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23/04/2007 - 15h12

Governo vence na Nigéria em eleição considerada fraudulenta

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da Efe, em Abuja

Umaru Yar'Adua, o candidato do partido governista da Nigéria, foi declarado nesta segunda-feira vencedor das eleições presidenciais ocorridas sábado (21) no país, consideradas não "confiáveis" por observadores internacionais e locais.

Yar'Adua, do Partido Democrático Popular (PDP), recebeu 24.638.063 votos, enquanto seu principal adversário, o ex-governante militar Muhammadu Buhari, do Partido de Todos os Povos da Nigéria (ANPP), obteve 6.605.299, segundo os resultados finais do pleito divulgados nesta segunda-feira pela comissão eleitoral.

O terceiro colocado foi o vice-presidente Atiku Abubakar, que rompeu com o presidente Olusegun Obasanjo por desavenças políticas e uniu-se ao opositor Congresso para a Ação (CA).

Nas eleições de sábado, Abubakar recebeu 2.637.848 de votos, de acordo com os dados divulgados em entrevista coletiva pelo presidente da Comissão Eleitoral Nacional Independente da Nigéria (Ceni), Maurice Iwu.

Os votos obtidos por Yar'Adua, 55, são suficientes para evitar o segundo turno, e, se não houver mudanças, o vencedor receberá, em 29 de maio, o poder das mãos de Obasanjo, que governa o país desde 1999.

No entanto, as eleições foram fortemente criticadas por quase todas as missões de observadores. "As eleições não podem ser consideradas confiáveis", afirmou o chefe da missão eleitoral da União Européia (UE), o holandês Max van den Berg.

Van den Berg disse estar "muito decepcionado", pois as eleições não estiveram "à altura das expectativas do povo nigeriano" e "ficaram muito abaixo dos padrões internacionais para eleições democráticas".

Em alguns Estados, o holandês disse que o pleito foi "provavelmente fraudado" e, em outros, acrescentou, foram vistos "resultados mágicos".

O deputado do Parlamento europeu se referia a pequenos distritos onde, aparentemente, mais eleitores compareceram às urnas que no estado mais povoado do país, Lagos.

"Má organização, falta de transparência, muitas irregularidades nos procedimentos e provas de fraude, particularmente durante a apuração", são alguns dos aspectos negativos do pleito destacados pela missão da UE, que enviou uma equipe de 150 observadores à Nigéria.

Resolução

O eurodeputado italiano Vittorio Agnoletto disse que espera obter uma resolução do Parlamento Europeu sobre as eleições nigerianas. Além disso, demonstrou preocupação com o fato de a comunidade internacional "não responder adequadamente, pelo fato de na Nigéria haver petróleo e enormes interesses econômicos".

Cerca de 61 milhões de nigerianos deveriam ter comparecido às urnas na terceira eleição consecutiva no país desde que a Nigéria começou a ensaiar uma democracia em 1999, após anos de governos militares.

Apesar disso, segundo dados da UE, a participação, que não foi divulgada pela Ceni, foi muito baixa. "Achamos que no sul e no sudeste, (o comparecimento às urnas) pode chegar a 10%. E onde mais pessoas votaram, a participação não passou de 40%", disse à Efe um membro da missão que preferiu não se identificar.

A missão de observação do americano Instituto Nacional Democrático (NDA) concluiu que o processo "falhou".

"Os problemas observados comprometem seriamente a integridade do processo", disse a líder da delegação americana, a ex-secretária de Estado Madeleine Albright, para quem não ficou claro se o resultado reflete a vontade do povo.

As eleições "são um passo atrás", segundo Albright, que pediu que as partes aptas usem todas as vias legais para recorrer do processo nas próximas cinco semanas.

O maior grupo local de observadores eleitorais, o Grupo de Monitores da Transição (TMG), pediu publicamente a anulação do pleito num comunicado que detalha "várias irregularidades", como casos de urnas preenchidas com votos e folhas de resultados escritas nas casas de "poderosos políticos".

"Pedimos à comunidade internacional que não reconheça estas eleições desacreditadas e não conceda legitimidade a qualquer Governo que surja delas", afirmou Innocent Chukwuma, presidente do TMG, que enviou 50 mil observadores a todo o país.

Mensagem

Por sua vez, Obasanjo, em mensagem pública, reconheceu que a votação teve algumas falhas e incentivou os partidos participantes a denunciarem as possíveis irregularidades nos tribunais, algo que os líderes da oposição já disseram que pretendem fazer.

Os Estados Unidos afirmaram que as eleições da Nigéria tiveram várias irregularidades, mas não pediram que o pleito fosse anulado.

Em declarações à imprensa, o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, afirmou que as eleições, "em alguns casos, estiveram cheias de irregularidades".

McCormack disse ter esperança de que os problemas detectados possam ser resolvidos de acordo com a Constituição nigeriana e de maneira pacífica.

Além disso, o porta-voz declarou que os EUA, apesar de sua opinião sobre o pleito, não pedem que as eleições sejam repetidas, como a oposição nigeriana reivindica.

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