Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
04/05/2007 - 19h59

Apesar de reunião histórica, Irã culpa EUA por violência no Iraque

Publicidade

da Folha Online

Apesar do comentado encontro entre diplomatas dos EUA e do Irã nesta sexta-feira no Egito, as hostilidades e desconfiança entre os dois países não deram mostras de diminuir. Em declarações que irritaram oficiais iraquianos, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, culpou os americanos pela violência no Iraque e disse que as forças dos EUA precisam se retirar do país.

Efe
O ministro de Relações Exteriores do Irã, Manucher Mottaki
O ministro de Relações Exteriores do Irã, Manucher Mottaki
O encontro e as declarações foram feitos hoje, no último dia de uma conferência internacional que visa discutir formas de estabilizar o Iraque, ocorrida em Sharm el Sheik, no Egito. A cúpula inclui representantes dos EUA, do Iraque, da Rússia, da China, do Irã e de países europeus e árabes.

O embaixador americano para o Iraque, Ryan C. Crocker, e um alto representante iraniano reuniram-se rapidamente. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, não dialogou com o ministro de Relações Exteriores iraniano, pondo fim a especulações neste sentido.

Além das críticas, Mottaki também exigiu dos EUA a libertação de cinco iranianos detidos no nordeste do Iraque por forças americanas em janeiro deste ano. A detenção foi classificada por ele de "flagrante violação de convenções internacionais". A prisão, além do programa nuclear iraniano e das acusações de financiamento da insurgência no Iraque são os pontos de maior tensão atualmente entre os EUA e o Irã.

Reação

O discurso de Mottaki irritou a delegação iraquiana, liderada pelo premiê, Nouri al Maliki, que buscou minimizar as tensões entre o Irã e os americanos.

AP
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice
Mottaki disse a delegados do Iraque que "a continuidade e aumento de atos terroristas no Iraque se originam das abordagens falhas adotadas pelas forças estrangeiras. Em nossa visão, a ocupação é a origem da crise, e os EUA devem aceitar sua responsabilidade em vez de acusar outros", completou.

O ministro e Rice acabaram não realizando um esperado encontro, decepcionando muitos no Egito. O governo iraquiano, que depende do apoio do Exército dos EUA, mas também mantém laços importantes com o Irã, pressionaram por um encontro entre Rice e Mottaki na cúpula.

"A oportunidade [para o encontro] não apareceu (...) eu teria aproveitado essa chance", afirmou Rice. Segundo ela, no entanto, representantes de ambos os países discutiram pontos de vista a respeito do principal ponto da reunião, que é "tornar o Iraque mais seguro".

Suspeita mútua

Segundo os EUA, Mottaki deixou a mesa onde jantava ao lado de diplomatas e de Rice, alegando que a violonista que se apresentava no local estava vestida de forma inadequada.

"Eu não sei de que mulher ele estava com medo, da violonista ou da secretária de Estado", ironizou o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack.

"Embora tal reunião não tenha ocorrido, o ministro iraquiano de Relações Exteriores, Hoshiyar Zebari, elogiou o diálogo entre representantes de menor escalão. "Acredito que seja um sinal positivo que ao menos isso tenha ocorrido. É um processo, precisa de mais tempo", disse.

De acordo com o ministro, há "muita desconfiança e suspeita" de ambas as partes. "Mas está dentro dos interesses do meu país empreender uma redução das tensões", acrescentou.

O ministro de Relações Exteriores egípcio, Ahmed Aboul Gheit, que foi o anfitrião da conferência de dois dias, também aprovou a reunião . "É o início de um processo", afirmou.

Um diálogo entre Rice e Mottaki seria o primeiro contato diplomático entre altos representantes do Irã e dos EUA desde 1979, ano em que ambos cortaram relações diplomáticas, após funcionários da Embaixada americana em Teerã serem feitos reféns.

Desde o ano passado, Washington vem recebendo recomendações, como as do Grupo de Estudos do Iraque (criado pelo Congresso americano), para iniciar um diálogo com o Irã e a Síria para resolver os problemas no Iraque.

Terror

Representantes iraquianos pediram nesta sexta-feira que seus países vizinhos impeçam a entrada de terroristas por meio de suas fronteiras. "Nós não permitiremos que organizações terroristas utilizem o solo iraquiano como território seguro", afirmou o premiê iraquiano na abertura da cúpula.

"É por isso que pedimos que nossos vizinhos detenham a infiltração de grupos terroristas no Iraque, e impeçam que eles obtenham apoio material, político e ideológico", acrescentou.

As conversas devem concentrar-se na questão da segurança nas fronteiras, nos refugiados iraquianos e na reconciliação política entre as diferentes facções do Iraque.

Ajuda financeira

No primeiro dia da conferência, a comunidade internacional aprovou o Contrato Internacional de Objetivos para o Iraque (ICI), um plano qüinqüenal de estabilização que prevê o fornecimento de US$ 30 bilhões ao país árabe, entre ajuda financeira e perdão de dívidas.

O ICI foi aprovado por unanimidade na conferência que reúne hoje e amanhã representantes dos EUA, do Iraque, da Rússia, da China, do Irã e de países europeus e árabes.

Elaborada em de julho de 2006 em uma iniciativa conjunta de Bagdá e da ONU (Organização das Nações Unidas), com o apoio do Banco Mundial, a iniciativa pretende melhorar a segurança e a economia do Iraque, abalado pela violência desde o início do conflito, em 2003.

Elaborada em de julho de 2006 em uma iniciativa conjunta de Bagdá e da ONU (Organização das Nações Unidas), com o apoio do Banco Mundial, a iniciativa pretende melhorar a segurança e a economia do Iraque, abalado pela violência desde o início do conflito, em 2003.

Com Associated Press, Efe e France Presse

Leia mais
  • Representantes dos EUA e do Irã reúnem-se em cúpula no Egito
  • Reunião sobre Iraque não mudará violência, dizem analistas
  • Iraque investiga suposta morte de líder da rede Al Qaeda
  • EUA e Irã sinalizam possibilidade de diálogo direto no Egito

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o Iraque
  • Leia o que já foi publicado sobre Condoleezza Rice
  • Leia o que já foi publicado sobre Iraque sob tutela
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página