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01/04/2007
-
16h36
BRUNO LIMA
da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
Neste mês, um grupo de ex-combatentes argentinos apresentará à Justiça uma denúncia de 25 casos de soldados vítimas de tortura (um deles até a morte) praticada por seus superiores. A intenção é processar os próprios compatriotas por crimes contra a humanidade.
O grupo também busca que o governo abra o segredo de guerra sobre documentos da época revelando maus-tratos. "Os militares usaram conosco os mesmos métodos que tinham aprendido na repressão à subversão", conta o veterano Ernesto Alonso, 44.
Como Alonso, vários soldados de 18 anos, inexperientes e em pleno serviço militar obrigatório, foram enviados às ilhas. Hoje, os ex-combatentes recebem pensão de US$ 800. Há três anos, antes do governo Kirchner, eram US$ 400.
Entre 2 de abril e 14 de junho de 1982, segundo os números oficiais, 649 combatentes argentinos e 255 britânicos foram mortos durante a guerra, além de três civis das ilhas. Os suicídios de ex-combatentes, porém, elevam os números.
Pelas estimativas da South Atlantic Medal Association (associação de civis e militares britânicos que participaram da Guerra das Malvinas), ao menos 264 veteranos cometeram suicídio desde o fim do conflito.
Na Argentina, as associações estimam que o número de suicídios já tenha superado o dos 326 mortos em combates.
Na sexta-feira, o Banco Central argentino lançou uma emissão especial de moedas de dois pesos para homenagear os combatentes da guerra.
Na cidade argentina de Ushuaia, que se considera a capital das Ilhas Malvinas (e que também se autodenomina o "Fim do Mundo"), veteranos passarão a noite de hoje em claro para ver nascer o dia 2 de abril. Na vigília, relembrarão companheiros.
Há 25 anos, nesse mesmo dia, Juan Domingo Spinelli estava dentro de um navio, em direção às Malvinas. Hoje, aos 57 anos, o ex-soldado diz sonhar com o dia em que o Reino Unido entregará ao menos uma das duas grandes ilhas à Argentina.
Na praça de Ushuaia, batizada de Malvinas Argentinas --assim como o aeroporto da cidade, uma avenida, um bar e um posto de gasolina--, Sergio Javier Pecot, 44, que aos 19 anos foi feito prisioneiro de guerra dos ingleses, chora ao contar que se prepara para responder perguntas dos filhos, que estão crescendo. "Os militares nos obrigaram a silenciar tudo."
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Veteranos querem ação contra militares argentinos por tortura
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da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires
Neste mês, um grupo de ex-combatentes argentinos apresentará à Justiça uma denúncia de 25 casos de soldados vítimas de tortura (um deles até a morte) praticada por seus superiores. A intenção é processar os próprios compatriotas por crimes contra a humanidade.
O grupo também busca que o governo abra o segredo de guerra sobre documentos da época revelando maus-tratos. "Os militares usaram conosco os mesmos métodos que tinham aprendido na repressão à subversão", conta o veterano Ernesto Alonso, 44.
Como Alonso, vários soldados de 18 anos, inexperientes e em pleno serviço militar obrigatório, foram enviados às ilhas. Hoje, os ex-combatentes recebem pensão de US$ 800. Há três anos, antes do governo Kirchner, eram US$ 400.
Entre 2 de abril e 14 de junho de 1982, segundo os números oficiais, 649 combatentes argentinos e 255 britânicos foram mortos durante a guerra, além de três civis das ilhas. Os suicídios de ex-combatentes, porém, elevam os números.
Pelas estimativas da South Atlantic Medal Association (associação de civis e militares britânicos que participaram da Guerra das Malvinas), ao menos 264 veteranos cometeram suicídio desde o fim do conflito.
Na Argentina, as associações estimam que o número de suicídios já tenha superado o dos 326 mortos em combates.
Na sexta-feira, o Banco Central argentino lançou uma emissão especial de moedas de dois pesos para homenagear os combatentes da guerra.
Na cidade argentina de Ushuaia, que se considera a capital das Ilhas Malvinas (e que também se autodenomina o "Fim do Mundo"), veteranos passarão a noite de hoje em claro para ver nascer o dia 2 de abril. Na vigília, relembrarão companheiros.
Há 25 anos, nesse mesmo dia, Juan Domingo Spinelli estava dentro de um navio, em direção às Malvinas. Hoje, aos 57 anos, o ex-soldado diz sonhar com o dia em que o Reino Unido entregará ao menos uma das duas grandes ilhas à Argentina.
Na praça de Ushuaia, batizada de Malvinas Argentinas --assim como o aeroporto da cidade, uma avenida, um bar e um posto de gasolina--, Sergio Javier Pecot, 44, que aos 19 anos foi feito prisioneiro de guerra dos ingleses, chora ao contar que se prepara para responder perguntas dos filhos, que estão crescendo. "Os militares nos obrigaram a silenciar tudo."
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