200 anos da lei que acabou com o tráfico negreiro. Estavam presentes na cerimônia a Rainha Elizabeth 2º e o primeiro-ministro britânico Tony Blair.

Toyin Agbetu, 39, começou a gritar que todos "deveriam estar envergonhados" e condenou os cristãos africanos que estavam participando da missa. Poucos minutos depois, alguns seguranças o expulsaram da abadia e, em seguida, ele foi interrogado pela polícia.

Além da rainha e de Blair, também assistiam à cerimônia Felipe de Edimburgo, marido de Elizabeth 2ª; o ministro da Economia, Gordon Brown; o prefeito de Londres, Ken Livingstone; o ministro do Interior, John Reid; a ministra da Cultura, Tessa Jowell; e cerca de 2.000 convidados especiais.

AP
O manifestante Toyin Agbetu (centro) é levado para fora após interromper missa em Londres
O manifestante Toyin Agbetu (centro) é levado para fora após interromper missa em Londres
A cerimônia foi interrompida no momento em que o arcebispo de Canterburry e o chefe da Igreja Anglicana, Rowan Williams, pediu um minuto de silêncio para relembrar os mortos pela escravidão, quando se ouviu um som de corneta tradicionalmente utilizado para advertir a presença de piratas de escravos.

Williams qualificou o tráfico de escravos como uma "ofensa à dignidade e à liberdade", e completou que esse erro histórico "foi a maior dor no espírito de Deus". Segundo o prelado protestante, a escravidão não foi um problema regional do passado, mas "algo que persiste nas nações e culturas" do mundo.

"Nós, que somos herdeiros do comércio de escravos do passado, temos que enfrentar o fato de que nossa prosperidade histórica foi construída à base dessa atrocidade", destacou Williams.

"Aqueles que herdaram as comunidades destroçadas pela escravidão sabem que o sofrimento do presente é resultado de séculos de abuso"

A missa foi transmitida ao vivo pela rede de TV BBC One e pela Rádio 4 da mesma emissora pública, que comemorava a Lei de Abolição do Comércio de Escravos, aprovada em março de 1807 pelo Parlamento de Londres.

Homenagem

Lady Kate Davson, a tataraneta de William Wilberforce, o responsável pela legislação e considerado o pai do movimento contra a escravidão, leu um documento que foi já lido pelo seu antepassado na Câmara dos Comuns.

A rainha deixou um buquê de flores no memorial de William Wilberforce e outro arranjo floral no Mausoléu das Vítimas Inocentes, que homenageia a todos aqueles que foram afetados pela escravidão.

Ao finalizar a missa, mais de dez sinos soaram da abadia mais de 200 vezes, para recordar o bicentenário histórico.

Linda Ali, da associação religiosa Sociedade Unida para a Propagação do Testamento, exortou Blair a pedir desculpas públicas pelo papel que os governos britânicos do passado desempenharam no comércio de escravos. "Não vejo porque é tão difícil para o primeiro-ministro pedir desculpas pelo que foi um crime contra a humanidade", declarou.

O vice-primeiro-ministro britânico, John Prescott, prevê inaugurar mais tarde uma fonte em memória ao movimento anti-escravidão no Victoria Tower gardens, em Londres.

Neste sábado (24), milhares de pessoas participaram de uma marcha em Londres liderada por Williams e pelo arcebispo de York, o doutor John Sentamu, que caminharam acorrentados para relembrar o sofrimento de milhões de escravos.

Especial
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