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27/04/2007 - 07h46

Comissário que desmentiu chefe no caso Jean Charles deixa polícia

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da Efe, em Londres

Um comissário adjunto que desmentiu a versão do chefe da Scotland Yard, Ian Blair, sobre a morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, em 2005, anunciou sua retirada da polícia.

Brian Paddick, que é homossexual, afirmou que pretende escrever um livro com revelações sobre seus anos na Scotland Yard, informa nesta sexta-feira o jornal "The Guardian".

Ele enfrentou seus superiores ao pôr em xeque as afirmações de Ian Blair sobre a morte do brasileiro, abatido a tiros por engano pela polícia em 22 de julho de 2005, em uma operação antiterrorista.

O brasileiro, que trabalhava como eletricista, levou sete tiros na cabeça e um no ombro, todos à queima-roupa, em um vagão do metrô de Londres. Paddick informou à Comissão Independente de Queixas da Polícia que os funcionários, sob ordens de Ian Blair, tinham afirmado que temiam ter errado de alvo algumas horas depois da morte do brasileiro.

O comissário-chefe da polícia, porém, afirmou várias vezes que tanto ele quanto seus ajudantes só descobriram no dia seguinte que Jean Charles não era um terrorista.

Nas próximas semanas, a comissão deve publicar um relatório dizendo se Ian Blair disse ou não a verdade.

Após o choque direto com Blair, Paddick foi acusado de vazar informações a um jornalista da BBC, o que nunca foi provado. Em junho de 2006, ele foi transferido para um posto de menor responsabilidade, em um claro sinal de que não poderia esperar promoções.

Represália

Numa primeira reação, a advogada da família Menezes, Harriet Wistrich, disse à imprensa que Paddick tinha pago um preço por dizer o que pensava.

Paddick também foi atacado em outras ocasiões pela imprensa direitista. A sua atitude tolerante com as drogas, seu liberalismo e seu estilo de vida atraíram fortes críticas.

Os tablóides sensacionalistas britânicos criticaram Paddick por ter comandado uma operação em que a polícia se limitou a advertir alguns jovens com quem foram encontradas pequenas quantidades de maconha.

Ele foi acusado também por um ex-namorado de ter tolerado a droga quando os dois viviam juntos. Embora detestado por alguns de seus colegas da polícia, Paddick era muito popular no bairro londrino sob sua responsabilidade.

A decisão de se declarar homossexual serviu de estímulo para outros policiais gays, que até então não tinham coragem de assumir a homossexualidade em público.

Especial
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